Conexão Lava Jato na Argentina: A longa mão da corrupção

mano-largaPor Débora Mabaires, Buenos Aires, para Desacato.info.

Tradução: Elissandro Santana.

O juiz que investigava a partir do Brasil a maior rede de corrupção política-empresarial da história da América Latina perdeu a vida quando o avião que o transportava caiu no mar a poucos quilômetros de onde deveria pousar.

Quando os argentinos nos inteiraram do acidente sofrido por Teori Zavaski na quinta-feira, dia 19 de janeiro, um arrepio percorreu a nossa alma.

Poucos dias antes, havíamos tido conhecimento das investigações que se levavam a cabo sobre o atual Diretor da Agência Federal de Investigações de nosso país, Gustavo Arribas, amigo do presidente Mauricio Macri.

Algumas investigações locais e denúncias feitas nos anos 90 colocam Arribas como figura de Mauricio Macri na venda do passe de jogadores de futebol do time Boca Juniors, entre eles Carlos Tévez, cujo passe foi vendido ao Corinthians. As denúncias realizadas por alguns jogadores da época mostravam que para conseguir o passe para algum time estrangeiro deviam renunciar à porcentagem que lhes correspondia e transferi-la para o nome de Gustavo Arribas.

O presidente Macri, ademais, alugou o próprio apartamento ao amigo, embora, é claro, não apresentou contrato ou recibos de pagamentos. De fato, em uma coletiva de imprensa organizada com os meios de comunicação que o protegem,disse que não compreendia por que acusavam Arribas de alguma coisa, já que não possuía nenhuma relação com a Odebrecht, empresa brasileira que é objeto da investigação.

O Diretor da Agência Federal de Investigações, o serviço secreto de nosso país, recebeu transferências bancárias de 600.000 dólares, segundo denunciou à justiça brasileira, Leonardo Meirelles, condenado a cinco anos de prisão e aceito no regime de delação premiada.

Direto de Hong Kong, RFY Import & Export Limited, que a Justiça brasileira já classificou como “empresa de fachada”, transferiu para a conta que Gustavo Arribas tem na filial Zurich of Credit Suisse, um paraíso fiscal, cinco diferentes quantias de dinheiro.

Alberto Youssef, chefe de Meirelles e também condenado a oito anos de prisão, confessou haver feito transações entre setembro de 2001 e maio de 2011, de maneira constante; e que também foram realizadas transações adicionais entre 2011 e 2014 para contas particulares “de um intermediário, sob o entendimento de que os pagamentos eram para beneficiar funcionários públicos argentinos”.

O primeiro dos pagamentos para Gustavo Arribas foi realizado um dia depois de que se atribuísse uma importante e multimilionária licitação à união de empresas que a Odebrecht formava com Ángelo Calcaterra, o primo de Mauricio Macri, a quem por seus escassos recursos financeiros muitos também afirmam que era testa de ferro do presidente.

A morte violenta do juiz Teori Zavascki, com certeza, atrasará as investigações sobre o funcionário argentino e dará oportunidade para que seus advogados desenhem uma estratégia de defesa.

Porém, quem viveu na Argentina nos últimos trinta anos não pode ignorar a semelhança do acidente aéreo do juiz brasileiro Teori Zavascki com o de um funcionário argentino ocorrido em 1995.

Ricardo Mansuetto Zinn havia sido funcionário público com um alto cargo nos anos 70 e 80. Ele foi o criador da nacionalização da dívida privada em 1981, cujo propósito foi salvar a empresa FIAT de seus problemas financeiros. Na Argentina, a Fiat foi administrada por Franco e Mauricio Macri.

Após o Estado argentino tomar conhecimento da dívida da empresa, em 1982, Franco Macri mandou o empregado Ricardo Mansuetto Zinn renegociar um novo período para continuar administrando-a. Da Itália, lhe avisaram que seu enviado estava tentando ficar com a concessão da Fiat.

Franco Macri demitiu Ricardo Mansuetto Zinn em termos muito ruins e forçou-o a vender suas ações na Fiat Argentina.

