Entre Tlatelolco, Ayotzinapa e Roger Waters

Foto: Ana Rosa Moreno, Cidade do México
Foto: Ana Rosa Moreno, Cidade do México

Por Ana Rosa Moreno, Puebla, México, para Desacato.info.

Tradução: Elissandro dos Santos Santana, para Desacato.info.

(Português/Español).

Na última semana de setembro e na primeira se comemoram dois dias sombrios na história do México. Se de crimes de Estado falamos, Tlatelolco 68 e Ayotzinapa são os exemplos mais notáveis pelo descaramento no uso da força contra civis desarmados. Essas semanas foram de luto e de sede de justiça para aqueles que pedem que se resolvam estes e tantos outros casos para que não fiquem impunes.

Falemos um pouco de história para poder explicar bem o significado e a dor destas duas datas. Depois das políticas econômicas aplicadas pelo General Lázaro Cárdenas, presidente durante seus seis anos (1934 – 1940), nos anos 40 se iniciou uma etapa conhecida como o “Milagre Mexicano”, que se caracterizou por ser de um crescimento sustentado, de mudanças, de modernização, de industrialização e de democracia. Podia-se perguntar a qualquer mexicano sobre a situação do país e este te assegurava que o país ia caminhando para ser potência mundial. Os gloriosos anos de modernidade e progresso foram perdendo força à medida que este país ia se endividando e a administração estatal entrava em decadência.

Em novembro de 1964, os doutores saiam às ruas para protestar por haverem sido demitidos de maneira injustificável (realmente haviam sido dispensados de seus serviços por haverem reclamado o pagamento do décimo terceiro salário atrasado), de fato, foram os médicos os primeiros a saírem a marchar naqueles anos. O presidente em exercício, Gustavo Díaz Ordaz, dialogou e negociou com os médicos e prometeu pagar o 13º, porém, isto nunca ocorreu. Os médicos manifestantes foram substituídos por médicos militares; as enfermeiras do hospital 20 de novembro foram sequestradas e os líderes médicos foram presos.

Ao mesmo tempo, a Universidad San Nicolás de Hidalgo, em Morelia, conseguiu uma lei orgânica para sua universidade que era de esquerda e se algo o incomodava e continua incomodando ao PRI (Partido Revolucionário Institucional) é a esquerda. Sim, aquelas posições de que o Estado deve trabalhar para o povo e a prestação de contas é como o ebola ou o zika para o partido.

E estas ideias chegaram à Cidade do México e foram três sujeitos os que têm a missão de dissolver este tipo de movimento. Primeiro, tivemos o General Carlos Humberto Bermúdez Dávila, encarregado de estabelecer se com golpes, disparos ou bazucas se acalmava melhor os manifestantes. De fato, o exército lançou um bazucão na porta da escola 1 de San Ildefonso. Exatamente, atacaram uma escola cheia de jovens com menos de 18 anos, nada mais para que eles fossem se acalmando.

O segundo cavaleiro da morte, Manuel Díaz Escobar, diretor de operações dos Falcões. Os Falcões eram aqueles que se infiltravam nas manifestações para mostrá-las internamente, por meio da incitação ou voando coisas, para, assim, poderem justificar o uso da força por parte do Estado.

O último cúmplice do Estado criminal era Alfonso Corona del Rosal, regente do Distrito Federal, Advogado Geral da UNAM. Em 1986, o PRI lhe deu a medalha ao mérito e em 2001 morreu em sua casa sem haver sido julgado pelos crimes cometidos. Ele foi quem pediu que o exército intervisse em Tlatelolco e, de fato, foi quem se encarregou de fazer desaparecer estudantes e manifestantes de linha comunista.

O que ocorreu em 2 de outubro teve origem em um pequeno pleito entre a Universidad Nacional Autónoma de México (UNAM)  e o Instituto Politécnico Nacional (IPN), brigas entre estudantes que terminaram com a prisão de vários jovens, a intervenção e a ocupação do exército em ditas instituições. Os estudantes se manifestaram contra a ação do governo e exigiram a liberdade de seus companheiros.

