Duas derrotas pelo preço de uma

Por Raul Fitipaldi.

Nem uma coisa nem outra. Os partidos do campo popular de Florianópolis nem alcançaram o 2º Turno nem se aliaram ao ganhador do segundo. Não restou nada no imediato do que possam gabar-se ou decisão da qual se possam felicitar. O PT e o PCdoB encaminharam ao povo progressista da Capital do Estado a um beco sem saída, primeiro afastando-se das bases sociais e depois, aliando-se explícita ou implicitamente, a um dos candidatos conservadores, em benefício de uma costura política com vistas a 2014.

Os resultados dessas escolhas são mais do que derrotas eleitorais. Submetem à cidade de Florianópolis ao mais retrógrado que existe em matéria de dirigentes locais e desarticula a relação entre os partidos principais do campo progressista com as lutas prementes dos setores sociais. Os movimentos ficaram isolados das elites partidárias, na franca disputa que travam em temas fundamentais como transporte público, urbanização, educação, moradia, segurança e meio-ambiente.

Resta agora uma composição baseada na pequena representação que o campo popular terá na Câmara de Vereadores, com um vereador do PT, outro do PCdoB e mais um do PSOL, que tenha a inteligência e a tolerância de reconstruir entre os cascalhos que deixou o afastamento da campanha da candidata Angela Albino com o campo popular, produto de sua insegurança e a obsessiva ideia da governabilidade de uma cidade que ainda não tinha conquistado.

Duas derrotas em um mês dramático para os partidos do campo popular, já que a própria ausência de uma defesa clara do Voto Nulo por parte da única sigla vitoriosa desse campo, o PSOL, também deixou algumas incertezas que os movimentos sociais deverão avaliar e administrar.

Construir uma oposição clara, de classe, com um debate amplo, autocrítico de todas as partes, através de uma Frente de Lutas, Única, Social e Política, é dever e responsabilidade de todos, os que tomaram as decisões insensíveis ao reclamo e às demandas dos movimentos sociais, e dos próprios movimentos, que precisam assumir a vanguarda dessa oposição, enquanto as direções partidárias lambem as feridas.

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