Future-se: Barbarize-se

Imagem: Pixabay.

Por Elenira Vilela, para Desacato. info.

Socialismo ou Barbárie!

A célebre frase de Rosa de Luxemburgo sempre foi tão acertada e agora se realiza…

Vamos indo ao futuro que o capitalismo nos relegou e do qual até agora não conseguimos criar as condições para escapar. Sim, a “Ponte para o futuro” e o “Future-se” são projetos que de fato nos levam ao futuro. Erroneamente temos um imaginário de futuro como algo positivo, assim como ouvimos “evolução” pensamos em algo melhorando.

Mas o futuro relegado pelo capitalismo é a BARBÁRIE! A arte, mais esperta que o senso comum, mesmo a arte comercial e de massa, todo os dias nos explica o futuro e insistimos em cegar ou em ter fé de que aquele não é o futuro que a história nos reserva. Do que estou falando? De 1984, de Jogos Vorazes, de Waterworld, de 2001, de Laranja Mecânica, de Mad Max, de Blecaute, de Ensaio sobre a Cegueira, de Blade Runner, d’A Metamorfose e, de Walking Dead, de 300, de Game of Thrones, isso sem falar de músicas de David Bowie ou do Pink Floyd, do Nirvana ou de Tom Zé…

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O futuro é de fome, miséria, de exploração e nenhuma dignidade, de acumulação de fortunas gigantes para muito poucos e farta miséria à grande maioria, de falta d’água e destruição ambiental de misticismo e negação da racionalidade e da ciência, de fim das democracias parciais e burguesas,de nova Idade das Trevas, mesmo depois de todo o conhecimento que a humanidade desenvolveu e acumulou. O Capitalismo é destruição e não há saída nos marcos desta forma de produção.

O único freio histórico à miséria do Capitalismo foi a perspectiva de sua derrota completa de sua superação, quando parte da humanidade consciente e organizadamente compreendeu o que ele representava e deu belos passos na direção da sua superação, na criação de uma alternativa, de uma forma de produção não guiada pela exploração de quase todos e da natureza para a acumulação de alguns poucos.

As construções socialistas parciais do século XX, as experiências de mostrar outras possibilidades foram os únicos mecanismos de freio na exploração, de permitir ou exigir que a exploração diminuísse seu ritmo, que a morte fosse freiada, que o Estado dividisse seu poder em benefício da classe proprietária e exploradora com a população explorada, lhe cedesse alguns direitos para que parecesse que não seria necessário derrotar o sistema, mas apenas seria necessário e era possível humanizá-lo.

Essas construções foram em sua grande maioria derrotadas pela forte oposição capitalista e pelos erros cometidos em seu interior. Mas a história não acabou! Estudar as experiências para compreender os motivos de suas vitórias e derrotas, compreender o estágio atual do capitalismo e sua forma de reprodução, entender que a sua crise exige saídas autoritárias e fanáticas para permitir aumentar a exploração só serão paradas se voltarmos a construir sua superação. A radicalidade da exploração do capital só poderá ser superada pela radicalidade de seu extermínio.

Rosa tinha razão e nossos algozes nunca foram tão sinceros. Eles nos levam para o futuro. Mas nós construiremos outro futuro. Eles temem e demonizam os comunistas e tem razão! Somente os comunistas podem mostrar aos trabalhadores e trabalhadoras que tudo já nos pertence porque tudo foi por nós produzido. E somente nós podemos construir a derrota definitiva da miséria do capital.

Mas não sejamos utopistas, a superação do capitalismo é uma necessidade, não uma determinação histórica. Nenhum deus fará o que somente nós podemos fazer. Construir a superação do capitalismo é trabalho longo e árduo. Defender os direitos e melhorar as condições de vida da classe é um passo (com fome a classe luta apenas para permanecer vivo, a luta anti capitalista é por vida com dignidade e humanidade), há que organizar a classe, desenvolver a consciência de classe para si, nos prepararmos para mais uma vez travar a guerra pela vida é demorado e tem que sempre estar sendo feito.

A barbárie está aí, atingindo cada dia mais pessoas, mais a vida no planeta. A fome, a opressão, a negação da racionalidade, a volta de consensos que pareciam superados (quando anéis vinham  sendo entregues para que o capitalismo permanecesse) não serão enfrentados com rezas ou enfrentamentos pontuais. Precisamos falar de revolução, mas organizando a luta concreta. Não é o discurso que constrói a revolução. Há pessoas e organizações que falam o tempo todo em revolução, mas frequentemente atrapalham a organização, zombam das condições de vida do povo ou mesmo comemoram suas perdas. Não é disso que se trata. Ou os que acham que são os donos e visionários da verdade revolucionária e nem se ligam à classe, nem contribuem um único dedo com a revolução real, da luta de classes de todos os dias, que muda a vida real mas não se dirige apenas pragmaticamente ao amanhã.

Não, não há absolutamente nada de novo no que escrevo. Mas pergunto: o que você fez pela revolução ontem e o que fará amanhã? É preciso estar na luta e debater e organizar, desmistificar idealismos, estudar e compreender a realidade concreta. Organizar nossa classe não é como organizar a burguesia, eles são poucos e tem todo o sistema a seu favor. A nosso favor temos quensomos muitos e temos a vida ao nosso lado. Mas não se enfrenta o capitalismo de peito aberto e com idealismos. O sistema entra em contradições todos os dias, os pequenos vazamentos a partir dos quais vamos aumentar e criar fendas até a represa toda se romper e o capitalismo inteiro ruir. Ou todas e todos nós faremos de maneira organizada e consciente, com estratégia e muita luta ou não vai acontecer.

Trabalhadores e trabalhadoras de todo o mundo, uni-vos na revolução! Porque nossa vida será Socialismo ou barbárie!

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Imagem de arquivo

Elenira Vilela é professora e sindicalista.

 

 

 

 

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