Editorial

Florianópolis, 14 de novembro de 2014.

Os desvios do dinheiro público não são novos ao longo de todo o sistema democrático representativo. Além da natureza amoral dessa distorção do destino do dinheiro de todos, o fato representa, indefectivelmente, a falência de um sistema democrático indireto, insuficiente e incontrolável. Preocupa de forma inquietante que muitos setores da sociedade não consigam perceber que esses desvios destituem de recursos às prioridades da sociedade mais excluída.

A história demonstra que, lastimavelmente, uma boa quantidade dos julgamentos desses casos de improbidade e organização para delinquir às costas do que é público prescreve antes da severa punição que a organização social saudável sugere.

Os mais pobres de Florianópolis precisam ser ressarcidos dos prejuízos que os desvios ocasionam ao erário, mas, também precisam refletir. A escolha assimétrica de representantes por via da democracia representativa, onde aqueles que respondem aos interesses dos ricos e do empresariado levam absurda vantagem na lide eleitoral, e ocupam majoritariamente as cadeiras legislativas municipais, demonstra de forma cruel o pouco serviço que a democracia representativa, mínima e precária, presta aos trabalhadores e aos excluídos.

Sem fiscalização diária; sem controle popular dos mandatos; sem assembleias populares que determinem o modelo de cidade que o florianopolitano deseja (fora das maquiagens participativistas), os riscos de que a assimetria continue crescendo para prejuízo das maiorias é inevitável.

A análise dos fatos que conduz a Polícia Federal na operação Ave de Rapina, não pode e não deve ficar constrangido à anedota jornalística ou os ritos jurídicos. A população de Florianópolis deverá perceber que urge mudar a relação apenas tangencial que se tem com os espaços democráticos de poder. Paralisar o hábito de apropriação privada do que a todos pertence não é uma luta para poucos, a sociedade toda deve refletir e atuar em consequência.

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