Festival em São Paulo exibe gratuitamente artistas que sofreram censura

Promovido pela prefeitura da capital, o “Verão Sem Censura” tem extensa programação e vai até 31 de janeiro

Imagem: Reprodução

A censura às artes, habitual de governos e períodos autoritários, têm se normalizado na gestão de Jair Bolsonaro (sem partido). São diversas as atividades culturais que foram impedidas de serem expostas ao público, de peças teatrais à concertos musicais.

São essas expressões que integram o Festival Verão Sem Censura, organizado pela Prefeitura de São Paulo, de 17 a 31 de janeiro, com atividades gratuitas.

O evento teve início nesta sexta-feira, 17, com os shows de Arnaldo Antunes (que teve seu videoclipe sobre milícias censurado na TV Brasil) e do DJ Rennan da Penha, preso em abril do ano passado, por associação ao tráfico – segundo artistas e ativistas, a prisão do DJ foi uma ação de repressão aos bailes funk do Rio de Janeiro.

Serão mais de 40 atrações até o final do mês. Neste domingo, o teatro ganha destaque na programação.

Programação

Na Vila Itororó, espaço próximo à região central da cidade que sofre tentativas de reintegração de posse, será apresentado (domingo, às 15h) o espetáculo “Blitz, o Império que Nunca Dorme”, da Trupe Olho da Rua. A peça, que critica ações policiais, foi interrompida por agentes de segurança e os atores impedidos de se apresentar.

Outro espetáculo que acontece neste domingo (às 19h, no Centro Cultural São Paulo) é “Caranguejo Overdrive”, peça reverenciada pela crítica, mas impedida de ser exibida no Centro Cultural Banco do Brasil do Rio de Janeiro, em outubro do ano passado.

A peça conta a história de Cosme, ex-catador de caranguejos no mangue carioca, à época da Guerra do Paraguai, que é convocado para a integrar as forças brasileiras durante o confronto, mas enlouquece e passa por uma grande transformação.

SP x Governo Federal

O secretário de Cultura de São Paulo, Alê Youssef tem afirmado em entrevistas que o evento não é uma resposta ao governo federal. Segundo o secretário, a ideia é explicar o período de censura das artes, clamando por uma pluralidade da cultura no país.

Um dos maiores expoentes dessa repressão governamental às artes é o ex secretário de Cultura, Roberto Alvim – demitido nesta sexta, 17, após a publicação de um vídeo onde fazia reprodução do discurso nazista de Joseph Goebbels, ao anunciar o lançamento de um novo programa de editais de cultura.

Mesmo tendo permanecido menos de três meses à frente da pasta, Alvim deixou legado de editais excludentes, perseguição a “artistas de esquerda” e nomeações esdrúxulas, entre outras medidas.

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