Eike Batista

Por Hélio Fernandes.

Eike Batista: “Paguei meu imposto de renda com um cheque de 670 milhões de reais. Deve ser verdade. Mas de onde vem essa fortuna que, segundo ele, é a maior do Brasil? Do pai, o melhor do Brasil?

Ninguém duvida, as dúvidas estão todas na sua vida, ou melhor, na vida do pai, que montou sua herança, antes mesmo de ele nascer. Ninguém tem uma trilha (que gerou o trilhão) de irregularidades tão grande quando Eliezer Batista.

E em toda a minha vida profissional, nunca escrevi tanto e tão vastamente sobre irregularidades, prejuízo ao Brasil, enriquecimento colossal, quanto sobre Eliezer. E logicamente nem uma vez de forma positiva, sempre naturalmente negativa.

A partir do “Diário de Notícias” (1956/1962) e depois já na “Tribuna da Imprensa”, Eliezer era personagem quase diário.

O roubo das jazidas de manganês do Amapá, assunto exclusivo deste repórter, ninguém participava, Eliezer era tão generoso com os jornalões, como foi depois com o filho. O Brasil era o maior produtor de manganês do mundo. Como era de outros minérios, todos controlados por ele, presidente eterno da Vale.

Eliezer devastou o Amapá, entregou todo o manganês aos americanos, a “preços de banana” (royalties para o presidente dos EUA, Theodore Roosevelt, que inventou essa expressão para identificar os países debaixo do Rio Grande. Isso em 1902).

No Porto de Nova Iorque, os navios que vinham do Brasil com manganês, atracavam lá longe para não provocar comentários. E este repórter dava o número dos navios, os nomes, o total da carga, o miserável preço da venda, empobrecendo o Brasil, enriquecendo os “compradores” e o grande vendedor (sem aspas) Eliezer.

Está tudo no arquivo da “Tribuna”, fechada por necessidade de silenciar o jornal que contava tudo. Os jornalões, servos, submissos e subservientes, exaltavam as vendas destruidoras, elogiavam o Progresso do Amapá, por ordem de Eliezer e da Vale. Diziam: “O Amapá abre estradas, constrói escolas e hospitais, os pobres estão muito mais atendidos e alimentados”.

Mistificavam a opinião pública, queriam convencer a todos, que explorar as riquezas do então Território, deixando os milhares de pobres habitantes sem comer, sem morar, sem hospital e escola. Tudo transitório, enquanto esburacavam todas as terras, extraíam o manganês e doavam tudo aos trustes. (Como se chamavam, na época).

Gostaria de reproduzir tudo isso, a corrupção praticada pelo pai, beneficiando e enriquecendo ele mesmo e acumulando para o filho bem-aventurado. (Mas como o jornal está fechado, tenho que esquecer essas matérias de 40 e 50 anos, mas a-t-u-a-l-i-z-a-d-í-s-s-i-m-a-s. Quem nasce Batista se reproduz na riqueza de outro Batista. Só o manganês não se reproduz, dá apenas uma safra).

Mas como Eliezer foi sempre muito previdente, controlou todos os minérios, que deixou para o filho, de “papel passado”, ou então em indicações debaixo da terra. Mas com os mapas atualizados e do conhecimento apenas do filho, a maior fortuna do Brasil, antes mesmo de nascer.

(O Brasil tem quase a totalidade da produção desses minérios, como tinha do manganês, raríssimos. E como tem do Nióbio ainda mais raro e imprescindível, 98 por cento de tudo o que existe no mundo).

Alternando de pai para filho, afinal onde termina Eliezer e começa o Eike? O pai já completamente identificado, mesmo como presidente, “dono” da Vale, embora já carregasse como propriedade pessoal, a Icomi, fundada para concorrer com a própria Vale. Utilizando a estatal para produzir lucros particulares.

PS – O filho Eike nasceu rico e poderoso. Se descuidou, foi preso em casa pela Polícia Federal. Seguiu a receita de Daniel Dantas, “só tenho medo da Polícia, lá em cima, eu resolvo”, resolveu. Ninguém sabe onde está a conclusão do ato de prisão.

PS2 – Para o homem mais rico do Brasil ser preso, é necessário que a acusação esteja fundamentada. Estava. Mas as providências lá de cima, também estavam.

PS3 – Eike “funda” empresas que provocam notícias e permitem a concessão de favores. Nem é pelo lucro e, sim, para exibição.

PS4 – Fora a herança “que meu pai me deixou”, abriu ou comprou restaurantes, hotéis, espalhou através dos amestrados, “estou despoluindo a Lagoa Rodrigo de Freitas”. Continua a mesma, ninguém conhece a Lagoa como este repórter. Mas as pessoas acreditam na despoluição. Ha!Ha!Ha! Não riam, é a tragédia da corrupção.

PS5 – É preciso que alguém obrigue Eike Batista a explicar como se tornou o homem mais rico do Brasil. Acho que quem pode fazer isso é a Receita Federal.

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