Foi convocada uma enorme marcha às vésperas do início dos Jogos Olímpicos (não esquecer que México recebeu as Olimpíadas em 1958). No entanto, o governo temendo, segundo eles, que atentassem contra o Estado e, pior ainda, arruinassem as Olimpíadas, não hesitaram em usar o poder contra os estudantes.

Para continuar, reproduzo alguns parágrafos do livro “La noche de Tlatelolco”, escrito por Elena Poniatowska, escritora e jornalista mexicana.

“Todos os relatos coincidem em que a repentina aparição de estrelinhas no céu da Praça das Três Culturas da Unidade Habitacional Nonoalco-Tlatelolco disparou o tiro que se tornou na manifestação estudantil de 2 de outubro na tragédia de Tlatelolco. Às cinco e meia da quarta-feira de 2 de outubro de 1968, aproximadamente dez mil pessoas se reuniram na esplanada da Praça das Três Culturas para escutarem aos oradores estudantis do Conselho Nacional de Greve que, desde a varanda do terceiro andar do edifício Chihuahua, se dirigiam à multidão, composta em sua maioria, por estudantes, homens, mulheres, crianças, idosos sentados no chão, vendedores ambulantes, donas de casa com crianças em seus braços, habitantes da Unidade, transeuntes que pararam para observar, os habituais espiões e muitas pessoas que vieram a dar uma ‘observada’. Os oradores atacaram aos políticos, a alguns jornalistas e propuseram o boicote contra o jornal O Sol, surgiram no céu as estrelinhas que fizeram com que os concorrentes dirigissem, automaticamente, o olhar para cima. Se escutaram os primeiros disparos. As pessoas se alarmaram. O fogo intenso durou 29 minutos. As pessoas trataram de fugir pelo lado leste da Praça das Três Culturas e muitas conseguiram, porém, centenas de pessoas encontraram colunas de soldados que empunhavam suas armas e disparavam para todos os lados. Diante dessa alternativa, as pessoas, assustadas, começaram a refugiar-se nos prédios, porém, muitas correram pelas ruas estreitas para chegarem ao Passeio da Reforma próximo ao Monumento a Cuitláhuac. Os corpos das vítimas que ficaram na Praça das Três Culturas não puderam ser fotografados devido ao fato de que os soldados do exército o impediram (“Houve muitos mortos e feridos ontem à noite”, A Imprensa, 3 de outubro de 1968). No dia 6 de outubro, em uma manifestação “Ao Povo do México” publicado no El Día, o CNH declarou: “O saldo do massacre de Tlatelolco ainda não acabou. Até o momento, morreram cerca de 100 pessoas e os feridos passam de mil…”.

O presidente Díaz Ordaz jamais foi julgado (o tal senhor morreu tranquilamente em sua casinha) e os líderes estudantis foram assassinados, presos e alguns foram comprados.

Ayotzinapa se relaciona com Tlatelolco, já que os jovens buscavam fundos para poderem assistir à marcha de 2 de outubro que se realiza a cada ano na Cidade do México. O erro dos normalistas foi ter sequestrado os ônibus para viajarem até a capital do estado de Guerrero. Essa mesma noite coincidia com a festa que dava a primeira dama María de los Ángeles Pineda Villa, esposa de José Luis Abarca Velázquez, agora, ex-presidente municipal de Iguala. Estes dois personagens enviaram à polícia para evitar que fizessem desmandos na referida festa ou em suas proximidades. A polícia municipal atacou e perseguiu os estudantes da Escola Normal Rural de Ayotzinapa. Dito enfrentamento rendeu um saldo de pelo menos 9 mortos, 43 estudantes desaparecidos e 27 feridos.

