Ditadura: hospitais públicos só atendiam contribuintes da Previdência

Os demais brasileiros eram considerados indigentes e atendidos apenas em serviços filantrópicos

Reprodução Observatório 3ºsetor

Por Maria Fernanda Garcia.

Ditadura militar no Brasil foi instaurada em 1 de abril de 1964 e durou até 15 de março de 1985, sob comando de sucessivos governos militares.

De caráter autoritário e nacionalista, teve início com o golpe militar que derrubou o governo de João Goulart, o então presidente democraticamente eleito. O regime acabou quando José Sarney assumiu a presidência, o que deu início ao período conhecido como Nova República.

Nos últimos anos e agora com as eleições, muitos brasileiros têm pedido a volta da Ditadura Militar como solução para o país. Mas como era o país durante a Ditadura Militar?

Durante o regime militar, não existia o SUS (Sistema Único de Saúde), apenas o INAMPS (Instituto Nacional de Assistência Médica da Previdência Social). O INAMPS foi criado em 1974 pelo governo federal, sendo a assistência restrita aos que contribuíam com a Previdência Social. Os demais brasileiros eram considerados indigentes e atendidos apenas em serviços filantrópicos.

“A imensa maioria da população não tinha acesso”, explicou o cardiologista Mario Fernando Lins em entrevista ao site UOL. O médico já atuava na área durante a Ditadura Militar no Brasil. “Somente após 1988 é que foi adotado o SUS, que hoje atende a uma parcela de 80% da população”, diz Lins.

Em 1976, quase 98% das internações eram feitas em hospitais privados. Hoje 70% dos brasileiros não têm plano de saúde e recorrem ao SUS quando precisam.

O acesso à rede de esgoto e ao abastecimento de água também eram precários. Em 1970, apenas 22,68% dos municípios brasileiros considerados grandes tinham saneamento básico. Dos municípios considerados pequenos apenas, 2,14%, e os médios, 7,65%.

O INAMPS foi alvo de um dos maiores escândalos de corrupção do Brasil. O Escândalo do INAMPS premiou alguns, enriquecendo-os ilicitamente às custas da desgraça das camadas mais pobres da sociedade brasileira. No começo de 1985, o Departamento de Polícia Federal desbaratou o esquema fraudulento do INAMPS com cerca de 30 hospitais, dos 179 conveniados, revelando um rombo de cerca de Cr$ 1,5 trilhão. As fraudes incluíam a emissão fraudulenta de internações hospitalares e consultas inexistentes.

Na época da Ditadura, as pessoas ficavam mais doentes, mas não tinham acesso à saúde. Segundo estudos do IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística), a queda da mortalidade infantil parou entre os anos de 1965 e 1970. Houve apenas uma redução de 6,5 nascimentos por mil habitantes em mais de 100 anos. Sem acesso a hospitais públicos, sem saneamento básico e sem planos de saúde, os brasileiros eram entregues à própria sorte.

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