“Eu amo Israel”, diz Bolsonaro a Netanyahu e cria missão comercial em Jerusalém

Lisonja e admiração sobraram no encontro dos dois líderes, que serve de empurrão eleitoral ao primeiro-ministro israelense e deve criar problemas diplomáticos e económicos ao presidente brasileiro.

Por Clara Barata.

A diplomacia brasileira abriu uma missão de negócios em Jerusalém, sugerindo que será parte da “nova embaixada” do Brasil naquela cidade disputada entre palestinos e israelenses, no primeiro dia da visita do presidente Jair Bolsonaro a Israel.

Para o primeiro-ministro Benjamin Netanyahu, que se submete a umas legislativas antecipadas a 9 de abril, num momento em que é acusado em vários casos de corrupção, a visita de Netanyahu, que lhe chamou “irmão” em hebraico” é um reforço eleitoral.

A diplomacia dos tempos de Bolsonaro pretende fazer um alinhamento automático com a dos Estados Unidos de Donald Trump – daí ter anunciado a intenção de mudar a embaixada para Jerusalém, que os EUA reconheceram como a capital de Israel, ao arrepio do direito internacional, que lhe atribui o estatuto de cidade dividida. Esta posição deverá trazer dissabores económicos ao Brasil – pois exporta por exemplo carne para vários países muçulmana, e tem uma representativa percentagem população de origem árabe.

“Meu amigo, Presidente, estamos a fazer história juntos”, afirmou Netanyahu, na cerimónia à chegada de Bolsonaro, prometendo que assinariam vários acordos, incluindo na área da segurança, diz o jornal israelense Ha’aretz. “Eu amo Israel”, declarou o presidente brasileiro, em hebraico, ao lado de Netanyahu, relata a reportagem da Folha de São Paulo. Esta foi apenas a quinta vez em dez anos que o primeiro-ministro israelense foi receber chefes de Estado ao aeroporto Ben Gurion, relata o jornal brasileiro – Bolsonaro teve uma honra realmente especial.

Os dois líderes trocaram elogios e agradecimentos, com o presidente brasileiro a demostrar as suas capacidades de falar hebraico, e Netanyahu rodeado de altas figuras do Likud, o seu partido, o que mostra a importância que atribui a esta visita – se o Brasil transferir de facto a sua embaixada de Tel Aviv para Jerusalém, seria o primeiro grande país a fazê-lo, para lá dos EUA. Até agora, só pequenas nações o fizeram.

A equipe econômica do Governo Bolsonaro e o poderoso lobby agrícola brasileiro têm desaconselhado esse passo. O vice-presidente Hamilton Mourão pôs-se do lado destes interesses, dizendo que a mudança de Tel Aviv para Jerusalém era uma má ideia, pois afectaria as exportações brasileiras para os países árabes, incluindo os cinco mil milhões de dólares de carnes halal, que cumprem as regras alimentares da religião muçulmana.

 

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