Decisão sobre Lula é de cumprimento obrigatório, diz defesa de Lula

Em artigo publicado na Folha de S. Paulo desta terça-feira (28), os advogados Cristiano Zanin Martins e Waleska Teixeira Martins escreveram que a decisão da ONU, de garantir os direitos políticos do ex-presidente Lula, tem caráter vinculante e deve ser obrigatoriamente acatada por todos os poderes no Brasil

 

Na foto, Waleska Teixeira Martins e Cristiano Zanin Martins. Foto: Reprodução Portal Vermelho.

De acordo com texto, ”a natureza do pronunciamento emitido em 17 de agosto pelo Comitê de Direitos Humanos da ONU no caso do ex-presidente Lula é de decisão, e seu cumprimento é obrigatório pelo Brasil, nos três Poderes. Lula não pode ser impedido de concorrer nas eleições de 2018, como decidiu a corte internacional”, escrevem.

Os advogados lembram que tanto ministros do Supremo Tribunal Federal como o Congresso Nacional reconhecem a força dos tratados assinados pelo Brasil.

“As decisões atuais do Supremo Tribunal Federal reconhecem o caráter universal dos direitos humanos e de sua interpretação, além de admitir que as disposições sobre o assunto inseridas em tratados internacionais no mínimo têm caráter supralegal (acima das leis ordinárias). Também reconhecem o caráter obrigatório das decisões proferidas pelas cortes internacionais reconhecidas pelo país. O Comitê de Direitos Humanos da ONU insere-se exatamente nessa realidade após ter sido reconhecido pelo Brasil, de forma soberana e igualmente sem ressalvas, por meio do Decreto Legislativo 311/09. Na última semana, o presidente do Senado Federal, por meio de nota pública, reafirmou a plena vigência desse ato normativo”, afirmam.

“Nessa realidade, em julho de 2016, juntamente com Geoffrey Robertson, levamos ao comitê um comunicado individual – expondo que Lula estava sendo vítima de uma cruzada judicial ilegítima com o objetivo de retirar seus direitos políticos. Mostramos, após diversos recursos rejeitados no país, que o ex-presidente não dispõe de remédios eficazes para paralisar as violações às suas garantias fundamentais”, destacam, e continuam: “O comunicado passou por atualizações, e o Brasil já se manifestou em três oportunidades e em todas elas confirmou o compromisso com o sistema ONU e com o comitê”.

Eles escrevem também que a decisão do comitê tem por objetivo evitar dano irreversível, a fim de preservar o pronunciamento final da corte internacional e expõe a necessidade de um processo justo em relação a Lula.

Cristiano e Waleska ainda fazem um alerta: “A responsabilidade internacional é do Brasil e deve se sobrepor a qualquer orientação política ou a entendimento pessoal dos responsáveis por dar cumprimento à decisão do comitê”.

“O país terá a oportunidade de mostrar ao mundo que respeita a democracia ou definitivamente assumirá que voltou no tempo e se utiliza das mesmas desculpas da ditadura para violar garantias fundamentais e as normas internacionais que se obrigou a cumprir”, finalizaram.

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