Frente em Defesa do Povo Palestino envia carta ao deputado Jean Wyllys

Jean Wyllys na Universidade Hebraica de Jerusalém. Facebook.
Jean Wyllys na Universidade Hebraica de Jerusalém. Facebook.

Querido companheiro Jean Wyllys,

É com surpresa que tomamos conhecimento de sua ida à Universidade Hebraica de Jerusalém para participar de palestra sobre temas como homofobia, antissemitismo e diversidade. Ao aceitar esse convite, infelizmente, você se coloca na contracorrente da campanha global de BDS (boicote, desinvestimento e sanções) a Israel, a qual tem a adesão inclusive do PSOL, sempre atuante na solidariedade ao povo palestino e denúncia da ocupação.

Lembramos que a campanha atende a chamado da sociedade civil palestina feito em 2005 e é a principal ação em solidariedade ao povo palestino na atualidade. A campanha não é de boicote a indivíduos, mas contra os vínculos institucionais e a cumplicidade com os crimes israelenses. Conta, inclusive, com apoio de israelenses e professores da Universidade Hebraica de Jerusalém. Suas demandas são pelo fim da ocupação, derrubada do muro do apartheid, direitos iguais aos palestinos e cumprimento do legítimo direito de retorno às terras de onde vêm sendo expulsos há mais de 67 anos – ou seja desde a criação do Estado de Israel em 1948, a nakba (catástrofe palestina).

A tática de Israel de convidar personalidades e autoridades a participarem de palestras em suas instituições acadêmicas – cujo histórico de cumplicidade com a ocupação é amplamente comprovado – objetiva transmitir ao mundo a ideia de normalidade, enquanto mantém o apartheid, a colonização e ocupação de terras palestinas.

Um dos instrumentos que Israel utiliza nesse sentido é o chamado pinkwashing. Como explica Gabriel Semerene em artigo de sua autoria intitulado “Israel lava mais rosa” (leia na íntegra após essa carta), o termo significa “lavar de rosa” a imagem de Israel. “Essa lavagem, em linha com o mito autoproclamado de ‘única democracia do Oriente Médio’, retrata o país como um ‘paraíso LGBT’. Ela também tem a vantagem de reafirmar um imaginário orientalista, no qual todas sociedades árabes e/ou muçulmanas seriam retrógradas e tirânicas. Apesar do apartheid e da ocupação colonial promovidos por Israel, o pinkwashing permite ao país promover-se como um porto seguro LGBT em meio à barbárie, um bastião de valores liberais ocidentais num ‘oceano de tirania’.” Semerene explica ainda que “a ocupação colonial da Palestina e o apartheid implantado pelo Estado de Israel afetam igualmente pessoas LGBT palestinas, que não são um grupo social à parte. Têm familiares, amigos e parceiros discriminados, encarcerados e assassinados por Israel, e são elas mesmas visadas pela ocupação.” Dessa forma, Israel sequestra a justa causa contra a homofobia para justificar seus crimes contra a humanidade. Jean Wyllys, ao aceitar o convite, lamentavelmente você cai nessa armadilha e contribui para isso.

As instituições acadêmicas de Israel têm histórico de cumplicidade com a colonização e ocupação de terras palestinas. A Universidade Hebraica de Jerusalém não só não é exceção, como tem campus construído em área da qual palestinos foram expulsos em 1968 – franca violação à IV Convenção de Genebra.

Na lógica da ocupação, a Universidade Hebraica de Jerusalém restringe a liberdade de expressão e manifestação a estudantes palestinos e destina-lhes tratamento desigual, incluindo aos que têm cidadania israelense. Não fornece ensino aos residentes em Jerusalém e áreas próximas ou cursos em árabe. Proíbe atividades que relembrem massacres, como os mais recentes em Gaza. Em compensação, oferece benefícios a militares israelenses que participaram dessas operações.

Além disso, essa universidade participa do Comitê de Supervisão e Promoção de estudantes e pessoal da Universidade de Ariel, construída na área em que está instalado o assentamento ilegal de Ariel, o maior de todos. Reconhece graus acadêmicos obtidos por essa instituição, mas não os pela Universidade Al-Quds, situada nas proximidades.
As instituições acadêmicas israelenses produzem em seus campi pesquisas militares e testam tecnologias bélicas ali desenvolvidas. A serviço da limpeza étnica do povo palestino e da ocupação, essas tecnologias são posteriormente testadas sobre os palestinos – como se pode observar nos recentes ataques a Gaza, que resultaram em 2.200 mortos, dos quais mais de 500 crianças – e apresentadas ao mundo.
Vimos em um post em sua página que você desconhece a história e a ocupação, por não ter tomado contato com os palestinos que vivem sob ocupação racista há mais de 67 anos. Embora em outros momentos já tenhamos entrado em contato contigo para falar de Palestina – e você tenha se pronunciado contra o genocídio em Gaza em 2014 –, por seu relato de viagem, também constatamos que não conhece a fundo a campanha de BDS a Israel. Você afirmou ser contra o boicote, então, vale o questionamento: “Você se oporia ao boicote ao apartheid na África do Sul, que foi decisivo para derrubar o regime de segregação de negros no país?” A campanha de BDS se baseia nessa ação e é legítima. Estamos à disposição para um encontro assim que retornar, em que podemos apresentar-lhe com detalhes a campanha.
Além disso, reiteramos convite feito por palestinos de que aproveite sua ida para conhecer a realidade da ocupação, colonização e apartheid. Ao conhecer a realidade, estamos certos que se engajará na campanha de BDS a Israel.
Os parlamentares do PSOL sempre apoiaram a causa palestina e a campanha de BDS. É muito importante para nossa luta que continuemos com sua importante presença.

