DIEESE realiza “Café com Conjuntura”

Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos – DIEESE Escritório Geral de SC, realizou um “Café com Conjuntura”, na segunda-feira (23/07) no auditório do terceiro andar da Federação dos Trabalhadores no Comércio de SC (FECESC) entre 8h e 10:30h.
Nos primeiros seis meses deste ano, 167 empresas nacionais foram compradas por multinacionais, recorde de vendas de empresas privadas brasileiras num único semestre, em toda a história do país.

Em relação ao semestre anterior, a desnacionalização de empresas aumentou 77%. São dados da última “Pesquisa de Fusões e Aquisições” da consultoria KPMG, e correspondem às operações “cross border 1” (cb1) – descritas sucintamente como “empresa de capital majoritário estrangeiro adquirindo, de brasileiros, capital de empresa estabelecida no Brasil”.

As multinacionais que adquiriram as empresas brasileiras tem sede, principalmente, nos EUA, França, Inglaterra e Alemanha. As empresas de capital nacional que foram vendidas pertencem à setores estratégicos da economia brasileira. O fenômeno de desnacionalização de empresas brasileiras não é novo, o que espanta é a velocidade do processo.

No intuito de discutir a referida pesquisa e as consequências deste processo para o país, o DIEESE, Escritório Geral de SC, realizou um “Café com Conjuntura”. A idéia foi de um evento rápido, para debate acerca dos principais resultados da pesquisa e eventuais desdobramentos. O evento teve a seguinte programação:

8h Foi servido um café com acompanhamento;

8:30 Exposição da pesquisa e debate

10:20 h Encerramento

O tempo foi escasso, as pessoas queriam intervir mais. Algumas conclusões da discussão:

• Crise mundial com o seu centro nos países desenvolvidos (EUA, Japão e Europa)

• Países emergentes, particularmente os Brics, têm sido extremamente resistentes à crise e transformaram-se hoje no polo do crescimento da Economia Global

• A crise é do próprio centro do sistema global de poder com todas as suas implicações

• As suas consequências deverão ser profundas e persistentes

• Crise atual acabou com o mito de que a globalização financeira tinha posto fim ao Estado-nação

• É o Estado que vem socorrendo os bancos, injetando liquidez, promovendo estímulos fiscais, proporcionando redes de segurança social para desempregados e que tem evitado a escalada da catástrofe

• As soluções nesta crise, ainda que insuficientes, têm vindo sempre dos governos nacionais e não do mercado

• Não fosse a massiva intervenção e o socorro prestado pelo Estado, o mercado financeiro desregulado teria adquirido um poder autodestrutivo tão grande que o sistema financeiro teria praticamente desaparecido

• O mundo vive hoje um “tsunami” de emissões de moeda (são trilhões de dólares emitidos pelo FED -Resrva Federal de EEUU- desde 2008), como mecanismo que facilitam a compra de empresas nacionais já construídas

• É claro que ter os “centros de decisão” sobre nós em outros países, é algo muito grave

• As grandes multinacionais tomam suas decisões de investimento sem levar em conta os interesses do nosso país

• Multinacionais sem controle significam uma forma simples de transferir

riqueza do país onde estão para aquele onde está a sua matriz

• É uma questão prática: não é possível desenvolvimento sustentado que não seja baseado nas empresas nacionais, estatais e privadas

• Um país com economia internacionalizada corre o risco de desindustrialização. A definição das plantas industrias segue uma lógica global das multinacionais, que nem de longe leva em conta os interesses nacionais

• As multinacionais não têm compromisso com o país, suas estratégias são globais e migram quando lhe convém

• É comum nos países desenvolvidos e nos outros Brics a existência de política, principalmente em áreas de tecnologia sensível, que tem como beneficiárias exclusivas empresas de capital nacional

• Estes países têm também uma política firme de compras governamentais (e.g. na área de computadores);

• É comum também a preferência ao capital nacional nos financiamentos com recursos públicos, recursos inclusive dos trabalhadores (como é o do BNDES)

No final o grupo sugeriu alguns temas para discussão em outros “Cafés com Conjuntura”.

Jose Alvaro Cardoso 

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