Fábrica sob gestão dos trabalhadores tem energia cortada desde 30 de março

Por Silvia Agostini Pereira para Desacato.info

Desde o dia 30 de março, a Companhia Paulista e Força e Luz (CPFL) cortou a transmissão de energia da Fábrica Ocupada Flaskô, que produz bombonas plásticas, em Sumaré, que está sob o controle operário desde junho de 2003. A justificativa da Companhia em cortar a energia é uma dívida de R$ 600 mil, herdada da administração patronal e cuja renegociação já soma R$1,5 milhão. Os trabalhadores tentam negociar em parcelas desde agosto do ano passado, porém sem comunicar a negativa do parcelamento a empresa cortou a luz requerendo o pagamento à vista em 4 dias. .

Uma forte campanha da comunidade e de apoiadores contabilizadas em mais de 70 entidades sindicais e sociais em defesa da fábrica, dos empregos e do ganha pão de cada operário conseguiu a realização de audiência pública na Câmara de Vereadores do município, a qual garantiu a realização de uma reunião com a CPFL na próxima segunda-feira, dia 24. A reunião também vai contar com participação de parlamentares de Campinas e de Sumaré. Outra audiência pública acontece na Câmara de Campinas também dia 24.

Foto de Adriano de Abreu
Foto de Adriano de Abreu

Desde que assumiram o controle da empresa, que é gerida por meio de um Conselho de Fábrica eleito, os trabalhadores conseguiram reduzir a jornada de trabalho, aumentar os salários e direitos, assim como construíram com a comunidade local a Vila operária e Popular. Apesar de todas melhorias, a manutenção dos empregos é a maior luta que os trabalhadores enfrentam por conta das dívidas deixadas pelos patrões que também geram leilões do maquinário já antigo.

De acordo com Pedro Alem Santinho, coordenador eleito do Conselho de Fábrica, esse é segundo maior corte em contagem de tempo nos últimos 14 anos e o prejuízo contabilizado até o momento foi de mais de R$ 500 mil, mas somam-se aí as consequências futuras de rompimento com outros compradores. Tendo em vista a crise econômica do país, os salários dos trabalhadores já estavam atrasados e agora contam 44 dias de atraso. “O impacto é incontável na vida de cada um de nós”, enfatiza Pedro.

Desde que assumiram o controle da fábrica, os trabalhadores lutam pela estatização da empresa para garantir os empregos, que hoje somam 67. Foram muitas as negociações com os governos Lula e Dilma e desde 2012 tramita no Senado Federal o projeto de lei 257/2012, do senador Eduardo Suplicy, que dá á Flaskô a declaração de interesse social. O projeto foi aprovado por unanimidade na Comissão de Direitos Humanos em 2013.

Conheça um pouco da história, aqui: http://www.fabricasocupadas.org.br/site/

 

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