Contestado, 100 anos em guerra: o grande museu histórico e antropológico da Região do Contestado pede socorro

Vamos abraçar o Museu do Contestado!

 Dia 21 de novembro de 2015

 17h

Por Nilson Cesar Fraga.

Pesquisador do CNPq

Geógrafo – Universidade do Estado de Santa Catarina

Doutor em Meio Ambiente e Mestre em Geografia

Coordenador do Observatório do(s) Centenário(s) da Guerra do Contestado – UEL/UFPR

Coordenador do Laboratório de Geografia, Território, Meio Ambiente e Conflito – GEOTMAC/UEL

Sócio-correspondente do Instituto Histórico e Geográfico de Santa Catarina

Diretor-Presidente da Associação dos Geógrafos Brasileiros – SLdna

Universidade Estadual de Londrina – DGEO-PROPGEO-UEL

Universidade Federal do Paraná – PPGGEO-UFPR

 

Museu do Contestado, como é popularmente conhecido o Museu Histórico e Antropológico da Região do Contestado, com sede em Caçador, Santa Catarina, vem sofrendo, desde muito tempo, com goteiras e todo tipo de infiltração – sua situação física urge medidas emergenciais imprescindíveis, para garantir a estrutura do prédio histórico e, principalmente, do seu conteúdo – onde está depositado um dos maiores acervos materiais sobre a Guerra do Contestado, a Estrada de Ferro São Paulo-Rio Grande, a história da ocupação da região do Contestado e do acervo arqueológico regional.

Assim como o prédio do Museu do Contestado, a locomotiva e os vagões estacionados ao lado do Museu, estão apodrecendo pela falta de manutenção – o apodrecimento das estruturas é visível e inquestionável.

Faz 15 anos que visito o Museu do Contestado com meus alunos de graduação e pós-graduação, além de professores e outros convidados. Nesses anos, a situação do Museu vem sendo observada por mim e, inquestionavelmente, o mesmo se encontra em pleno processo de deterioração pela ação do tempo e pela falta de investimentos de manutenção, sendo que, nesse momento, ele necessita de uma restauração completa, pois a situação chegou ao limite aceitável para um prédio histórico construído em madeira.

Em suma, todo o patrimônio histórico e arqueológico regional vivencia uma situação de risco.  No dia 31 de outubro de 2015, cheguei ao Museu com meus alunos e alunas de história e geografia, muitos dos quais, professores da rede pública de ensino, vindos do Paraná e nos deparamos com muitos baldes espalhados pelo chão do Museu, além de observarmos muita água, literalmente, escorrendo pelas paredes – uma imagem desoladora, para quem estuda, vive e luta pela coisas do Contestado nesses últimos 15 anos.

Foi triste em ver a situação calamitosa do Museu do Contestado!

Tais fatos envergonham não apenas o município de Caçador, sede do Museu, mas toda Santa Catarina, pois uma cidade tão rica não pode deixar o seu patrimônio a mercê do tempo e no perigo da perda completa de muitos dos objetos que lá se encontram e que são, inquestionavelmente, parte da memória contestadense, catarinense e brasileira.

Desta forma, me questiono: adiantou Caçador promover recentemente uma Semana do Contestado, se seu maior patrimônio se encontra em risco de ser destruído pela ação do tempo?

Confesso que em nada contribuiu a Semana do Contestado para sensibilizar as autoridades e o empresariado local, para, no mínimo, salvaguardar o patrimônio e a memória da cidade e da região depositados nesse Museu. Vergonha alheia de Caçador é o que se pode sentir nesse momento. Mas nos mantemos na Luta, pelo Contestado e pelo seu patrimônio!

Creio que é chegada a hora de conclamar a população municipal e regional para promover um abraço simbólico no Museu do Contestado, tentando, assim, sensibilizar os poderes públicos e privados para que promovam uma ação emergencial para salvar o Museu. Caçador, o Contestado, Santa Catarina e o Brasil merecem isso, afinal, o Museu Histórico e Antropológico da Região do Contestado é uma instituição sem fins lucrativos, que já foi mantido pela Fundação Universidade do Contestado – Campus Universitário de Caçador – UnC-Caçador que, em 1995, sucedeu a Fundação Educacional do Alto Vale do Rio do Peixe – FEARPE e hoje se encontra sobre a tutela municipal.

Criado em 18 de março de 1974, por meio da portaria 01/74 com o objetivo de documentar, restaurar, preservar e guardar viva a memória e a cultura do passado de Caçador e do Meio-Oeste, além de outras áreas da região do Contestado do Estado de Santa Catarina, foi idealizado pelo historiador Nilson Thomé, seu diretor até março de 2004, e pelo antropólogo Thomas Pieters para ser manancial permanente de pesquisa, visando à edificação do conhecimento histórico e a difusão da herança cultural do Contestado às futuras gerações.

A 25 de outubro de 1986, a Universidade do Contestado inaugurou a sede própria do museu: o Edifício “Achylles Stenghel”, prédio de madeira de 460 m2 de área construída, com fundações e composição em concreto armado, cópia fiel ampliada da inicial Estação Ferroviária de Rio Caçador, que foi construída em 1910 e destruída por incêndio em 1943, ocupando um terreno de 3.500 m2 cedido pela extinta Rede Ferroviária Federal S/A, edificado com recursos do Governo do Estado de Santa Catarina e participação do Município e de indústrias locais. O prédio tem dois pavimentos, revelando em seu interior a exuberância natural da madeira de araucária e de imbuia, com o piso todo em pedra, também lembrando como era a velha estação ferroviária,

O Museu do Contestado recebe em média 1000 visitantes por mês, e constituiu-se no mais belo cartão postal e no mais concorrido ponto de atração turística de Caçador, levando o nome da cidade e da história do Contestado a todos os cantos do Brasil e do mundo.

Considerando tais fatores, urge medidas emergenciais para salvar o edifício do Museu do Contestado das intemperes e, assim, garantir que todo esse patrimônio contestadense, catarinense e brasileiro seja salvaguardado da eminente destruição a que está sujeito.

Conclamo os caçadorenses e outros contestadenses para promover um abraço simbólico no Museu do Contestado no dia 21 de novembro de 2015, às 17h, quando estarei em Caçador, em mais uma visita, com meus alunos da Pós-graduação em Geografia da Universidade Estadual de Londrina.

Pelo Museu do Contestado, nos encontramos no dia 21 de novembro!

 

Muséu Contestado DENTRO

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