Em quarentena, 1 a cada 3 moradores de favela terá dificuldade para comprar alimentos

Pesquisa mostrou que 72% dessa população não tem nenhum tipo de poupança para enfrentar a crise

Foto: GOMES/AFP/Getty Images.

Por Caroline Oliveira.

Um a cada três moradores de favela no Brasil terá dificuldade para comprar alimentos básicos, como alimentos, em decorrência da quarentena contra a pandemia do novo coronavírus. O dado é do Instituto Data Favela, que entrevistou 1.142 pessoas, em 262 favelas de todas as regiões do país, no mês de março, para saber o impacto da pandemia nas comunidades brasileiras.

A pesquisa mostrou que, para 72% dos moradores, uma semana dentro de casa já é o suficiente para não conseguirem manter o padrão de vida que tinham antes da pandemia, que já era baixo, por não terem nenhum tipo de poupança. Nessa população formada por 13,6 milhões de pessoas, 7 em cada 10 famílias já tiveram a renda diminuída e 79% já cortou gastos desde o começo da pandemia.

A insegurança financeira também é sustentada na condição de trabalho dessa população: quase metade desses trabalhadores são autônomos, cerca de 47%, e 8% são informais, ou seja, mais da metade não tem a garantia de uma lei trabalhista ou de um auxílio financeiro destinado para quem tem carteira assinada.

Recomendações ao poder público

O Instituto Data Favela é uma parceria entre o Instituto Locomotiva e a Central Única das Favelas (Cufa). Ao poder público, a Cufa deve entregar uma lista com 14 recomendações de políticas públicas destinadas às favelas para amenizar os efeitos da quarentena.

Entre as recomendações, estão o abastecimento das famílias com alimentos durante os meses de março, abril, maio e junho; a instituição do Programa de Renda Mínima para as famílias inscritas no Cadastro Único do governo federal – instrumento que identifica e caracteriza as famílias de baixa renda , utilizado como critério para a inclusão em programas sociais como Bolsa Família -; apoio às empresas de água, luz e gás que isentarem as famílias com renda de até quatro salários mínimos, por quatro meses; e apoio financeiro específico para as famílias das crianças que estarão impedidas de frequentar as creches.

“Essa distribuição de alimentos, principalmente para as famílias que tenham crianças, idosos ou pessoas com maior risco de contraírem a covid-19, é uma medida humanitária urgente: tanto para manter a alimentação para as crianças que não estão frequentando a escola, quanto para manter a integridade imunológica das pessoas mais suscetíveis ao vírus”, afirma a organização no texto.

Edição: Leandro Melito.

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