‘Eles foram viajar. Um dia vou viajar também. Vamos nos encontrar e matar as saudades’

Vera Lúcia dos Santos foi uma das fundadoras do Movimento Mães de Maio e morreu nesta quinta-feira; a filha grávida e o genro foram mortos por um grupo de extermínio em maio de 2006.

Ilustração: Junião

Este perfil foi originalmente publicado no livro “Mães em luta – Dez ano dos crimes de maio”, lançado em 2016

Pense nos monstros mais cruéis que assombram seus piores pesadelos. Imagine agora que eles são reais e que povoam seu dia a dia. Você pede socorro, mas ninguém ouve sua voz. Respire fundo antes de voltar ao texto. É preciso exercitar o espírito, ir além da razão, para compreender o que Vera Lucia dos Santos, de 61 anos, mãe, avó, cabeleireira e militante de direitos humanos, vem passando na última década.

Vera sempre levou uma vida sem sobressaltos na cidade de Santos, litoral de São Paulo. Tinha uma carreira como manicure e cabeleira, fazendo unhas, penteados e tingindo cabelos nos salões de beleza populares da região central da cidade, onde morava. Vivia perto dos quatro filhos adultos e mantinha contato com os seis enteados e netos, que ela ajudava a criar. O marido, um eletricitário da Companhia Docas do Estado de São Paulo, havia morrido de derrame cinco anos antes, deixando uma pensão que garantia à família seguir tocando a vida.

Até que uma hecatombe interrompeu essa trajetória no dia 15 de maio de 2006. Sentada à mesa de uma pequena sala e cozinha, com a tevê ligada em um programa policial, Vera me conta a sucessão de fatos daquele dia que vem repetindo há mais de dez anos, desde que ajudou a fundar o Movimento Independente Mães de Maio.

Naquele fim de semana de maio de 2006, policiais e agentes penitenciários foram atacados e mortos por integrantes da facção criminosa PCC (Primeiro Comando do Estado) em todo o Estado. Mas a tensão nas ruas de Santos ficou do lado de fora do apartamento de Vera, que compartilhava com a família um clima de alegre expectativa. No dia seguinte, 16 de maio, Ana Paula, sua caçula de 20 anos, grávida de nove meses, daria à luz Bianca na Santa Casa da cidade, a alguns quarteirões dali. 

Durante a tarde, Vera, a filha e amigos assistiram aos filmes de vídeo que o genro, Eddie Joey de Oliveira, alugou. Perto das 19h, Ana Paula sentiu vontade de tomar uma vitamina. Sugeriu que fossem na padaria ao lado tomar o suco e buscar o leite de sua outra filha, Ana Beatriz, que tinha pouco mais de um ano. O casal estava acompanhado do compadre, que seria padrinho de Bianca, e do cunhado. 

Os quatro passaram na frente de um bar. Quatro homens que tomavam cerveja saíram de lá, entraram em um carro e seguiram o grupo de perto. O compadre do casal ainda falou: 

– Vai ter geral. 

Joey o tranquilizou: 

– Não estamos fazendo nada. Vamos para a padaria. 

Antes que eles chegassem, os homens saíram do carro com touca ninja e atirando. O compadre e o cunhado do casal conseguiram correr. Ana Paula achou que a barriga a salvaria e ficou. Joey não abandonou a mulher e a filha. “Sou trabalhador”, chegou a dizer antes de tomar um tiro. Ana Paula entrou na frente e levou um disparo no braço. Caiu no chão. Ao se levantar, puxou a máscara do criminoso e o reconheceu. Joey começou a gritar o nome do assassino e a pedir que soltasse a mulher grávida. “Ela está grávida”, dizia.

O assassino deu uma chave de braço em Ana Paula, colocou a arma em sua cabeça. Antes de disparar, disse: “estava”. Joey se jogou sobre a mulher morta e tentou acordá-la. Foi metralhado pelas costas e também morreu.