Cordialmente,
Frente em Defesa do Povo Palestino

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Israel lava mais rosa

Como a propaganda sionista sequestra a causa LGBTQ para dissimular suas violações de direitos humanos, a ocupação e o massacre do povo palestino.

Por Gabriel Semerene, de Paris.

No dia 11 de julho de 2014, quando o ataque militar israelense sobre Gaza – a chamada operação Margem Protetora – chegava ao seu quarto dia e à sua primeira centena de vítimas, o serviço de notícias Democracy Now organizou um debate entre o representante israelense Joshua Hartman e a acadêmica Noura Erakat.

Erakat condenou a ofensiva israelense e apontou para os problemas estruturais por trás dela. Enquanto isso, Joshua Hartman tentou justificar a operação com o argumento de que o Hamas, partido político que governa Gaza, “não permitiria que uma mulher jovem, liberal e laica” como Erakat expressasse suas opiniões. Hartman também defendeu que o Hamas não permitiria que gays “expressassem sua sexualidade livremente”.

Este tipo de mobilização de questões de gênero e de sexualidade para justificar crimes de guerra, a ocupação colonial e o massacre de populações civis está longe de ter brotado espontaneamente na mente de Hartman ao longo do debate. Pelo contrário, esta estratégia faz parte de uma política declarada da propaganda israelense denunciada sob o nome de pinkwashing.

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Noura Erakat reage aos comentários racistas e sexistas de Joshua Hartman.

Pinkwashing significa “lavar de rosa” a imagem de Israel. Essa lavagem, em linha com o mito autoproclamado de “única democracia do Oriente Médio”, retrata o país como um “paraíso LGBT”. Ela também tem a vantagem de reafirmar um imaginário orientalista, no qual todas sociedades árabes e/ou muçulmanas seriam retrógradas e tirânicas. Apesar do apartheid e da ocupação colonial promovidos por Israel, o pinkwashing permite ao país promover-se como um porto seguro LGBT em meio à barbárie, um bastião de valores liberais ocidentais num “oceano de tirania”.

No entanto, a ocupação colonial da Palestina e o apartheid implantado pelo Estado de Israel afetam igualmente pessoas LGBT palestinas, que não são um grupo social à parte. Têm familiares, amigxs e parceirxs discriminadxs, encarceradxs e assassinadxs por Israel, e são elas mesmas visadas pela ocupação.

Esquece-se que todas as sociedades são dinâmicas e complexas; que as relações de poder envolvendo gênero e sexualidade são também dinâmicas e complexas, e não podem de forma alguma servir de justificativa para a opressão de um povo.

Pink Money

Ainda assim, a propaganda israelense parece ser bastante eficaz entre pessoas LGBT, especialmente homens gays da Europa e da América do Norte. Tel Aviv é atualmente um dos maiores destinos turísticos gays do mundo: o pinkwashing traz o pink money. Durante este verão do hemisfério norte, enquanto o exército israelense bombardeia a população sitiada da faixa de Gaza (inclusive a população queer palestina, pois os mísseis não têm gaydar), milhares de turistas gays do mundo todo se divertem nas boates de Tel Aviv. Sob as caixas de som que reverberam o último hit de Lady Gaga, é impossível ouvir os gritos de agonia das crianças palestinas.

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Propaganda do exército israelense: “O melhor exército do Oriente Médio não discrimina homens e mulheres homossexuais – Liberais de verdade amam Israel”

 A opressão patriarcal e heteronormativa é, como em todas as sociedades contemporâneas, um fato concreto nas sociedades palestina e árabes em geral, ao que se acrescenta um quadro legal muitas vezes desfavorável. De fato, quando a Europa exportou o Estado-nação moderno para o Oriente Médio, exportou igualmente códigos civis que condenavam as relações entre pessoas de mesmo sexo. Se, nas ex-metrópoles coloniais europeias, as leis criminalizando relações homossexuais foram abolidas entre as décadas de 1970 e 1980, em países como o Líbano, a Síria e o Egito, os artigos sancionando práticas sexuais “contra a natureza” são uma herança colonial. Vale frisar que nos Territórios Palestinos, com a exceção de Gaza, as práticas sexuais entre pessoas do mesmo sexo foram legalizadas em 1951.

