#Editorial Tarefa da esquerda para as eleições municipais: escutar e interpretar

Leitores e leitoras do Portal Desacato e audiência do JTT Agora, bom dia.

Segundo pesquisa de PoderData publicada entre os dias 6 e 8 de agosto, a imagem de Bolsonaro tem melhorado e o presidente é o líder isolado de cara às eleições nacionais de 2022 sendo o favorito de 38% dos eleitores. Atrás de Bolsonaro vem Fernando Haddad, do PT, com 14% dos votos. De maneira que, passado mais de um ano e meio deste traumático governo, Bolsonaro aumentou sua vantagem para com o ex-candidato do PT com relação à eleição de 2018. Depois de Haddad, e com menos de 10 % de aprovação, aparece o ex-juiz Sérgio Moro. Ciro Gomes surge com um 6% e Flávio Dino com um 3%.

Isto acontece num Brasil com mais de 3 milhões de infectados pela Covid-19 e mais de 100.000 mortos pela pandemia. Levando em conta a renda, o maior percentual das intenções de voto de Bolsonaro (39%) está entre os desempregados e sem renda fixa. Nesse grupo se localiza a maior fatia das pessoas que hoje recebem o auxílio emergencial. Aquele auxílio que Bolsonaro não estava disposto a dar e que os partidos da oposição conseguiram aprovar, mesmo que de forma rebaixada no Congresso Nacional. O auxílio emergencial virou ferramenta útil da campanha eleitoral permanente do presidente.

O resultado da pesquisa deixa em claro a dificuldade de interpretarmos corretamente o raciocínio que a população tem do atual momento do país. Parece inexplicável que numa situação trágica, confabulada com outros tantos problemas dramáticos em diversas áreas, como emprego, segurança e direitos humanos, se consolide um governo claramente antipopular. Mas é isso o que acontece, o negacionismo está vencendo e precisamos entender o porquê.

Milhões de jovens de até 24 anos preferem Bolsonaro. O índice é muito expressivo: um 40%. Ou seja, uma futura base de sustentação da família Bolsonaro se prepara no horizonte, e não é pequena. Os milhões de brasileiros e brasileiras que apoiam o governo não se incomoda, ao menos aparentemente, com a tragédia do coronavírus, com o desemprego, com entrega do patrimônio nacional, com a violência de Estado, a destruição do meio-ambiente ou com o retorno do Brasil ao mapa da fome. Mas, isso é assim de simples? Talvez não e haverá que buscar, urgentemente, as respostas antes que não haja caminhos de retorno.

O diagnóstico da realidade, a linguagem comunicacional e os eixos defendidos pelo campo popular, sem renúncias nem claudicações programáticas, precisam ser revisados. É decisivo que se aproveitem as eleições municipais para escutar e interpretar corretamente o que a população sente, compreende e busca para sentir-se representada. Sem essa tarefa o Brasil perderá décadas inteiras, viverá num carrossel de tragédias e sucumbirá ao ódio medieval que se apropriou do país.

#Editorial #Desacato13Anos #AOutraInformação

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