Tirar a vida de sua filha caçula, da futura neta e do genro não foi o bastante para os assassinos. Vera lembra os desdobramentos do crime. 

No dia seguinte à chacina, ainda traumatizada, Vera ouviu um zum-zum-zum da vizinhança de que não seriam permitidos velórios. “Minha filha tinha família e vou fazer”, decidiu Vera, que velou a filha na mesma Santa Casa em que a neta estaria nascendo.

Durante a cerimônia, um carro da Polícia Militar estacionou em frente ao portão e passou a revistar os presentes, pedindo documentos. O veículo foi embora. Logo depois, Sassá e Tico, dois amigos da família, se despediram e foram para casa. Uma hora depois, Vera viu algumas pessoas chegarem gritando, dizendo que Sassá e Tico haviam sido atingidos por tiros. Os dois sobreviveram. Tico morreu tempos depois, ainda em decorrência do ferimento, depois de ser preso acusado de traficar drogas em uma cadeira de rodas. Sassá virou evangélico e continua em Santos. 

Perder a família, ter os amigos perseguidos, ser obrigada a aceitar o massacre em silêncio para não morrer, encontrar diariamente os assassinos da família trabalhando na vizinhança. Os fatos no dia do crime foram levantados na época por Vera, que precisava de respostas e lidava com o descaso da polícia. Ela ouviu testemunhas, que temiam contar a verdade para as autoridades. 

As tragédias que desabaram sobre a vida de Vera não iriam parar por aí, já que ela não parecia aceitar as injustiças e os crimes de cabeça baixa. Vera e outras mães começaram a se articular para denunciar os abusos da polícia e a omissão do Judiciário no Estado.

Um mês depois dos assassinatos, Débora Maria da Silva, que também teve o filho morto em Santos, naquele mesmo maio de 2006, visitou Vera em sua casa, junto com outras mães, para se juntarem na cobrança por punição aos assassinos dos filhos. Começava a ser formado o Movimento Mães de Maio. Uma das primeiras lutas de Vera buscava reconhecer a gravidez da filha e contar a morte de Bianca como mais uma vítima entre as centenas de mortes ocorridas naquele período.

Bianca, a 494ª vítima

Os números oficiais na época informavam que os homicídios com arma de fogo, ocorridos entre os dias 12 e 21 de maio de 2006 e ligados ao enfrentamento entre o PCC e membros das forças de segurança, eram de 493, muitos deles com suspeitas de terem sido praticados por policiais em busca de vingança. Vera lembrava que sua neta também havia sido morta, a 494ª vítima. 

O movimento ganhou visibilidade. A resposta dos policiais aos ataques de maio de 2006 também apareceu nos jornais e em debates públicos. Iniciava-se um novo movimento contra a violência policial, amparado e impulsionado pela dor das mães enlutadas, que eram obrigadas a se calar diante do assassinato dos filhos. 

Elas subiam sempre de Santos para São Paulo para pedir apoio. Em 2008, depois de uma série de entrevistas sobre o caso, ao voltar para Santos, Vera teve a casa invadida por policiais militares da cidade e foi acusada de tráfico de drogas. Os policiais revistaram a casa inteira, quebraram mobílias, tiraram as roupas do armário. Vera estava em casa com uma amiga, o genro e um amigo do genro. Foram todos levados à delegacia.

No dia seguinte, Vera soube que a polícia a acusava de tráfico porque haviam sido encontradas drogas dentro do tanque de sua moto. Atordoada, sem saber o que dizer ou o que pensar, ela negou que a droga fosse dela. Os quatro acabaram presos e acusados de tráfico. O marido da amiga presa arrumou um advogado para tentar livrá-las. Vera soube depois que era um ex-policial, que acabou atrapalhando a defesa dela no caso e impediu que um defensor público a ajudasse.