Luis Abarca com a esposa pediram licença de 30 dias ao Congresso do Estado e fugiram para a Cidade do México, onde se esconderam em uma casa na delegação de Iztapalapa (uma das mais inseguras da capital). Foram capturados, porém, não foram julgados por falta de provas. O desfecho disso tudo: pais desesperados buscando pelos filhos, a descoberta de sepulturas clandestinas em todo o estado de Guerrero, a descoberta da relação do crime organizado com o governo, um presidente federal incapaz de fazer justiça, provas falsas, uma procuradoria corrupta e cansada e a pergunta que se faz há mais de dois anos: onde estão os 43 estudantes?

Foto: Roger Waters. Zócalo da Cidade do México, 2 de outubro de 2016. Foto: Ana Rosa Moreno.
Foto: Roger Waters. Zócalo da Cidade do México, 2 de outubro de 2016. Foto: Ana Rosa Moreno.

Estes 26 de Setembro e 2 de Outubro os senti vazios porque, tristemente, coincidiram com a visita de Roger Waters ao país. Os meios de comunicação só falavam dele, dos concertos e suas mensagens para o povo mexicano. O ex- integrante de Pink Floyd leu, em espanhol, um discurso que havia preparado, no qual explicou que se havia reunido com os pais dos 43 estudantes desaparecidos, que sentiu suas dores e exigiu ao presidente que esclarecesse os fatos. Todos gritavam “Fora, Peña”, porém, nosso belo presidente se encontrava em Israel dando as condolências à família de outro assassino (Shimon Peres). Além de presentear um concerto na praça principal, o cantor e baixista apresentou o documentário “The Occupation Of The American Mind” na Cinemateca Nacional, onde criticou a forma com que os Estados Unidos, por meio da imprensa e da internet, fazem com que os estadunidenses creiam que Israel é a vítima. A mensagem de Roger Waters ficou ofuscada por sua presença. Ao mexicano somente lhe importou a música dele, o porco voador e a pirâmide de luzes. Em 2 de outubro eu caminhava pelas ruas da Cidade do México e notei muito pouca participação da população no evento comemorativo da matança em Tlatelolco. Meu medo é que Tlatelolco e Ayotzinapa, assim como Atenco e Tlatlaya, se esqueçam.


Entre Tlatelolco, Ayotzinapa e Roger Waters

Por Ana Rosa Moreno, Puebla, México, para Desacato.info.

La última semana de septiembre y la primera se conmemoran dos días sombríos en la historia de México. Si de crímenes de Estado hablamos, Tlatelolco 68 y Ayotzinapa son los ejemplos más notables por el descaro en el uso de la fuerza contra civiles desarmados. Estas semanas fueron de luto y sed de justicia para quienes pedimos que se resuelvan estos y tantos casos y que no queden impunes.

Hablemos un poco de historia para poder explicar bien el significado y el dolor de estas dos fechas. Después de las políticas económicas aplicadas por el General Lázaro Cárdenas, presidente durante su sexenio (1934 – 1940),  en los 40 se inició una etapa conocida como el “Milagro Mexicano”, que se caracterizó por ser de un crecimiento sostenido, de cambios, de modernización, de industrialización y de democracia. Tú podías preguntar a cualquier mexicano sobre la situación del país y este cualquier mexicano te aseguraba que el país iba encaminado para ser potencia mundial. Los gloriosos años de modernidad y progreso fueron perdiendo fuerza debido a que el país se iba endeudando y la administración estatal iba en decadencia.

En noviembre de 1964 los doctores salían a las calles a protestar por haber sido despedidos de manera injustificada  (realmente habían prescindido de sus servicios por haber reclamado el pago de los aguinaldos atrasados), de hecho, fueron los médicos los primeros en salir a marchar en aquellos años. El presidente en turno Gustavo Díaz Ordaz  dialogó y negoció con los médicos y prometió pagar los aguinaldos, pero esto nunca ocurrió. Los médicos manifestantes fueron sustituidos por médicos militares, las enfermeras del hospital 20 de noviembre fueron secuestradas y los líderes médicos fueron encarcelados.

