Conheça Carlos Alvarado, o novo presidente da Costa Rica

O jornalista e politólogo Carlos Alvarado, candidato pelo governista Partido Ação Cidadã (PAC), ganhou o segundo turno das eleições na Costa Rica neste domingo (1º) com 60,66% dos votos, contra os 39,33% obtidos por seu rival, o pastor evangélico Fabricio Alvarado, do Partido Restauração Nacional (PREN).

Carlos Alvarado, novo presidente da Costa Rica

Apesar das previsões de um alto índice de abstenção nas eleições, o Tribunal Supremo da Costa Rica registrou uma participação do 66,91%. As pesquisas de opinião indicavam, até o último momento, a existência de um empate técnico ente os candidatos.

Quem é Carlos Alvarado?

Jornalista, Alvarado entrou na política como assessor do PAC na Assembleia Legislativa e, depois de uns anos no Panamá trabalhando em uma multinacional, voltou ao seu país para ser chefe de comunicação da campanha que levou o atual presidente Luis Guillermo Solís à presidência em 2014.

O mais jovem entre todos os aspirantes ao cargo, com 38 anos, se auto define como “centro-progressista” e anunciou que defenderá a resolução da Corte Interamericana de Direitos Humanos sobre o casamento entre pessoas do mesmo sexo, bem como alguns planos do Gabinete de Solís, como uma reforma fiscal que nunca pôde aprovar por não ter maioria na Assembleia Legislativa. 

Por que o cenário mudou?

Comparecimento às urnas superou expectativa | Foto: Reprodução

Fabrício Alvarado assumiu a dianteira do pleito nos últimos dias, fruto da postura ultraconservadora de seu oponente. Por outro lado, viu-se prejudicado por escândalos de corrupção durante sua gestão no Ministério de Desenvolvimento Humano e de Trabalho.

Um estudo da Universidade da Costa Rica (UCR) revelou que ao longo da campanha eleitoral, 6 em cada 10 pessoas mudaram de preferência quanto ao candidato preferido e ao menos 1 milhão de pessoas estiveram entre os chamados indecisos, quase 40% do padrão eleitoral.

O coordenador da Unidade de Opinião Pública do Centro de Investigação e Estudos Políticos da UCR, Ronald Alfaro, assegurou à emissora TeleSUR que na Costa Rica existe um “debilidade das identidades partidárias”, além de as “bases eleitorais dos partidos políticos serem muito pequenas”.

Alfaro explicou que o debate entre os partidos esteve marcado pela dificuldade de “manejar” a atenção a questões que preocupavam a população, além do tema da corrupção, que atravessou a campanha.

As principais demandas do eleitorado estiveram relacionadas com segurança e delinquência, desemprego, casamento igualitário, promulgação de um Estado Laico, com o fim de tornar ao Estado um ente neutro em matéria religiosa e garantir a liberdade de consciência, destinada a manter-se em silêncio devido ao fundamentalismo religioso imperante nesse país.

Também o aborto e a educação sexual foram temas sensíveis para os eleitores. A Frente pelos Direitos Igualitários (FDI) denunciou o aumento de agressão contra as pessoas da comunidade LGBTI e quantificou 32 casos de violência e discriminação no país.

Por sua vez, a organização Mulheres em Ação denunciou o assassinato de sete mulheres em março. A organização relacionou estes assassinatos com o ambiente de violência e impunidade gerado durante a campanha eleitoral e as declarações políticas de Fabricio Alvarado, que responsabilizou o Instituto Nacional de Mulheres (INAMU) pelas mortes e propôs o fechamento do instituto e sua posterior eliminação.

O que esperar agora?

“O principal desafio é retomar um país onde se vá diluindo a polarização. O governo ganhador tem que conseguir legitimidades importantes dentro e fora e materializar as alianças na Assembleia Legislativa”, disse o especialista em comunicação política da Universidade de Costa Rica (UCR), Gustavo Araya.

Araya explicou que os próprios partidos tradicionais da Costa Rica permitiram o surgimento do “pequeno partido”, cujo candidato é um pastor evangélico que junto a seus adeptos defendeu o discurso de ter sido predestinado a governar.

O analista assegurou que tanto Carlos como Fabricio Alvarado optaram por um modelo econômico liberal, com uma inclinação para a centro-direita.

(*) Com informações da TeleSUR

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