Panamá, população se manifesta contra venda de terrenos

Por Natasha Pitts.

Desde sexta-feira (19), a província de Colón, sede da Zona Franca do Panamá, está em resistência e realizando protestos e marchas. O motivo é a aprovação, por parte do presidente Ricardo Martinelli, da Lei 72, que permite a venda de terrenos nesta zona, livre de impostos. A repressão policial aos protestos já deixou como saldo pelo menos três feridos e um garoto de 10 anos morto, além de vários detidos.

A Lei vinha sendo discutida pelos deputados ao mesmo tempo em que era recusada veementemente pela população. Após sua aprovação em três debates por ampla maioria dos deputados foi firmada pelo presidente despertando a ira e insatisfação de panamenhos e panamenhas.

Antes da aprovação da Lei os terrenos da Zona Franca eram alugados e rendiam ao Estado cerca de 33 milhões de dólares por ano. Agora, a intenção é vendê-los e receber em 20 anos 2 bilhões de dólares, ganhando quatro vezes o que seria arrecadado no mesmo período de alugueis.

A população questiona os verdadeiros motivos para a venda, enquanto o governo insiste que a iniciativa é boa e que está buscando o melhor para Colón. Em sua conta na rede social Twitter, o presidente Ricardo Martinelli (@rmartinelli), que agora se encontra no Japão, se apressou em afirmar que “Colón merece dias melhores. Isto foi sempre a intenção. Conversando se resolver tudo”, postou.

No momento, a província se encontra paralisada e sob a ordem de um toque de recolher. Escolas públicas e particulares estão fechadas – e assim permanecerão até o final dos protestos. Além disso, a Câmara de Comércio e Associação de Empresários decretaram greve de 48h, deixando o comércio de portas fechadas.

Ontem, durante todo o dia foram registradas marchas e protestos contra a lei 72, situação que fez aumentar a violência na região por conta da repressão policial. Anacleto Ceballos, diretor da Câmara de Comércio de Colón, disse que no início do dia as manifestações eram pacíficas, mas com a intervenção desproporcionada da polícia os ânimos foram se exaltando e registraram-se diversos enfrentamentos.

Nesta terça, professores, sindicalistas, estudantes, indígenas, entre outros se uniram à luta. O Sindicato Único de Trabalhadores da Construção e Similares fecharam parcialmente a rua 50, já um grupo de estudantes do Instituto Nacional saiu às ruas para protestar e mostrar apoio à reivindicação dos colonenses. Também foram registrados protestos em Arraiján (Panamá oeste) e Bocas del Toro.

Além do uso de spray de pimenta e de bombas de gás lacrimogêneo também foram escutadas detonações de armas de fogo. O saldo da repressão até o momento é de seis pessoas detidas pela Polícia Nacional, três feridos e um morto, o menor Josué Betancourt (10 anos), que foi atingido por munição de arma de fogo no abdome.

Manifestantes asseguraram que não vão desistir ou retroceder até que a Lei seja anulada. Muito menos aceitam conversar sem que haja a anulação imediata da Lei. Mesmo assim, na tentativa de acalmar os ânimos e cessar a violência na província o partido do Governo, Câmbio Democrático, anunciou em seu blog que uma comissão do governo iria a Colón para conversar com representantes da província. Até o momento, não há informações atualizadas sobre os resultados da reunião.

Fonte: Adital.

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