Al mismo tiempo la Universidad San Nicolás de Hidalgo en Morelia logró una ley orgánica para su universidad que era de izquierda y si algo le molestaba y le sigue molestando al PRI (Partido Revolucionario Institucional) es la izquierda. Sí, aquellas posturas de que el Estado debe trabajar para el pueblo y rendición de cuentas es como el ébola o el zika para el partido.

Y estas ideas llegaron a la Ciudad de México y fueron tres sujetos los que tienen misión de disolver este tipo de movimientos. Primero tuvimos al General Carlos Humberto Bermúdez Dávila, encargado de establecer si con golpes, disparos o bazucazos era mejor calmar a los manifestantes. De hecho, el ejército lanzó un bazucazo a la puerta de la preparatoria 1 de San Idelfonso. Exacto, atacaron una preparatoria llena de jóvenes menores de 18 años, nada más para que se fueran calmando.

El segundo jinete de la muerte, Manuel Díaz Escobar, jefe operativo de los Halcones. Los Halcones eran quienes se infiltraban en las manifestaciones para reventarlas por dentro, por medio de la incitación o volando cosas, para así poder justificar el uso de la fuerza del Estado.

Y el último cómplice del Estado criminal es Alfonso Corona del Rosal, quien era regente del Distrito Federal, Abogado General de la UNAM. En 1986 el PRI le dio la medalla al mérito y en el 2001 murió en su casa sin haber sido juzgado por los crímenes cometidos. Este fue quien pidió que el ejército interviniera en Tlatelolco y, de hecho, fue quien se encargó de desaparecer estudiantes y manifestantes de línea comunista.

Lo que ocurrió el 2 de octubre tuvo origen en un pequeño pleito entre la Universidad Nacional Autónoma de México (UNAM)  y el Instituto Politécnico Nacional (IPN), riñas entre estudiantes que terminaron con el arresto de varios jóvenes, la intervención y ocupación del ejército en dichas instituciones. Los estudiantes se manifestaron en contra de la acción del gobierno y exigieron la libertad de sus compañeros.

Se convocó a una megamarcha a vísperas del inicio de los Juegos Olímpicos (no olvidar que México recibió las Olimpiadas en 1958). Sin embargo, el gobierno temiendo, según ellos, que atentaran contra el Estado y, peor aún, arruinaran las justas olímpicas no dudaron en usar todo el poder contra los estudiantes.

A continuación reproduzco algunos párrafos del libro “La noche de Tlatelolco”  escrito por Elena Poniatowska, escritora y periodista mexicana.

“Todos los testimonios coinciden en que la repentina aparición de luces de bengala en el cielo de la Plaza de las Tres Culturas de la Unidad habitacional Nonoalco-Tlatelolco desencadenó la balacera que convirtió el mitin estudiantil del 2 de octubre en la tragedia de Tlatelolco. A las cinco y media del miércoles 2 de octubre de 1968, aproximadamente diez mil personas se congregaron en la explanada de la Plaza de las Tres Culturas para escuchar a los oradores estudiantiles del Consejo Nacional de Huelga, los que desde el balcón del tercer piso del edificio Chihuahua se dirigían a la multitud compuesta en su gran mayoría por estudiantes, hombres y mujeres, niños y ancianos sentados en el suelo, vendedores ambulantes, amas de casa con niños en brazos, habitantes de la Unidad, transeúntes que se detuvieron a curiosear, los habituales mirones y muchas personas que vinieron a darse una ‘asomadita’. Los oradores atacaron a los políticos, a algunos periódicos, y propusieron el boicot contra el diario El Sol, surgieron en el cielo las luces de bengala que hicieron que los concurrentes dirigieran automáticamente su mirada hacia arriba. Se oyeron los primeros disparos. La gente se alarmó.El fuego intenso duró 29 minutos. La gente trató de huir por el costado oriente de la Plaza de las Tres Culturas y mucha lo logró pero cientos de personas se encontraron a columnas de soldados que empuñaban sus armas a bayoneta calada y disparaban en todos sentidos. Ante esta alternativa las asustadas personas empezaron a refugiarse en los edificios pero las más corrieron por las callejuelas para salir a Paseo de la Reforma cerca del Monumento a Cuitláhuac. Los cuerpos de las víctimas que quedaron en la Plaza de las Tres Culturas no pudieron ser fotografiados debido a que los elementos del ejército lo impidieron (“Hubo muchos muertos y lesionados anoche”, La Prensa, 3 de octubre de 1968). El día 6 de octubre en un manifiesto “Al Pueblo de México” publicado en El Día, el CNH declaró: “El saldo de la masacre de Tlatelolco aún no acaba. Hasta el momento han muerto cerca de 100 personas de las cuales sólo se sabe de las recogidas en el momento; los heridos cuentan por miles…”.

