Entenda por que Bolsonaro ficou magoado e ferido em seu amor-próprio por Ciro Gomes

Deputado federal e candidato à presidência diz que comentário de Gomes sobre lavagem de dinheiro foi feito com o "fim de ofender a honra alheia".

Jair Bolsonaro, deputado federal (PSC-RJ) e candidato à presidência nas eleições desse ano, parece não ter ficado feliz com o comentário de Ciro Gomes feito ao vivo no programa “Pânico na Rádio” na Jovem Pan. Em uma entrevista, o político cearense e também candidato nas eleições presidenciais pelo PDT, chamou o deputado de “moralista de goela” e afirmou que o caso de doação eleitoral da JBS ao Partido Progressista (PP) se tratava de uma lavagem de dinheiro. Inconformado, Bolsonaro moveu uma queixa-crime contra Gomes.

doação de R$ 200 mil pela JBS foi depositada na conta de Bolsonaro nas eleições de 2014 e revelada através da prestação de contas no site do Tribunal Superior Eleitoral (TSE). O político, cuja plataforma principal é sua moral ilibada, afirma ter devolvido a quantia doada pela empresa detentora da Friboi para o fundo do seu partido na época, o PP no caso. No entanto, o mesmo valor, segundo a planilha do TSE, foi depositado na conta do deputado logo depois.

Bolsonaro chegou a admitir que recebeu a propina da JBS em entrevista ao jornalista Marco Antonio Villa da rádio Joven Pan“Que partido não recebe propina?”, questionou o deputado durante o programa. Ciro Gomes, outro político conhecido por ser pavio curto e não ter muitas papas na língua, comentou o caso e disse que se tratava de lavagem de dinheiro.

“A JBS depositou R$ 200 mil na conta dele, Jair Messias Bolsonaro, deputado federal! E mais outro tanto na bolsa, na do filho dele. Ele, quando viu, resolveu estornar o dinheiro, não pra JBS. Eu, se tô indignado, o cara depositou na minha conta sem a minha autorização, eu devolvo pra ele, e mando ele pastar, pra não dizer aquela outra frase que termina no monossílabo tônico. Não, o que ele faz, ele devolve para o partido, que na mesma data entrega R$ 200 mil pra ele. O nome disso é lavagem de dinheiro. Simples assim”. disse ao vivo.

Bolsonaro protocolou junto aos seus advogados uma queixa-crime contra o político cearense de calúnia e injúria. O caso tramita desde o começo do mês na primeira instância no Tribunal de Justiça do Estado de São Paulo. Para o deputado, Ciro cometeu injúria ao chamá-lo de “moralista de goela” e calúnia ao imputar o crime de lavagem de dinheiro. Segundo a queixa-crime, Bolsonaro “sentiu-se frontalmente ofendido em sua dignidade, da qual é bastante cioso, pois sempre manteve coerência entre discurso e conduta pessoal, sobretudo como ferrenho opositor da corrupção e defensor de conceitos conservadores”.

O caso passa agora por um conflito de competência, já que o juiz de primeira instância, Richard Francisco Chequini, da 20ª Vara Criminal de São Paulo, entendeu que não há o crime de calúnia, visto que o recebimento de dinheiro pela JBS foi lícito. Por conta disso, segundo o magistrado, a competência é do Juizado Especial Criminal (JECRIM) reservado a julgar casos de menor potencial ofensivo. No entanto, o juiz José Zoéga Coelho, do JECRIM, julgou-se incompetente também para julgar o caso por conta dos crimes de injúria e calúnia terem penas máximas que ultrapassam dois anos.

Ainda resta um belo chão até o TJSP decidir quem julgará o caso e sair uma sentença. Fica como mais um fato para colocar fogo nas eleições presidenciais de 2018.

DEIXE UMA RESPOSTA

Please enter your comment!
Please enter your name here

Esse site utiliza o Akismet para reduzir spam. Aprenda como seus dados de comentários são processados.