Débora Silva e as Mães de Maio tentaram defende-la, sem sucesso. Dois anos depois de perder a filha, a neta e o genro assassinados e de ter iniciado um movimento que não conseguiu promover a punição dos autores do crime de seus familiares, Vera foi mandada para trás das grades. 

Sua história de vida, sua conduta, as dívidas do Estado e da Justiça com ela, o testemunho de pessoas que confirmavam sua honestidade, o histórico de suspeitas de flagrantes forjados pela polícia, as recorrentes violências praticadas por policiais contra famílias pobres em Santos, nada disso foi motivo suficiente para comover a Justiça. Vera foi condenada por tráfico e passou três anos e dois meses na prisão.

– Antes de tudo isso acontecer comigo, eu acreditava na Justiça. Achava que só iam para cadeia pessoas que eram culpadas de algum crime. Por isso me senti humilhada com a prisão. Sabia que um monte de gente ia achar que eu era culpada. Precisei conviver com isso, mesmo sem dever nada a ninguém – diz.  

Pressão e Retaliação na história

Os homicídios praticados pela polícia começaram a crescer em São Paulo em meados dos anos 1970. Policiais militares que haviam participado do Destacamento de Operações de Informação – Centro de Operações de Defesa Interna (DOI-CODI) e dos confrontos contra a guerrilha urbana na cidade passaram a ensinar e a replicar técnicas de repressão no combate ao crime comum. A simulação de tiroteios para justificar assassinatos era uma dessas técnicas. O inimigo, em vez do militante comunista, a partir dos anos 1970 se tornaria “o bandido”, suspeito de praticar crimes comuns, como roubos e furtos, e era normalmente negro, jovem, pobre e morador da periferia.  

Para muitos dos policiais que os matavam, o extermínio era uma forma de tornar o mundo mais seguro, diante de um sistema de Justiça ineficiente. Primeiro foram os policiais civis e seus esquadrões da morte. Depois os policiais militares, que agiam muitas vezes em parceria com justiceiros, representantes dos comerciantes dos bairros mais pobres, cansados dos assaltos cotidianos. Durante esses últimos 40 anos, a prática do extermínio foi tolerada pelo Judiciário e por parte da população, que aplaudiu muitas vezes o método criminoso praticado pela polícia. A tolerância das instituições dependia da incapacidade dos policiais em investigar os próprios crimes que praticavam.

A violência policial, contudo, não se encerra com a morte da vítima. Os familiares, além da dor do luto, são forçados a chorar em silêncio e a aceitar o estigma do filho assassinado, tido como bandido por ter sido morto pela polícia. 

As Mães de Maio, agrupamento de mães que passou a denunciar as mortes praticadas pela polícia, foi o primeiro movimento a se articular para dar um basta a essa inércia que há décadas produz inúmeras injustiças e que enfraquece, inclusive, a legitimidade das polícias Civil e Militar.

A resposta que com que as Mães de Maio vêm se deparando, porém, não está relacionada com o esclarecimento das mortes de seus parentes. Muitas delas, assim como Vera, passaram a ser acusadas de praticar crime. A primeira integrante das Mães de Maio a ser acusada por tráfico de drogas foi Ednalva Santos, acusada de tráfico em 2007 — no Dia das Mães do ano anterior, ela teve seu filho morto por dez tiros.

Antes da prisão, lembra Ednalva, policiais foram até seu estabelecimento de lanches e marmitas para ameaçá-la por causa das denúncias na imprensa. Ela disse que denunciaria à Corregedoria da Polícia Militar e, no dia seguinte, policiais civis foram até o local e disseram ter encontrado uma sacola com drogas. Ela ficou oito dias presas, mas foi inocentada da acusação.

No final de 2015, foi a vez de outra integrante do movimento, a dona de casa Maria Goreti Rodinick Marques, de 60 anos, ter sido ameaçada por um policial militar que prometeu “mandá-la para a cadeia por tráfico de drogas”. O responsável pela ameaça, de acordo com ela, foi o cabo da Polícia Militar André Ferreira da Silva, da cidade de  Santos e acusado de matar seu neto. 

