Editais do MinC valorizarão produções de mulheres, negros e jovens

Sérgio de Sá Leitão: “Reforçamos o olhar para os critérios regionais. Com as novas ações, propusemos um piso mínimo para o reforço da descentralização do conteúdo” / Foto: Antonio Cunha – Correio Braziliense – D.A Press

Por Ricardo Daehn.

Maior volume de editais da Secretaria do Audiovisual promete romper parâmetros de produção, dando mais chance às minorias

Uma real revolução na criação e no escoamento de produtos cinematográficos e televisivos foi anunciado nesta quarta-feira (7/2) pelo Ministério da Cultura. “Vamos reconstruir a governança do que foi estipulado em 2001, com a MP 2228, definindo a atuação conjunta da Ancine e da SAv ( Secretaria do Audiovisual); que antes seguiam um modelo algo independente”, explica, com exclusividade ao Correio, o ministro da Cultura Sérgio Sá Leitão.

Com o novo direcionamento, grande parte dos fundos  reservados à cadeia audiovisual serão guiados por linhas com critérios que alargam a inclusão de novos realizadores (com menos de três produtos anteriores no mercado) e de diretoras mulheres, além de mais expressão para criadores negros e indígenas.

O lançamento de 11 editais gerados no âmbito da Secretaria do Audiovisual injetará R$ 80 milhões e promete resultar no favorecimento de 240 projetos. “Reforçamos o olhar para os critérios regionais. Com as novas ações, propusemos um piso mínimo para o reforço da descentralização do conteúdo. Ao menos, 30% dos projetos selecionados trarão visibilidade para realizadores das regiões Norte, Nordeste e Centro-Oeste. Outras áreas que, inclusive, podem suplantar as metas de representatividade são a região Sul e estados de Minas Gerais e Espírito Santo”, comenta o ministro da Cultura.

Várias frentes de estímulo objetivam trazer recursos para projetos ligados ao público infantil e a material voltado aos 200 anos de independência do Brasil. No montante geral destinado ao audiovisual, a expressão dos novos editais e das futuras ações da SAv está estimada em 20%. Outros 80% estão na ordem da Ancine. “Até junho, nosso programa destinado ao audiovisual terá o traçado completo. Buscamos organizar e unificar as estruturas dos órgãos. Em março, vamos anunciar mais linhas de ação destinadas ao desenvolvimento, à produção e à distribuição. Futuramente, ainda teremos estímulos ligados a apoios internacionais e a coproduções”, adianta Sérgio Sá Leitão.

Mecanismos de indução

O fortalecimento da cadeia produtiva terá o primeiro edital publicado no Diário Oficial, no dia 26 de fevereiro. É sabido, entretanto, que, nas linhas de projetos voltados à infância, nos projetos reservados à celebração dos 200 anos de independência do Brasil e em documentários estruturados com vistas à promoção de cultura afro-brasileira e à promoção de traços indígenas, haverá percentual mínimo de representatividade a ser observado. O anúncio do governo ainda incorpora fomento a mostras, festivais e eventos relacionados ao mercado audiovisual, na ordem de 85 eventos, com previsão de gastos estimados em R$ 16 milhões.

Em termos práticos, ao menos metade dos projetos será de estímulo a jovens diretores e roteiristas; a gradação também vai assegurar a paridade de gêneros (as mulheres serão, no mínimo, metade das beneficiadas, em termos de projetos). Negros e indígenas representarão, ao menos, 25% dos futuros criadores de material audiovisual. No total, R$ 10,4 milhões serão destinados a projetos de longas, séries e documentários, enquanto R$ 53,4 milhões vão respaldar 106 obras voltadas, entre outras modalidades, para longas de animação, documentários e jogos eletrônicos.

Revolução

“Será uma grande inovação, atrelada a uma política compensatória que alcança a SAv. Teremos cotas objetivas e significativas. A Ancine segue na posição complementar, atenta à criação de projetos inseridos no desenvolvimento econômico da cadeia produtiva”, observa o ministro. “A criação de jogos eletrônicos, por exemplo, não está necessariamente ligada ao teor educativo. Queremos que empresas e desenvolvedores possam disputar o crescente mercado, com projetos em melhores condições. Um dos blocos de produtos gerados pelos editais terá impacto previsto para, no máximo, dois anos”, analisa Sérgio Sá Leitão (foto).

A oxigenação do segmento audiovisual se dá num cenário de difusão complexo que leva em conta, no caso de filmes, o grande escoamento de produtos, que não está apenas nas exibições nas salas de cinema. “Temos levado em conta a circulação e o estudo dos produtos em plataformas como o video on demand (VoD), além, claro, das tevês aberta e paga. Haverá várias linhas para atendimento: pela miríade de possibilidades em casos ligados à internet e às cadeias televisivas”, finaliza.

 

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