Eleições: Os três que fizeram a diferença

Por Marcela Cornelli. 

Candidatos vêm para o debate com os movimentos sociais e fazem a diferença na luta de classes 

Diferentemente das três candidaturas (César, Ângela e Gean), que não vieram até agora participar dos debates chamados pela Frente de Luta do Movimento Popular e Sindical em defesa dos Direitos Políticos, Sociais, Econômicos e Ambientais da cidade, os candidatos Gilmar Salgado (PSTU), Elson Pereira (PSOL), e Janaína Deitos (PPL) estiveram presentes no debate desse dia 14 de setembro, no auditório do Sinjusc em Florianópolis. Também estiveram presentes candidatos a vereadores do PPL, PSTU, PT e PSOL. Mediou o debate o presidente do Sindicato dos Jornalistas de Santa Catarina, Valmor Fritsche. Movimentos sociais e sindicatos compareceram bem como membros da Cooperativa pela Soberania Comunicacional e Popular, da revista Pobres e Nojentas, da Rádio Campeche, das Brigadas Populares, da Ufeco, do movimentos pela moradia, do Floripa quer mais, do Movimento de Saneamento Alternativo (Mosal), do Fórum da Cidade, entre outros. O debate foi transmitido ao vivo pelo Portal Desacato, pela TV Floripa e por Rádio Comunitária do Campeche.

Entre os temas abordados pelos palestrantes estavam orçamento e investimentos públicos, controle social, saúde, saneamento básico, meio ambiente, maricultura e pesca, mobilidade urbana, moradia e o plano diretor da cidade.

Ao final do debate foi entregue por escrito aos candidatos as propostas das comunidades e dos movimentos sociais que participam da Frente de Luta. O debate do dia 14 foi o segundo debate organizado pela Frente de Luta e tem o objetivo de criar um espaço para além das eleições para a discussão dos problemas da cidade e a busca conjunta de soluções que beneficiem a classe trabalhadora e que preserve o meio ambiente da Ilha, na luta contra o capital e a exploração imobiliária patrocinada pelos empresários, em acordo com as elites e os políticos que estão no poder.

Florianópolis cada vez mais está sendo uma capital planejada para a exclusão dos pobres e dos trabalhadores em favorecimento das classes mais ricas. Daí a necessidade desse debate,  travado em período eleitoral, ter segmento após as eleições de outubro.

Para a candidata do PPL, Janaína Deitos, a administração pública deve trabalhar pelos interesses dos que mais precisam. Ela elogiou a iniciativa das mídias independentes como o Portal Desacato e a TV Floripa, fazendo uma crítica à mídia burguesa que ignora os candidatos de partidos e coligações menores, mas que têm amplas propostas para a cidade.

Candidata Janaína Deitos

O candidato Elson Pereira do PSOL disse que o projeto de Florianópolis é um projeto de cidade de mercado e não de cidade de direito. “Florianópolis traz esse modelo de cidade de mercado ao extremo”, falou. Ele lembrou que o plano diretor aprovado pela Prefeitura é contrário ao defendido e elaborado pelas comunidades.

Candidato Elson Pereira

Gilmar Salgado do PSTU afirmou que hoje as instituições do governo são contrárias aos interesses da classe trabalhadora, funcionando como braço do capital. Ele disse entender que os conselhos têm papel importante, porém se estiverem nas mãos da maioria de empresariado serão favoráveis ao capital. Ele defendeu a criação de conselhos populares abertos e deliberativos com a participação de associações de bairro, sindicatos de trabalhadores, estudantes e movimentos populares.

Candidato Gilmar Salgado

Gilmar defendeu ainda a cobrança de mais impostos dos mais ricos e menos dos mais pobres, que os vereadores recebam um salário na média dos salários dos demais trabalhadores e que os mandados sejam revogáveis, ou seja, que a população possa tirar a qualquer momento os vereadores que ocupam os cargos públicos e que não cumprem suas promessas.

Janaína falou da importância do controle social dos órgãos públicos e da criação de conselhos distritais para que estes recebam a pauta do que as pessoas das comunidades realmente precisam. A candidata defendeu a provação e aplicação do plano diretor debatido amplamente nas comunidades. Lembrou que a especulação na Ilha faz com que o solo seja objeto de cobiça e disputa do capital.

Janaína, Gilmar e Elson rechaçam a criminalização dos movimentos sociais

“Os movimentos são a voz do povo. O governo tem que ouvi-los e não reprimir e por na cadeia quem luta pelos seus direitos” disse Janaína.