Dona Maria Goreti contou que deixava o shopping quando o policial, fardado e em um carro oficial da Polícia Militar de SP, se aproximou e disse que ela “estava presa por ser dona de uma biqueira [ponto de venda de drogas] e mal sabia o que viria pela frente”. 

Assim que deixou suas sacolas de compras no chão e perguntou ao PM o motivo da prisão, dona Maria Goreti ouviu do cabo Ferreira que ela estava sendo presa por desacato à autoridade. Ao perceber a abordagem, o marido de dona Maria Goreti se aproximou e disse ao PM: “Você já matou meu neto e agora quer levar minha mulher presa? Por quê?”. Foi quando o cabo Ferreira liberou o casal.

O cabo era um dos quatro envolvidos no assassinato de Rafael Souza de Abreu, 16 anos, neto de dona Maria Goreti, segundo o Ministério Público Estadual e a Polícia Civil. O crime ocorreu em 26 de março de 2010, no bairro Macuco, em Santos.

Dezenove dias antes da abordagem a dona Maria Goreti, a promotora Ana Maria Frigério Molinari apareceu em um vídeo acusando algumas das Mães de Maio de serem ligadas com o crime organizado e serem donas de pontos de droga na Baixada Santista.

“Algumas dessas pessoas faleceram nos Crimes de Maio e os direitos [de gerenciar biqueiras] são transmitidos aos familiares, que por vezes gerenciam ou até mesmo arrendam os pontos de tráfico de drogas”, disse Ana Maria. Por isso, segundo a promotora, as Mães de Maio teriam adotado a prática de denunciar “policiais que efetivamente combatiam o tráfico de drogas”.

As declarações da promotora contra as Mães de Maio foram dadas quando ela prestava testemunho em defesa de um policial militar investigado sob a suspeita de integrar um grupo de extermínio que age no litoral de São Paulo. Atualmente, Ana Maria trabalha no Fórum de Praia Grande. Procurada pela reportagem, ela não quis se manifestar e também nunca apresentou provas contra nenhuma das Mães de Maio.

Após as acusações da promotora, o movimento Mães de Maio encaminhou o vídeo com sua fala para a Anistia Internacional e Justiça Global, organizações internacionais de Direitos Humanos. O caso foi relatados às organizações para mostrarem a tentativa de criminalização do Movimento Independente Mães de Maio. 

Não bastasse essa carga de sofrimentos e de injustiças toleradas, a impunidade contra esse tipo de crime acabou estimulando novas práticas de vingança, cujas suspeitas recaem sobre policiais, mas que raramente são esclarecidas diante da incapacidade das instituições em esclarecer os casos.

Em abril de 2010, 23 pessoas foram mortas ao longo de duas semanas depois da morte do irmão de um policial militar de Diadema — 18 policiais foram apontados como suspeitos. 

Ao longo de dez anos, pelo menos 17 chacinas ocorreram no Brasil depois que policiais foram mortos ou feridos. Em agosto de 2015, depois da morte de um policial militar que fazia bico em um posto de gasolina em Osasco, 32 pessoas foram assassinadas entre os dias 8 e 13 em Osasco, Carapicuíba, Itapevi e Barueri, cidades na região oeste da Grande São Paulo. Policiais militares e um guarda municipal foram presos acusados de praticar a matança.

Matar aleatoriamente moradores de bairros onde policiais são assassinados parece ter se tornado a maneira como alguns policiais tentam se organizar para se defender da própria vulnerabilidade da corporação, que se sente acuada com o fortalecimento da facção criminosa PCC.

