Estudantes da Universidade Estadual do Maranhão sofrem abordagem violenta da PM

Nós integrantes do ocupa UEMA viemos por meio desta nota denunciar a ação truculenta e irresponsável da polícia militar do estado do Maranhão, ocorrida na noite desta última quinta feira dia 15 de dezembro de 2016. A abordagem ocorreu na cidade de Estreito, quando voltávamos de um ato em Brasília contra a proposta de emenda constitucional 55 que destrói os serviços de saúde e educação pública do país.

A operação policial comandada pelo tenente Castro demonstrou total ineficiência e despreparo na conduta dos policiais envolvidos. Fomos orientados a descer do ônibus para uma revista, e em nenhum momento fomos informados sobre a razão daquela operação. Após descermos e passarmos por revista dos policias, nossas bagagens passaram pela revista de um cachorro militar (Hercules), guiado por um agente que se identifica apenas como “Jota”, o animal, quadrúpede, demonstrava total despreparo. O cão estava totalmente desorientado no que diz respeito identificar qualquer substância ilícita, uma vez que latia para todas bagagens dos integrantes, inclusive para uma sacola de compras recem feitas na conveniência aonde ocorreu a ação. No espetáculo protagonizado pela PM em espaço público, foram encontrados um pacote de fumo orgânico e supostamente uma grama de canabis. os policiais então decidiram deter uma companhaeira por portar estas substâncias.

Esperávamos que a companheira detida estivesse sobre a custódia do Estado, leia-se, com todos os seus direitos assegurados. Mas aqui ressaltamos que a estudante que foi abordada estava totalmente rendida e se dirigia lentamente à viatura quando levou um golpe por trás que a imobilizou, em uma ação injustificável . Nesse momento houve uma agitação dos estudantes em virtude do despreparo dos policias e a negligência do ato ocorrido, denunciamos ainda a falta de identificação e a falta de comunicação dos PM’s . Uma vez exigido as explicações sobre a situação, a resposta vinculada a nós foi agressão por meio de socos e golpes de cacetete, ferindo dois companheiros que registravam o ato e prendendo um terceiro sobre a alegação de desacato, justamente no dia que o STJ tomou uma decisão que questiona o desacato como peça fundamentadora de abuso de poder.

Os abusos continuaram na delegacia da policia civil, não bastasse a falta de um delegado plantonista, uma vez que o delegado da cidade se encontrava a 200 quilômetros de Estreito, nossa delegação foi impedida de entrar e nossos companheiros continuaram sequestrados sem direito a advogado, ligação ou qualquer outra garantia que diferencie o Estado democrático de direito de um regime ditatorial. Para piorar o comando da ação não revelou o motivo da prisão, o que reforça a tese de sequestro. Ao invés disso, se dirigiu aos que esperavam na rua com tom ameaçador, informou que na primeira manifestação os seus “amigos policiais”, palavras dele, que estavam de folga chegariam à delegacia e “acabariam com isso”, mesmo que estivessem de pijama. Nossa delegação de estudantes, trabalhadores e trabalhadoras que se dispuseram a lutar em Brasilia contra os retrocessos que vivencia o país, ainda foi ameaçada por uma viatura da Força Tática que passou lentamente por nós, com agentes empunhando seus fuzis e claramente nos coagindo, agentes esses, vale lembrar, pagos por nossos impostos para, teoricamente, garantir nossa segurança. A situação só foi resolvida quando o caso estava na mãos da polícia civil, aqui cabe destacar a reciprocidade de diálogo.

Nossa delegação vem a público denunciar o que se observa em muitos protestos e manifestações, a polícia que no dia 15 de dezembro agrediu companheiros que faziam registros fotográficos e sequestrou outros dois é a mesma que prende sem provas, que responde a exposição de ideias e o diálogo com ameaças e força física, é a mesma polícia apontada em estudos que pratica o genocídio da juventude negra, é a polícia que cria autos de resistência e manipula provas, é a polícia que intimida sem ordem direta, por fim é a polícia que julga e executa nos tribunais das ruas sem garantir a ampla defesa. A ditadura militar que matou milhares de homens e mulheres de uma geração de sonhadores de um mundo mais justo acabou em 1985, e por entender que o governo do Estado do Maranhão atuante e combativo nas aberrações contra os direitos humanos e constitucionais é que viemos a público exigir não só a punição do Tenente Castro e de sua equipe que enxerga em cada jovem uma ameaça em potencial, mas também a reformulação desse modelo de polícia. Não acabou, tem que acabar, queremos o fim da polícia militar.

Fonte: Página Ocupa UEMA.

DEIXE UMA RESPOSTA

Please enter your comment!
Please enter your name here

Esse site utiliza o Akismet para reduzir spam. Aprenda como seus dados de comentários são processados.