Douglas Belchior: volta da fome também é culpa de estados e municípios que negam seu papel

Embora governo federal seja “explicitamente genocida” e responsável pela crise, governos locais também têm promovem o desmonte do Estado

Pessoas em situação de rua no centro de São Paulo: explosão da miséria e fome fazem país andar para trás. Foto: Paulo Donizetti de Souza

O historiador e professor Douglas Belchior, ativista da Coalizão Negra por Direitos, traz os detalhes da campanha “Tem gente com fome”, que tem o objetivo de tentar atacar este que um dos principais efeitos colaterais da pandemia. Belchior analisa como a volta da fome tem escancarado o racismo estrutural e demonstrado que a solidariedade sempre foi uma marca das periferias em todo país. Além disso, ele ressalta que o governo Bolsonaro é genocida e já deveria ter acabado.

O professor observa que a lógica de desregulamentação do trabalho conduzida pelos governos nos últimos cinco anos trouxe ainda mais precarização e desigualdade. A população negra acaba, assim, mais fortemente afetada pelo desemprego, a informalidade, o desalento e a falta de perspectivas. Segundo ele, o governo federal, hoje ocupado por Jair Bolsonaro, é explicitamente responsável por esse cenário de crise. Porém, os governo locais – de estados e municípios – também têm parcela de responsabilidade pela volta do assombro da fome. Isso porque também se guiam por teses de desmonte no papel do Estado.

“Mais desemprego, menos condições, mais informalidade, salários menores. Isso sempre afetou a população negra. E o resultado radical disso, num momento como o que a gente vive – de grave crise social resultado de uma pandemia mortal – é o aumento da fome”, afirma Douglas Belchior. “Há uma hegemonia no país de governos que são neoliberais e querem desregulamentar e diminuir a presença do Estado na vida das pessoas”, diz. Ele lamenta o cenário de volta da fome num país em que se havia conseguido conquistar um patamar de dignidade, “ainda que em situação longe do ideal”.

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