Lutar sem ter esperança

Vera ficou na Penitenciária Feminina de Franco da Rocha (Grande São Paulo) por dois anos e seis meses. Quando conseguiu o semiaberto, foi para Piracicaba, no interior. Nesse período, ela se recusou a receber visitas dos familiares, que também foram proibidos de lhe enviar o jumbo, com comida e produtos que a ajudassem a se manter no duro cotidiano da prisão. 

– Eu tinha medo que eles plantassem alguma droga ou outra coisa lá dentro e incriminassem minha família, conta.

Para passar o dia e conseguir dinheiro para comprar mercadorias do comércio no presídio, o pecúlio, Vera fazia a unha e cabelos das presas nas vésperas de dia de visitas. Pais e filhos são os frequentadores mais recorrentes nos presídios. Poucas presas recebem visitas dos maridos, que costumam abandonar as mulheres nas prisões. Vera estava quase sempre sozinha. Saiu novamente mudada. Para seguir tocando a vida.

Não foi fácil marcar esse encontro com Vera para fazer a entrevista. Ela trabalha de terça a sábado, das sete da manhã até as oito da noite, como manicure e cabeleira. Não é contratada e recebe por comissão. Nos meses bons, fatura R$ 700. Nos ruins, R$ 500. Conseguimos nos encontrar numa segunda-feira chuvosa. Ela se mudou do seu antigo apartamento e não lembrava o seu endereço. Hoje mora em uma pequena casa coletiva, bastante simples, de dois cômodos.

Vera não é tão extrovertida como Debora, que se tornou uma das principais lideranças das Mães de Maio. Apesar de estar sempre presente nos eventos, ela não faz questão de revisitar a sequência de fatos trágicos que a golpearam ao longo da década. Talvez porque sejam pesados demais. Quem sabe por deixarem muito claro algumas verdades sobre a sociedade em que vivemos, coisas que não somos capazes de encarar. Fatos tão graves que chegam a nos apagar a esperança.

Se estivesse viva hoje, Ana Paula teria 30 anos. A primeira filha de Ana Paula, Ana Beatriz, está com 12 anos. É uma menina calada, segundo a avó. As duas não conversam muito sobre o que aconteceu. “Deveríamos conversar mais”, pondera Vera, sem se estender no assunto. Pergunto como anda o convívio em família. Ela me diz que hoje raramente se reúnem nas datas comemorativas. Quando a conversa já se encaminhava para o final, falo sobre as Olimpíadas e Vera se lembra que a filha morta era uma ótima jogadora de futebol. Também dançava em um grupo chamado As Paquitas.

Questiono sobre as duas tatuagens que ela fez no corpo, uma rosa no ombro esquerdo, que segundo explica, simboliza a luta das Mães de Maio. No antebraço, escreveu o nome da filha, da neta e do genro assassinados em maio de 2006. Vera diz ainda acreditar que as viagens feitas por Débora ao exterior para denunciar a violência policial em São Paulo podem ajudar a reacender o interesse pelo caso, cujos assassinos seguem impunes.

Ela me conta sobre outro caso de um menino assassinado pela polícia poucos dias atrás. Fala sobre os homicídios de MCs, mestres de cerimônia, cantores de funk, na Baixada Santista, que continuaram a acontecer e que não produzem punições. Fico sem ter o que responder. 

Apesar de tantos motivos para desanimar, Vera me conta que segue firme por causa da religião, que a ajuda a afastar os piores pensamentos quando a dor aperta. 

– Sou espírita, ela me conta. Eu não acho que a Ana Paula, minha neta e meu genro morreram. Não é assim que eu vejo. Digo para mim mesma que eles foram viajar. E que um dia vou viajar também. Vamos nos encontrar em outro lugar e mataremos as saudades. 

A gente se despede. Ela agradece os meus ouvidos. Tenho vontade de pedir desculpas. Vou embora, com a sensação de que Vera vai seguir firme na mais dura das lutas, aquela que é obrigada a travar, mesmo sem ter esperança de vencer.

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