Entretanto – e apesar da propaganda israelense tentar convencer do contrário –, as pessoas não-heterossexuais e/ou não-conforme às normas de gênero palestinas não necessitam de intervenção externa (e certamente não daquela vinda de uma ocupação colonial) para organizar sua luta. Um exemplo é a associação alQaws (o arco-íris, em árabe), que articula a luta contra a ocupação e o apartheid com a luta contra a homofobia, que é vivida por palestinxs tanto do lado israelense quanto do lado palestino.

Haneen Maikey, militante da alQaws, denuncia categoricamente a política de pinkwashing do Estado de Israel. Em entrevista a International Viewpoint, ela afirmou que o país faz “uso cínico dos direitos gays relativamente progressistas em Israel para divergir a atenção internacional de suas violações dos direitos humanos e da ocupação”.

Diversos grupos militantes LGBTQ pelo mundo reagem ao ver sua luta cooptada a fim de acobertar violações de direitos humanos e a colonização. A associação Pinkwatching Israel é um movimento global de denúncia do pinkwashing e de combate queer contra os crimes do Estado israelense. O grupo Palestinian Queers for BDS defende a campanha de Boicote, Desinvestimento e Sanções como forma de pressionar Israel a adequar-se ao direito internacional. O BDS, que conta também com uma antena brasileira, é um movimento cada vez maior na Europa, América do Norte e até mesmo em Israel.

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Grafite em Ramallah, Palestina: “Queers passaram por aqui”

Há inúmeras formas de solidarizar-se com as lutas de pessoas LGBTQ na Palestina. É necessário, no entanto, ter consciência de que a solidariedade internacional não pode ser confundida com imperialismo, nem com a hierarquização de sociedades baseada num parâmetro supostamente “civilizacional”, como os direitos de pessoas LGBTQ. Cada sociedade tem suas próprias dinâmicas internas, e a solidariedade internacional LGBTQ só é legítima quando isso é levado em conta.

Sobre tudo, é necessário lembrar que, numa situação onde o opressor e o oprimido são claramente definidos, devemos apoiar o oprimido. Dizer não ao massacre do povo palestino, não à ocupação da Palestina, não ao apartheid, não ao pinkwashing; boicotar, agir, manifestar. Porque a liberação das pessoas LGBTQ passa por todo tipo de descolonização.

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Quem você gostaria de convidar para o seu casamento?
( ) Os vizinhos de Israel: No Irã, a homossexualidade é punível com morte. Não existe parada gay no Egito, Jordânia ou Gaza. A homossexualidade é ilegal na Síria.
( ) Israel: Casais do mesmo sexo podem adotar crianças, pessoas gays servem abertamente no serviço militar e no governo, mais de 10.000 pessoas participam da parada gay de Tel Aviv. 

 Gabriel Semerene milita pela liberação do povo palestino e pela liberação de todxs das amarras do patriarcado, da heteronormatividade, do imperialismo e do colonialismo

Fontes: https://www.facebook.com/permalink.php?story_fbid=1632813686982331&id=1495674880696213http://revistageni.org/08/israel-lava-mais-rosa/

