Egito: o presidente Morsi assume riscos

  Por Moisés Saab*.

(Português/Español).

Cairo (Prensa Latina) As decisões do presidente egípcio, Mohamed Morsi, de reinstalar o parlamento, retirar a cúpula militar e anunciar visitas à China e ao Irã mostram-no como um homem sem temor dos riscos.

Anular a decisão do Conselho Supremo Militar (CSM), dirigido pelo poderoso marechal Hussein Tantaui, de dissolver o parlamento dominado por membros da Irmandade Muçulmana, constituiu um desafio claro cujas consequências puderam iniciar neste país um choque de consequências imprevisíveis.

Morsi ganhou a segunda rodada das eleições presidenciais de junho passado com 51,7 por cento dos votos, frente a 48,3 seu rival, Ahmed Chafiq, próximo ao governo do derrocado “rais” (presidente) Hosni Mubarak, um resultado que evidencia a polarização existente na sociedade egípcia.

Mas essa vitória foi o primeiro passo na trilha que de maneira inevitável o conduzia a uma colisão com o CSM, cujo comando se tinha reservado faculdades quase omnímodas, incluída a autoridade para supervisionar a nova Constituição planejada.

Depois de seu juramento, Morsi tirou uma pausa, mas quase de imediato reconvocou os deputados, um primeiro desafio que seria seguido pelo retiro forçado de Tantaui e do chefe do Estado Maior do Exército, Sani Anan, a quem nomeou seus assessores, talvez por aquilo de que é melhor ter os inimigos por perto.

Ambas decisões não tiveram consequências imediatas, mas há muito em jogo para os militares, que controlam uma porção substantiva da economia egípcia, permanecerem de braços cruzados.

Sem contar que o CSM era o vaso comunicante dos Estados Unidos com o governo egípcio depois da queda do ex-presidente Hosni Mubarak e Israel tem preocupações com a ascensão ao poder de Morsi e dos Ajuan Musulmín (Irmandade Muçulmana), cuja inclinação é pró-palestina sem reservas.

Uma das primeiras decisões do flamante governo egípcio foi revisar o acordo de provisão de gás a Israel a preços preferenciais, medida que transcende o plano econômico e envia uma mensagem clara: a era das relações privilegiadas Cairo-Tel Aviv terminaram.

Para pontuar o aviso, o exército egípcio dispersou foguetes antiaéreos na Península do Sinai, onde ocorreu uma operação militar contra elementos armados, os quais são responsáveis por um ataque no dia 5 de agosto a um posto militar em que morreram 17 soldados egípcios.

Na superfície, a decisão é razoável, mas também tem uma profundidade política: o acordo de paz egípcio-israelense proscreve o estabelecimento de foguetes no Sinai e Morsi não teve o trabalho de informar Tel Aviv.

A sequência de riscos completou-se no último fim de semana quando Morsi anunciou uma visita a China, por convite de seu homólogo Hu Jin Tao, e ao Irã, para assistir à XVI Cúpula do Movimento de Países Não Alinhados (Mnoal).

O aviso, difundido na página oficial do Facebook do mandatário, afirma que em Beijing procurará incrementar os investimentos e as relações comerciais com o gigante asiático, evidência de que o novo governo egípcio procura alternativas a uma eventual suspensão do crescente ajuda econômica que seu país ainda recebe de Washington.

Mas, sem dúvidas, a visita ao Irã é a de maior impacto pois as relações entre Teerã e Cairo na prática são inexistentes: agora os contatos se realizam através de escritórios de interesses em vez de embaixadas.

O Egito presidiu o Mnoal desde a XV Cúpula, realizada na cidade balneário de Charm Al Cheij, no sul do Sinai e entregou-o ao Irã, que a desempenhará por três anos desde o final de agosto, a partir da XVI reunião de cúpula desse agrupamento.

No entanto, a visita de Morsi a Teerã tem uma marcada tinta política, pois ocorrerá no meio de fortes pressões contra o Irã por parte dos Estados Unidos, seus aliados da União Europeia e seu principal aliado no Levante, Israel, onde se fala com crescente ênfase de um ataque em massa contra as instalações nucleares do país persa.

Meios egípcios, entre eles membros da Irmandade Muçulmana, estimam que uma normalização dos laços diplomáticos seria prematura, mas, ao passo que marcha Morsi, está claro que os cálculos e as conveniências são fatores secundários em sua ação.

* Correspondente da Prensa Latina no Egito.

Egipto: El presidente Morsi asume riesgos

Por Moisés Saab*.

