Equador: oposição vence em três importantes cidades, inclusive Quito

ecuadorA oposição de direita venceu as eleições deste domingo (23/02) para as prefeituras de Quito, Guayaquil e Cuenca — as três principais cidades do Equador — o que representa um revés para o presidente Rafael Correa desde sua chegada ao poder, em 2007. De acordo com o chanceler equatoriano, Ricardo Patiño, porém, a soma dos votos totais foi favorável ao governo.

Em Quito, cidade de 2,2 milhões de habitantes, o opositor Mauricio Rodas, de 39 anos, obteve 58% dos votos, contra 40% para o atual prefeito, Augusto Barrera, segundo as projeções baseadas na boca de urna. Ao lado de Correa, o prefeito de Quito admitiu a derrota: “reconhecemos e estamos encarando diretamente os resultados atribuídos” pelas projeções, disse Barrera na sede da Aliança País.

O presidente, que chegou a pedir licença de suas funções para se dedicar às eleições, também reconheceu “o importante revés na capital, algo que será preciso analisar”, mas destacou que a Aliança País conquistou vários governos provinciais nas eleições deste domingo.

Rodas, eleito em Quito pela coalizão Suma Vive, pediu uma “transição ordenada” e felicitou Barrera por “reconhecer democraticamente” o resultado. “Quito não é apenas de uma cor, é de todas as cores. Hoje venceu a dignidade” dos cidadãos, proclamou Rodas para centenas de partidários reunidos na sede de seu partido.

Em Guayaquil, com 2,3 milhões de habitantes, o prefeito opositor, Jaime Nebot, será reeleito com 60% dos votos, contra 38% para Viviana Bonilla, 30 anos, candidata de Correa, ainda de acordo com as projeções. Cuenca, a terceira cidade do Equador, com 712 mil habitantes, foi conquistada pela oposição com a vitória de Marcelo Cabrera com 51% dos votos, contra 46% para o atual prefeito, Paul Granda.

Além de 221 prefeitos, os equatorianos elegeram neste domingo 23 governadores e 1.035 vereadores, para mandatos que serão concluídos em maio de 2019.

“Nova direita”

Correa, cuja popularidade supera os 60%, afirmou durante a campanha que uma derrota em Quito poderia abrir um período de instabilidade política no país e que a perda da capital colocaria em risco a “Revolução Cidadã”, como denomina seu projeto de governo socialista. Para Correa, esse novo campo político que busca se consolidar no país enxerga a prefeitura de Quito como plataforma para projetar suas ambições presidenciais.

“Haverá risco para nosso projeto se a capital cair nas mãos da extrema direita. A revolução está ameaçada pelo assédio de toda a direita unida – que tem financiamento nacional e internacional -, por assessores estrangeiros e por uma campanha suja impressionante”, advertiu Correa antes das eleições.

Rodas foi integrante da juventude social-cristã do Equador, força política de direita que elegeu León Febres Cordero (1984-1988), acusado por uma comissão da verdade de ter instalado um regime de torturas, desaparecimentos forçados e terrorismo de Estado.

O político recebe orientações de Moisés Naim, membro do diretório do norte-americano NED (Fundação Nacional para a Democracia), da Junta Diretiva do Banco Mundial e ex-ministro da Indústria e Comércio de Carlos Andrés Perez, na Venezuela, conhecido por levar a cabo um governo neoliberal.

A ponte aconteceria por meio do “think thank” Ethos, baseado no México e fundado por Rodas em 2008. Karg cita a agência de notícias equatoriana Andes, que informa que Naim é membro do conselho da Ethos.

Fonte: Ópera Mundi.

Foto: Efe.

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