1 COMENTÁRIO

  1. Waldo Mermelstein
    15 h ·
    Escrevi um longo post no facebook do deputado Jean Wyllys a respeito de sua viagem a Israel e principalmente ao post que fez de Jerusalém. Coloco meu post e a referência ao dele:
    ____________________
    Prezado Jean Wyllys, hoje à noite companheiros de longa data me chamaram a atenção para seu post. Li com atenção o que você escreveu, além de boa parte das respostas que ele ensejou. Vi também que foi a convite de um amigo meu de longa data, o James Green, que foi militante da mesma organização socialista que eu e um dos iniciadores na esquerda do combate pelos direitos dos homossexuais, há décadas.
    Sou um antigo militante da esquerda, meus pais eram judeus, eu cheguei a ser sionista na adolescência e rompi com o sionismo após ter passado um ano em Israel. Por essa razão original, sigo acompanhando o tema com muito interesse e me desculpo pela extensão deste post, mas pela intensidade do debate acho que é compreensível, mesmo não abordando os temas com a profundidade que mereceria, mas que o bom senso não permite neste espaço.
    Naturalmente, não tenho acordo com o que você escreve, acho que algumas das coisas que irei colocar já o foram, talvez com mais propriedade por várias pessoas.
    Em primeiro lugar, o tema não é entre judeus e árabes, mas entre o estado sionista e os que o apoiam e a população nativa que ali habitava há centenas de anos. Infelizmente, a esmagadora maioria da população judaica de Israel apoia os aspectos essenciais em que se baseia o estado de Israel. Não é possível se referir à situação atual sem relatar e compreender o que aconteceu em 1948, quando as Nações Unidas dividiram a região CONTRA a vontade da maioria da população e os sionistas aproveitaram a chance histórica para expulsar 80% da população palestina e desde então Israel tem continuado essa obra. Israel se estabeleceu como um estado judaico e democrático, um oxímoro. Sugiro que faça um pequeno teste: sem falar sobre mais nada, proponha aos que estão lhe recebendo ou às ONGs que você mencionou que Israel comece se definindo como um estado de todos os seus habitantes, como o Brasil o é, com todas as suas desigualdades sociais. Essa pode ser uma lição útil para você ver que não está perante um estado como os demais, mas frente a um estado que é legalmente racista, a começar pela sua definição e suas infinitas leis racistas. Não estou me referindo ainda aos territórios ocupados, mas às fronteiras de 1948.
    Em segundo lugar, a ideia de dois estados, independentemente de sua justiça, foi destruída pelas décadas de ocupação e colonização. Por isso, uma saída sem banho de sangue que a você e a todos seduz teria que ter como base a restituição da justiça, dos direitos espoliados dos palestinos para que pudesse haver a convivência pacífica. E a base para isso é o direito internacional dos refugiados e seus descendentes que foram expulsos em 1947-8. Sei que há várias versões sobre o fato, mas a boa historiografia palestina já foi confirmada quando da abertura dos arquivos do estado de Israel e mostra que houve uma houve uma política consciente e planejada de expulsão. Mas mesmo que isso não fosse verdadeiro, o direito de retorno dos refugiados é inalienável. Basta ver tudo o que diz o direito internacional e as próprias resoluções da ONU da época, nunca revogadas. Então pergunte aos seus anfitriões tão democráticos se eles estão dispostos a aceitar esse direito, no marco dos dois estados que propõem. Não quero fazer nenhum jogo, sei perfeitamente o que irão lhe responder.
    Em terceiro lugar, e talvez o mais importante: siga o exemplo do Caetano, vá até à Cisjordânia, conheça as aldeias ameaçadas permanentemente pelos colonos e pelo exército de ocupação. As conclusões a que você chegará como parlamentar de esquerda e ativista social (não nesta ordem) serão bem distintas das que você coloca no seu post. Aliás, não por acaso, boa parte de seus eleitores possuem uma posição bem distinta do que você expressou no post e por razões bem fundadas.
    Voltando ao começo do meu post: não é verdade que o movimento de solidariedade aos palestinos se baseie no antissemitismo. A carta do antissemitismo é uma das maiores mentiras divulgadas pelo movimento sionista. É bom saber que os sionistas nada fizeram para lutar contra o antissemitismo quando ele era importante. Em vez de se unirem aos movimentos sociais para lutar contra o antissemitismo preferiram aderir à ideia de colonizar a Palestina e negociar com todos os poderes opressores, a começar pelo Czar de toda a Rússia, onde viviam 80% dos judeus à época (início do século XX). Há uma mais uma mancha na história dos sionistas que é o acordo de transferência de bens e pessoas para a Palestina, feito com Hitler em 1933, no momento em que a esquerda no continente tentava organizar um boicote à Alemanha. Digo isso porque como descendente de uma família que se perdeu nos campos de concentração e nas câmaras de gás me repugna a utilização falsa desse fato monstruoso. Prefiro a inteireza moral de muitos sobreviventes que sempre disseram que justamente por terem sofrido e presenciado o horror não podem ser cúmplices em uma política racista.
    Por fim, você compara o BDS com o boicote americano a Cuba. Pare para pensar e verá que a comparação é descabida: o boicote a Cuba é pelo fato da pequena ilha ter desafiado o poder imperial. O BDS é a arma dos é a arma dos palestinos oprimidos pelo poder do estado sionista e estimula a mínima solidariedade para que os cidadãos judeus de Israel percebam que o mundo não tolera regimes como o do apartheid. Você estaria contra o boicote ao regime racista dos boers? Certamente não! A luta era para que houvesse mínimos direitos iguais entre todos os que lá habitavam. O boicote levou décadas, mas ajudou muito a que o regime caísse. Leve em conta que há várias organizações sociais na Europa e nos EUA que já aderiram ao boicote e que este é um instrumento legítimo de luta.
    Não espero que concorde com o que escrevi rapidamente, mas pelo menos vá conversar, conhecer o lado dos milhões nos territórios ocupados. Foi a visão dos operários que trabalhavam em Israel e voltavam para Gaza em 1970, em um ônibus cheio deles em minha volta ao kibutz em que trabalhava que me empurrou decididamente a romper com o sionismo, mais do que todos os livros que li!

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