El Cairo (PL) Las decisiones del presidente egipcio, Mohamed Morsi, de reinstalar el parlamento, pasar a retiro a la cúpula militar y anunciar visitas a China e Irán, lo muestran como un hombre sin temor a los riesgos.

Anular la decisión del Consejo Supremo Militar (CSM), dirigido por el poderoso mariscal Hussein Tantaui, de disolver el parlamento dominado por miembros de la Hermandad Musulmana, constituyó un desafío claro cuyas consecuencias pudieron sumir a este país en un choque de consecuencias impredecibles.

Morsi ganó la segunda ronda de los comicios presidenciales de junio pasado con 51,7 por ciento de los votos, frente al 48,3 su rival, Ahmed Chafiq, allegado al gobierno del derrocado “rais” (presidente) Hosni Mubarak, un resultado que evidencia la polarización existente en la sociedad egipcia.

Pero esa victoria fue apenas el primer paso en la senda que de manera inevitable lo conducía a una colisión con el CSM, cuyo mando se había reservado facultades casi omnímodas, incluida la autoridad para supervisar la planeada nueva Constitución.

Tras su juramento, Morsi se tomó una pausa, pero casi de inmediato reconvocó a los diputados, un primer desafío que sería seguido por el pase a retiro forzado de Tantaui y al jefe del Estado Mayor del Ejército, Sani Anan, a quienes nombró sus asesores, tal vez por aquello de que a los enemigos hay que tenerlos cerca.

Ambas decisiones no han tenido consecuencias inmediatas, pero hay demasiado en juego como para que los militares, que controlan una porción sustantiva de la economía egipcia, permanezcan de brazos cruzados.

Sin contar que el CSM era el vaso comunicante de Estados Unidos con el gobierno egipcio tras la caída del ex presidente Hosni Mubarak e Israel tiene preocupaciones con el ascenso al poder de Morsi y los Ajuan Musulmín (Hermandad Musulmana), cuya inclinación es pro palestina sin reservas.

Una de las primeras decisiones del flamante gobierno egipcio fue revisar el acuerdo de provisión de gas a Israel a precios preferenciales, medida que trasciende el plano económico y envía un mensaje claro: la era de las relaciones privilegiadas El Cairo-Tel Aviv ha terminado.

Para redondear el aviso, hace apenas horas el ejército egipcio desplegó cohetes antiaéreos en la Península de Sinaí, donde tiene lugar una operación militar contra elementos armados a los que se responsabiliza con un ataque el pasado 5 de agosto a un puesto militar en el cual murieron 17 soldados egipcios.

En la superficie, la decisión es razonable, pero también tiene un trasfondo político: el acuerdo de paz egipcio-israelí proscribe el emplazamiento de medios coheteriles en el Sinaí y Morsi no se tomó el trabajo de informarlo a Tel Aviv.

La secuencia de riesgos se completó este fin de semana cuando Morsi anunció sendas visitas a China, por invitación de su homólogo Hu jin Tao, y a Irán, para asistir a la XVI Cumbre del Movimiento de Países No Alineados (Mnoal).

El aviso, difundido en la página oficial de Facebook del mandatario, afirma que en Beijing buscará incrementar las inversiones y las relaciones comerciales con el gigante asiático, evidencia de que el nuevo gobierno egipcio busca alternativas a una eventual suspensión de la crecida ayuda económica que su país aún recibe de Washington.

Pero, sin dudas, la visita a Irán es la de mayor impacto pues las relaciones entre Teherán y El Cairo en la práctica son inexistentes: ahora los contactos se realizan a través de oficinas de intereses en vez de embajadas.

Egipto preside el Mnoal desde la XV Cumbre, realizada en la ciudad balneario de Charm el Cheij, en el sur del Sinaí y debe entregarlo a Irán, que la desempeñará por tres años a partir de fines de este mes, cuando comience la XVI reunión cimera de esa agrupación.

Sin embargo, la visita de Morsi a Teherán tiene un marcado tinte político, pues ocurrirá en medio de fuertes presiones contra Irán por parte de Estados Unidos, sus aliados de la Unión Europea y su principal aliado en el Levante, Israel, donde se habla con creciente énfasis de un ataque masivo contra las instalaciones nucleares del país persa.

Medios egipcios, entre ellos miembros de la Hermandad Musulmana, estiman que una normalización de los lazos diplomáticos sería prematura, pero, al paso que marcha Morsi, está claro que los cálculos y las conveniencias son factores secundarios en su accionar.

*Corresponsal de Prensa Latina en Egipto.

DEIXE UMA RESPOSTA

Please enter your comment!
Please enter your name here

Esse site utiliza o Akismet para reduzir spam. Aprenda como seus dados de comentários são processados.