Declaração Balfour: 67 palavras que selaram a tragédia do povo palestino

Há 103 anos, em 2 de novembro de 1917, o então secretário britânico de Assuntos Estrangeiros, Arthur James Balfour, escreveu uma carta ao líder do movimento sionista do Reino Unido, o banqueiro Lionel Rothschild, dizendo que o governo facilitaria o estabelecimento do “Lar Nacional Judeu” na Palestina.
A população palestina de fé judaica representava menos de 10% do total da Palestina à época.
Mesmo assim, o texto, breve, com apenas 67 palavras, foi sancionado pela Liga das Nações (que posteriormente seria substituída pela ONU). A Declaração Balfour, como ficou conhecida, também foi incorporada ao Tratado de Sèvres, em 1920, quando foi selado o acordo de paz entre o Império Otomano (hoje Turquia) e os países Aliados da Primeira Guerra Mundial (Império Britânico, França e Rússia).
Ou seja, além de ter ficado sob domínio dos britânicos após a Primeira Guerra, os palestinos viram suas terras sendo entregues a estrangeiros, os sionistas europeus.
Os britânicos sequer consultaram o povo palestino sobre as possíveis implicações desta declaração. Muito menos os líderes sionistas. A única ressalva feita na minuta é uma promessa vaga de “não atentar contra os direitos civis e religiosos de comunidades não judaicas” – o que a história, décadas depois, trataria de desmascarar.

A Declaração Balfour é um anúncio da Nakba de 1948 e uma prova clara de que o estabelecimento do Estado de Israel na Palestina vinha sendo arquitetado pelos sionistas muito antes dos acontecimentos da Segunda Guerra Mundial. O governo britânico, numa nota aparentemente despretensiosa que acabaria selando o destino de todo um povo, deu salvaguarda às elites judaicas na Europa para a ocupação de um território que já era habitado há milênios por um povo – o povo palestino.
A limpeza étnica na Palestina não é fruto do acaso ou o resultado de um conflito religioso histórico, como muitos insistem em sustentar. É um projeto de supremacia racial e ocupação territorial que prevê a exclusão sistemática de uma população autóctone, numa narrativa que vem sendo normalizada há mais de 100 anos.
O sionismo é uma forma de racismo e Israel é um regime de apartheid – e está mais do que na hora de o mundo encarar isso.

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