Depois da pandemia não haverá alegria

Leitores e leitoras do Portal Desacato e audiência do JTT Agora, bom dia.
 
Passados mais de 4 meses de isolamento social e quarentena, além do fastio pelo distanciamento obrigado das atividades sociais e laborais que se exerciam antes da tragédia humanitária, cada pessoa tenta construir um imaginário esperançoso de melhores dias, com emprego, estudo e necessidades básicas contempladas. Não é isso o que as ações dos governos federal e estaduais preparam para a sociedade brasileira. Teremos um país marginal, esfomeado, desempregado e sem rumo.
A crise política estabelecida, que decorre em crises econômica e sanitária superpostas, resulta no desemprego, o desalento e o emprego precário com características de neoescravidão. Enquanto isso, durante o período pandêmico, os mais ricos do Brasil aumentaram seu já indecente patrimônio. A Oxfam Brasil denunciou que a fortuna dos super-ricos cresceu, entre os meses de março e julho, de 123 bilhões de dólares para 157 bilhões. A fortuna desses 42 bilionários, num país de 211 milhões de habitantes, sugere uma nação muito mais do que desigual. O Brasil atual é um país injusto, desonesto e descolado da realidade social.
 
O atual salário mínimo brasileiro é de 1.045 reais. Um trabalhador recebe por hora R$ 4,75, cinquenta centavos a menos do que gasta para pagar uma passagem de ônibus em Florianópolis. Quase duas horas de trabalho diário são investidas na locomoção para poder enfrentar um serviço mal pago. A metade das pessoas em idade laboral está fora do mercado de trabalho no Brasil. Como pensar então que depois da pandemia o Brasil estará melhor e poderá oferecer as condições mínimas de vida à sua população?
 
Em Santa Catarina a pandemia coloca trabalhadores e trabalhadoras contra a parede. Parte do empresariado procura, com a justificativa da tragédia, impor novas derrotas. As reduções de salário e a não reposição da inflação, por exemplo, são medidas com as quais os patrões querem sentenciar os trabalhadores.
 
Transitando na vala comum, na qual o governo Bolsonaro pretende enterrar os últimos direitos que ainda sobrevivem, o empresariado apoiará medidas restritivas à organização e mobilização social, contando com a nova política de defesa nacional que se soma à infeliz Lei Antiterrorismo aprovada no governo de Dilma Rousseff.
 
O ministro da destruição do Brasil, Paulo Guedes, os banqueiros, as transnacionais e as oligarquias locais, contam com o desespero de mães e pais desempregados ou mal remunerados que, frente à crise econômica que se apresenta mais brutal ainda por efeitos da pandemia, poderiam aceitar qualquer condição de exploração para colocar um pão na mesa, num país que voltou ao mapa da fome. Não imaginar um futuro luminoso para depois da pandemia é necessário. Precisamos, ainda em distanciamento social, pensar nas bases de outro Brasil; este não serve mais.
 
#Editorial #Desacato13Anos #AOutraInformação

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