“O que está acontecendo em todo Brasil é a criminalização dos movimentos sociais e uma higienização social com discriminação racial, tudo para ‘limpar’ as cidades para os megaeventos que só vão beneficiar os empresários. Não é a repressão da polícia que vai resolver os problemas sociais”, enfatizou Gilmar.

“Precisamos de uma sociedade civil forte e organizada, de uma sociedade participativa. Um governo não pode criminalizar os movimentos sociais”, defendeu Elson.

Saúde e meio ambiente

Gilmar Salgado lembrou que o SUS foi uma conquista dos movimentos sociais nos anos 80, defendeu a saúde pública e para todos e criticou a municipalização da saúde, como aconteceu com a Companhia Catarinense de Águas e Saneamento (Casan).

Elson disse que a Prefeitura precisa ser responsável pela questão de saneamento básico da cidade, que precisa melhorar seu corpo técnico, pois hoje somente um engenheiro é responsável pelo saneamento na Ilha. “Não há como planejar uma política pública sem agentes”.

Janaína disse que pouco mais de 50% da Ilha tem cobertura de saneamento básico. “Dinheiro já existe. Cada um real investido em saneamento economiza-se quatro em saúde. É preciso buscar cobrir 100% de saneamento”.

Todos os três candidatos presentes defenderam o Parque Público na Ponta do Coral. “Não é possível querer governar para os dois lados, empresários e trabalhadores. Não há como atender os interesses dos dois lados. O poder público deve priorizar a população pobre”, enfatizou Elson.

Mobilidade Urbana

Elcio Pereira defendeu a criação de uma empresa municipal de transporte público de Florianópolis. Gilmar lembrou que em São Paulo os problemas de transporte público não se resolveram com a criação de uma empresa municipal. Todos os três candidatos defenderam desprivatizar o transporte público e salientaram que não há como conciliar o interesse das empresas privadas de transporte e a população que depende do transporte público e que a Prefeitura precisa escolher um lado. Todos disseram que buscarão abrir a caixa preta do transporte público da cidade e investirão em transporte público de qualidade. Os candidatos do PSTU e do PSOL disseram que a tarifa zero é viável. A candidata do PPL disse que não poderia prometer nada antes de ter acesso às informações da caixa preta do transporte público de Florianópolis.

Moradia digna

A candidata do PPL Janaína Deitos defendeu que a Prefeitura deve garantir o solo, o Estado a infraestrutura e o Governo Federal o dinheiro para a construção de moradia digna para a  população. “Morar dignamente é o mínimo que se tem direito”. Janaína defendeu a realização de mutirões para a construção de moradias populares.

O candidato Elson Pereira do PSOL disse que é preciso ir além do programa Minha casa Minha Vida. Avaliou que não há verbas e investimentos suficientes para efetivamente atingir a população que realmente precisa e defendeu a criação de um fundo destinado para esta questão. “Sem orçamento não se faz casas”.

Gilmar Salgado do PSTU defendeu a criação de uma empresa pública estatal para construir casas para a população.

Ao final do debate, as perguntas realizadas pelos movimentos sociais e pelos articuladores do debate foram entregues para serem respondidas por escrito pelos candidatos e socializadas nas redes sociais.

Por fim, os candidatos falaram sobre a importância do voto consciente não só porque o candidato tem mais ou menos chances de vencer, mas sim porque se acredita nas propostas dele.

Esta Frente de Lutas,  pretende continuar unindo forças por uma cidade mais justa e igualitária e para todos.

Junte-se a esta luta!

Porque nossos sonhos são bem maiores que o voto que depositamos nas urnas!

 

1 COMENTÁRIO

  1. Parabenizo o Portal Desacato, assim como a TV Floripa, que disponibilizaram sua equipe de profissionais e a estrutura técnica necessárias para realizar o debate, que possibilitou, aos telespectadores da emissora comunitária, conhecer as propostas das três candidaturas presentes e suas respostas às demandas sociais. A iniciativa da Frente de Luta do Movimento Popular e Sindical em Defesa dos Direitos Políticos, Sociais, Econômicos e Ambientais de Florianópolis contribui de forma destacada para o debate livre de ideias e de compromissos com a cidade, confrontando o programa das candidaturas com as propostas do movimento social. Essa iniciativa é ainda mais importante pelo fato de enfrentar o oligopólio de mídia em Santa Catarina, permitindo que se amplie o canal de comunicação para a classe trabalhadora se fazer ouvir em suas lutas e reivindicações.

    Lino Peres

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