Fraude na Bolívia foi da OEA, que fomentou o golpe contra Evo Morales


Com informações do New York Times e Russia Today.- Jornais hegemônicos como o New York Times (NYT) tiveram de reconhecer o erro crasso de reproduzir a avaliação negativa da Organização de Estados Americanos (OEA) sobre as eleições de outubro de 2019 na Bolívia, que davam a Evo Morales o quarto mandato presidencial. A OEA acusou o governo de manipular os resultados, mas mais uma reavaliação indica que quem manipulou dados foi a missão de observação eleitoral da entidade.

O cientista politico e jornalista Juan Manuel Karg nota, em artigo para a Russia Today (RT), que a maior demanda por esclarecimento é posta ao secretário-geral da OEA, Luis Almagro. Com base num relatório agora reconhecidamente manipulado, a oposição de direita, da elite minoritária e reacionária, provocou o caos nas ruas e o motim no exército e na polícia, levando o presidente Evo Morales a deixar o cargo em novembro e, ameaçado, partir para o México. Assumiu o posto, então, a senadora Jeanine Áñez.

De acordo com o NYT, em matéria de 7 de junho, a reavaliação do relatório é fundamentada por um estudo de pesquisadores estadunidenses que taxa de inadequado o método estatístico usado no documento da OEA, que permitiu a manipulação dos dados recolhidos. Mesmo que tenha havido irregularidades nas eleições, como seguem afirmando os responsáveis pelo estudo, não se saberia confirmar quais e que impacto tiveram. Além disso, foram as declarações precipitadas e falaciosas sustentadas nos dados estatísticos viciados que fomentaram o golpe na Bolívia.

Citado pelo NYT, o economista Francisco Rodríguez, professor de Estudos Latino-Americanos na Universidade de Tulane, disse que quando corrigidos os problemas com os métodos da OEA em seu relatório sobre a Bolívia, “não restou evidência estatística de fraude”. O novo estudo corrobora outro divulgado em fevereiro do MIT (sigla em inglês do Instituto de Tecnologia de Massachusetts), cuja conclusão era a de que foi “altamente provável” que Evo Morales tivesse vencido a eleição por uma diferença superior a 10% em relação ao segundo candidato, Carlos Mesa. “Não parece haver diferença estatisticamente significante na margem antes e depois da suspensão da votação preliminar”, dizem os pesquisadores do MIT.

Ponderando esta que resume a principal acusação de fraude eleitoral, Karg nota, como outros fizeram à época das eleições, que os votos das zonas rurais são usualmente os últimos a serem contabilizados e são também em geral destinados ao MAS de Evo Morales. “É por isso que não houve quebra de tendência: a mesma tendência existia em todas as eleições anteriores, sejam elas presidenciais ou legislativas. A votação em Morales foi aprofundada com a carga final desses votos”, diz o jornalista.

Counting votes in La Paz in October 2019.

Entretanto, continua Karg, “é tarde, porque o golpe foi consumado” e está em vigor um suposto “governo transitório” que atua como governo de fato, “chefiado pela senadora Jeanine Añez, que se proclamava primeira presidenta do Senado e depois presidenta da Bolívia.”

“O novo governo autoritário foi aberto com dois massacres: Senkata, em El Alto, e Sacaba, em Cochabamba”, investigados pela Corte Interamericana de Direitos Humanos. “Além disso, houve um novo alinhamento incondicional com o governo dos EUA, por meio das agências que Evo Morales expulsou do país, como a USAID [Agência dos EUA para o Desenvolvimento Internacional]. E o ex-presidente no exílio, junto com mais de 200 funcionários que também se refugiaram em diferentes países e embaixadas para preservar suas vidas,” pontua Karg.

Estão previstas, mas não garantidas, para 6 de setembro, as novas eleições presidenciais.  Buscando evitar o retorno do MAS ao governo, Luis Fernando Camacho, de Santa Cruz, um dos autores materiais do golpe, pede o adiamento”, nota o jornalista. O candidato do MAS é Luis Arce Catacora, ex-ministro da Economia de Morales. Karg lembra que Camacho invadiu o Palácio Quemado com uma Bíblia enquanto Morales ainda estava na Bolívia, um crime. E mais uma vez, fica evidente em que tipo de “oposições” os EUA e suas instituições ingerencistas apostam suas fichas para derrubar governos insubmissos.

É notável o reconhecimento da fraude da OEA em seu relatório pela mídia estadunidense, que ajudou a disseminá-lo, como ressalta o editor do portal The Intercept Glenn Greenwald. Que se reitere que esta é a natureza da OEA, nas palavras do ex-chanceler cubano Raúl Roa García, o “ministério das colônias” dos Estados Unidos.

 

 

 

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