Criemos frentes solidárias de comunicação contra os oligopólios das elites

Nas últimas décadas, em todo o mundo e com o desenvolvimento e apropriação da comunicação digital, diversos coletivos, alguns que já produziam publicações impressas, se deslocaram até as novas plataformas web para a produção de informação de massa.
A razão foi econômica e ainda hoje ela é a razão fundamental, pois são endêmicos os limites financeiros do processo comunicacional que está às margens da produção dos oligopólios. Os veículos que não pertencem àqueles grupos tradicionais que nasceram na América Latina com as disputas políticas entre as monarquias e as burguesias que impulsionavam as nascentes repúblicas estão fadados ao sacrifício constante, a enormes limitações ou à desistência. Os Estados, com poucas exceções, têm sido e são aliados carnais da imprensa tradicional e conservadora que os representa e não tem querido que os veículos alheios ao ambiente do poder se desenvolvam. As elites não querem contestações, seus governos também não.

Observadas as múltiplas fragilidades que a mídia e os produtores independentes temos é necessário ir além da criatividade, da qualidade, da honestidade e da defesa dos direitos dos e das excluídas: há que multiplicar forças, estender as fronteiras e construir redes de comunicação solidária sólidas, transversais e engajadas na luta contra as assimetrias que não permitem um contraponto à visão uniforme do sistema capitalista, liderado pelos interesses dos Estados Unidos e a União Europeia.

Em tempos de expansão da onda conservadora na América Latina, devemos refletir sobre que possibilidades tem cada projeto independente de comunicação para resistir a esta realidade fechando-se na sua realidade. Pareceria que nenhuma além do sofrimento, e em muitos casos a desaparição. Algumas ideias conseguem resultados benéficos parciais e momentâneos através de campanhas de fidelidade, de apoio a projetos específicos e de algumas leis provinciais que amenizam a assimetria histórica. Somadas todas as possibilidades criadas até agora, o certo é que a possibilidade de interferir no discurso uniforme é muito pequena, obtendo muitíssimas derrotas para cada rala vitória.

Por isso faz muitos anos nossa cooperativa e nosso portal, tentam buscar, com pouca fortuna até agora, aliar-se a projetos que transcendam o próprio território onde se fundaram. Pensar no jornalismo internacionalista, atravessar as fronteiras, compartilhando experiências e horizontes, pode ser uma possibilidade de renovar e somar forças. Seria muito bom atacarmos juntos os mesmos problemas e entender que as lutas dos povos podem ser diversas, mas, em geral o inimigo, aquele que se reúne entre os palácios de governo e a Sociedade Interamericana de Imprensa, é sempre o mesmo.
Precisamos dar o combate ao discurso uniforme, sozinho ninguém pode.

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