El presidente Díaz Ordaz jamás fue enjuiciado (el señor murió tranquilamente en su casita) y los líderes estudiantiles fueron asesinados, encerrados y algunos comprados.

Ayotzinapa se relaciona con Tlatelolco, ya que los jóvenes buscaban fondos para poder asistir a la marcha del 2 de octubre que se realiza cada año en la Ciudad de México. El error de los normalistas fue haber secuestrado los autobuses para viajar hacia la capital del estado de Guerrero. Esa misma noche coincidía con la fiesta que daba la primera dama María de los Ángeles Pineda Villa, esposa de José Luis Abarca Velázquez,  ahora expresidente municipal de Iguala. Estos dos personajes enviaron a la policía para evitar que hicieran desmanes en la dichosa fiesta o en sus cercanías. La policía municipal atacó y persiguió a los estudiantes de la Escuela Normal Rural de Ayotzinapa. Dicho enfrentamiento dio un saldo de menos 9 personas fallecidas, 43 estudiantes desaparecidos y 27 heridos.

Luis Abarca y su esposa pidieron una licencia de 30 días al Congreso del estado y huyeron hacia la Ciudad de México donde se escondieron en una casa en la delegación de Iztapalapa (una de las más inseguras de la capital). Fueron capturados pero no enjuiciados, por falta de pruebas. La historia ya la saben: padres desesperados buscando a sus hijos, el hallazgo de fosas clandestinas en todo el estado de Guerrero, el descubrimiento de la relación crimen organizado y gobierno, un presidente federal incapaz de hacer justicia, pruebas falsas, una procuraduría corrupta y cansada  y la pregunta que se ha hecho desde hace dos años ¿Dónde están los 43 estudiantes?

Estos 26 de Septiembre y 2 de Octubre los sentí vacíos porque tristemente coincidieron con la visita de Roger Waters al país. Los medios solo hablaban de él, los conciertos y su mensaje al pueblo mexicano. El exintegrante de Pink Floyd leyó en español un discurso que había preparado, en el que explicó que se había reunido con los padres de los 43 normalistas desaparecidos, sintió su dolor y exigió al presidente que esclareciera los hechos. Todos gritaban “Fuera Peña”, pero nuestro guapo presidente se encontraba en Israel dando las condolencias a la familia de otro asesino (Shimon Peres). Además de regalar un concierto en el zócalo, el cantante-bajista presentó el documental “The Occupation Of The American Mind” en la Cineteca Nacional, donde criticó la forma en que Estados Unidos, por medio de la prensa e internet, hacen creer al estadounidense que Israel es la víctima. El mensaje de Roger Waters quedó opacado por su misma presencia. Al mexicano solo le importó su música, el cerdo volador y la pirámide de luces. El 2 de octubre yo caminaba por la calles de la Ciudad de México y noté muy poca participación de la población en el evento conmemorativo de la matanza en Tlatelolco. Mi miedo es que Tlatelolco y Ayotzinapa, así como Atenco y Tlatlaya, se olviden.

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