Estados Unidos investem em nova onda de deportações

Começou na semana passada, nos EUA, uma campanha governamental para deportar em grande escala os centro-americanos que vivem no país sem os documentos de imigração.  O foco da campanha está nas pessoas que tenham atravessado a fronteira do país de forma ilegal no ano de 2014, os que tenham algum antecedente criminal ou que estejam na lista deportações. 

No primeiro dia de campanha 27 imigrantes foram detidos no estado de Connecticut, no norte do pais, sendo que muitos deles tinham alguma passagem pela polícia. A maioria é originária do chamado “triângulo norte” da América Central: Honduras, Guatemala e El Salvador. No ano passado, só para se ter um exemplo, perto de 60 mil hondurenhos foram deportados, conforme dados do Centro de Atenção ao Migrante Deportado (CAMR).

A onda de “redadas”, que é como os imigrantes chamam a caça que se faz a eles, fez com que se levantassem os defensores dos direitos dessas pessoas que acorrem aos Estados Unidos em busca do “sonho americano”, fugindo da pobreza que existe nos seus países de origem. Glenn Formica, que atua nesse movimento, se manifestou na imprensa alegando que as prisões são um paradoxo no atual momento, visto que o Congresso está debatendo a reforma migratória. Por outro lado também é sabido que o Partido republicano, que tem a hegemonia no parlamento, vem fazendo de tudo para emperrar a reforma, visando impedir que a proposta de Obama garanta a legalização de milhões de imigrantes sem papel.

A cara conservadora do congresso também apareceu no finalzinho do ano passado quando os parlamentares aprovaram cerca de 750 milhões de dólares, para serem investidos no plano chamado de  “Aliança para a Prosperidade”, que tem como objetivo frear o fluxo massivo de migrantes para as terras do Tio Sam. 

Não bastasse isso, os legisladores estadunidenses discutem formas de intervir na vida dos países do triângulo (Honduras, Guatemala e El Salvador) exigindo que sejam combatidas a corrupção e a impunidade como uma maneira de manter as pessoas nos países. A arrogância e o desejo de ingerência nos países vizinhos se expressam também na proposta de que a OEA, através de uma missão de acompanhamento, tenha plenos poderes de mandar para a cadeia aqueles que estiverem envolvidos em corrupção.  

Em Honduras, tão logo foi informado das discussões do parlamento estadunidense, o presidente Juan Orlando Hernández, deu declaração nos jornais exigindo dos Estados Unidos respeito e consideração com os hondurenhos que estão no norte e anunciou que vai enviar uma comunicação oficial a Barak Obama sobre o tema. Mas, nada falou sobre a clara ingerência dos parlamentares na vida interna do país.
No dia 4 de janeiro chegou o primeiro vôo com 115 pessoas (18 mulheres e 97 homens). Ontem (dia 6 de janeiro), chegaram mais 37 pessoas deportadas (16 mulheres e 21 crianças) que foram recebidos por uma Força Tarefa da Base Aérea, em Palmerola, Comayagua, visando oferecer um espaço de dignidade para esse primeiro momento.

No solo estadunidense, os imigrantes de todas as nacionalidades buscam formas de se proteger das “redadas”. Contam com velhos companheiros já legalizados e com entidades de direitos humanos. Mas, ainda assim, a caçada segue. E caçada é o termo mais correto, pois as famílias são capturadas dentro de suas casas ou nas ruas.

É fato que essa campanha contra os migrantes também tem feito com que o tema volte à baila na mídia e nas ruas. E, assim, enquanto os imigrantes “legais” e os nascidos nos Estados Unidos, vivem as festas e as celebrações de final de ano, milhares de pessoas estão envolvidas com o terror da deportação. Os imigrantes ditos ilegais são aqueles que, no mais das vezes, fazem o trabalho mais duro na sociedade americana tais como os da construção civil lanchonetes e pequenos coméricos. É esse trabalho que garante a eles enviar dinheiro para as famílias que estão no país de origem. É a forma que encontram para sobreviver.

Informes da Segurança Nacional dão conta que perto de 10 mil pessoas ao mês buscam entrar nos Estados Unidos, via México, enfrentando os maiores perigos, tudo por conta de fazer parte da promessa do mundo capitalista que, nos seus países, não se cumpre. Em países como Guatemala e El salvador, acossados pela miséria e pelas perigosas gangues juvenis, as pessoas buscam alternativas para seguir vivendo. Para esses, voltar pode significar a morte certa. 

Para os militantes de direitos humanos as “redadas” também fazem parte das estratégias governamentais para as eleições presidenciais que já estão com as campanhas em andamento. Ainda que o número de migrantes seja significativo no país, o estadunidense médio é racista e conservador. Assim que a deportação recebe muita aprovação por parte da população. 

Como em qualquer lugar das três américas, os Estados Unidos é um país de migrantes. Invadido por famílias inglesas, esse espaço era terra de uma infinidade de povos autóctones como os Cheyenne, Dakotas, Navajos e Cree, entre outros. 

Com informações de jornais centro-americanos

Foto: Reprodução/IELA

Fonte: IELA

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