Dólar bate a casa dos R$ 4,48 e bancos já reduzem previsão do PIB

FOTO: JEFFERSON RUDY/AGÊNCIA SENADO

Por Plinio Teodoro.

A chegada do Coronavírus ao país e os recentes arroubos autoritários de Jair Bolsonaro causaram pânico na bolsa de valores e no sistema financeiro, que já revê para baixo a previsão do Produto Interno Bruto (PIB), principal índice de crescimento econômico, do Brasil para 2020.

A caminho dos R$ 5, a cotação do dólar chegou a aR$ 4,48 na manhã desta quinta-feira (27) e deve exigir que o governo Jair Bolsonaro queime mais reservas cambiais para segurar a alta.

Nesta quarta-feira (26), a Bovespa fechou em queda de 7%, com o anúncio da chegada do Coronavírus ao Brasil e diante da convocação de Bolsonaro para os atos de 15 de março, pedindo o fechamento do Congresso e do Supremo Tribunal Federal (STF).

O banco estadunidense J.P. Morgan anunciou que cortou sua expectativa para a expansão do PIB brasileiro neste ano, de 1,9% para 1,8%.

Alinhado à política neoliberal de Paulo Guedes, o economista José Roberto Mendonça de Barros, que teve forte atuação nos governos do tucano Fernando Henrique Cardoso, disse em entrevista a O Estado de S.Paulo que teme mais a política de Bolsonaro do que o coronavírus.

“O coronavírus foi aquele fator adicional. Por razões variadas, o PIB está de novo queimando a largada. Uma expressão adequada é que um pouco do encantamento com a política econômica que tínhamos em 2019 se quebrou. E o coronavírus está sendo até algo brutal para acabar com esse encantamento”, disse Mendonça de Barros, que ressaltou ainda que as declarações de Bolsonaro atrapalham o “pique reformista” do Congresso.

“Considerando esses eventos recentes, talvez seja provável que a política esteja atrapalhando mais, porque a incerteza tende a se elevar e porque o pique reformista do Congresso provavelmente vai sentir”, afirmou.

Em entrevista à Fórum, o economista, pesquisador e professor da Unicamp, Marcio Pochmann, acredita, no entanto, que o cenário atual só deve acentuar o impacto negativo causado pela política neoliberal de Paulo Guedes e deve resultar, principalmente, em perdas para os trabalhadores e a população mais pobre.

“A economia brasileira está impactada pelo receituário neoliberal em curso. O seu aprofundamento recente não permitiu, nem permitirá, a recuperação sustentada do nível de produção e emprego decente, muito menos a desconcentração da riqueza e renda nacional. O governo Bolsonaro e os porta vozes do dinheiro sabem disso, porém não admitem. Por isso a busca intensa de justificativas para a continuidade dos infortúnios acumulados pela gestão neoliberal da economia brasileira”, disse.

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