Daniela Reinerh diminui a importância da ameaça neonazista segundo Luis Felipe Miguel

Foto: Maurício Vieira – Secom

Reproduzimos um texto do professor Luis Felipe Miguel publicado na sua página Facebook

A governadora interina de Santa Catarina publica hoje artigo na Folha para finalmente dizer que não é nazista.
O pai dela, como agora todo mundo sabe, é um ativista neonazista. Daniela Reinehr escreve um texto longo, derivatório, com ênfase marota na questão de gênero. Quer fazer crer que o problema é ela ser a primeira mulher no governo de seu estado.

Apesar da frase pinçada para o título do artigo (“Não compactuo com o nazismo”), a posição de Reinehr é bem vacilante.
Primeiro, porque “não compactuo” é uma fórmula fraca. De um líder político não se espera que “não compactue” com o nazismo, mas sim que seja ativamente antinazista.
Depois, porque ela se apressa a dissolver o nazismo num conjunto indefinido de ameaças às “instituições democráticas”. Ela escreve: “Não compactuo com o nazismo, assim como rechaço qualquer regime, movimento ou ideologia totalitária que atente contra as instituições democráticas”. Faz questão, portanto, de diminuir a importância da ameaça neonazista. E isso sendo governadora (interina) de Santa Catarina.
Mas, sobretudo, porque ela trata a militância nazista como um mero pecadilho de seu pai, próprio da diferença geracional: “Todos nós, em nossa intimidade, quando estamos sozinhos, sabemos o que é não concordar com a outra geração – e que é preferível não tocar em determinados assuntos a escolher o caminho do embate”.
É como se o pai dela, sei lá, não admitisse que os filhos tomassem o café da manhã de pijama. Coisa de gente velha. Nem vale a pena brigar.
Eu não conheço Reinehr. Nem tinha ouvido falar dela até ela começar a tramar o impeachment de Moisés para herdar o governo. Mas me permito suspeitar que a relação dela com o nazismo é mais complicada do que o artigo tenta sugerir.
Stormfront, a vilã do seriado The boys, diz em certo momento: “Eles gostam de tudo o que a gente faz, só não gostam da palavra ‘nazista'”.
Por isso, para quem deseja se manter no poder pelo voto, convém evitar a palavra. Em alguns casos, o que se evita é só a palavra. Para Reinehr, até esse tributo está sendo difícil pagar.

>

DEIXE UMA RESPOSTA

Please enter your comment!
Please enter your name here

Esse site utiliza o Akismet para reduzir spam. Aprenda como seus dados de comentários são processados.