Em 1989, Ricardo Mansuetto Zinn voltou ao governo que estava nas mãos de Carlos Menem para iniciar o período de privatizações. Então, os Macri iniciaram uma incansável oferta de poder para que fosse afastado do cargo, algo que não conseguiram pelas excelentes vinculações com o poder financeiro e corporativo.

Em 1995, o avião privado que levava Ricardo Zinn Mansuetto, o então presidente da empresa petroleira nacional YPF, José Estenssoro e Juan Pedrals Gili, gerente geral da Empresa Nacional de Petróleos do Chile, caiu contra uma montanha, sem que falhas técnicas fossem relatadas à torre de controle.

Naquele lugar da Bolívia, naquele dia, naquela hora, o sol brilhava com força. A história futura da família de Macri também.


La conexión Lava Jato en Argentina: La larga mano de la corrupción

Por Débora Mabaires, Buenos Aires, para Desacato.info.

El juez que investigaba desde Brasil la más grande red de corrupción político-empresaria de la historia latinoamericana perdió la vida cuando el avión que lo trasladaba se estrelló en el mar a unos pocos kilómetros del lugar donde debía aterrizar.

Cuando los argentinos nos enteramos del accidente sufrido por el juez Teori Zavascki el día jueves 19 de enero, un escalofrío nos recorrió el alma.

Apenas unos días antes, habíamos conocido las investigaciones que llevaba a cabo sobre el actual Director  de la Agencia Federal de Investigaciones de  nuestro país, Gustavo Arribas, amigo personal del presidente Mauricio Macri.

Algunas investigaciones locales y denuncias hechas en los años ’90, colocan a Arribas como testaferro de Mauricio Macri en la venta de pase de jugadores de fútbol del club Boca Juniors, entre ellos Carlos Tévez cuyo pase fue vendido al club Corinthians de Brasil. Las denuncias realizadas por algunos jugadores de esa época señalaban que, para conseguir el pase a algún club extranjero, debían resignar el porcentaje que les correspondía y transferirlo a nombre de Gustavo Arribas.

El presidente Macri, además, dice alquilarle su propio departamento a su amigo, aunque, por supuesto, no presentó contrato ni comprobantes de pago. De hecho, en una conferencia de prensa organizada con los medios de comunicación que lo protegen, dijo que no comprendía por qué acusaban a Arribas de algo, si no tiene nada que ver con Odebrecht, la empresa brasileña que es objeto de la investigación.

El director de la Agencia Federal de Investigaciones, el servicio secreto de nuestro país, recibió transferencias bancarias por 600.000 dólares, según denunció a la justicia brasileña Leonardo Meirelles, condenado a cinco años de prisión, y que se acogió al régimen de delación premiada.

Desde Hong Kong, RFY Import & Export Limited, a la que la Justicia brasileña ya catalogó como “empresa de fachada”, transfirió a la cuenta que Gustavo Arribas tiene en la sucursal Zurich del Credit Suisse; es decir, en un paraíso fiscal, cinco diferentes montos de dinero.

Alberto Youssef, jefe de Meirelles y también condenado a 8 años de prisión, confesó haber realizado transacciones entre septiembre 2001 y mayo de 2011 de forma constante; y que  se realizaron también transacciones adicionales entre 2011 y 2014, a cuentas privadas “de un intermediario bajo el entendimiento de que los pagos eran para beneficio de funcionarios públicos argentinos”.

El primero de los pagos a Gustavo Arribas fue realizado un día después de que se adjudicara una importante y multimillonaria  licitación a la unión de empresas que Odebrecht conformaba con Ángelo Calcaterra, el primo de Mauricio Macri, a quien por sus escasos recursos financieros, muchos también señalan como testaferro del presidente.

La muerte violenta del juez Teori Zavascki seguramente retrasará las investigaciones sobre el funcionario argentino y dará lugar a sus abogados a diseñar una estrategia de defensa.

Pero quienes hemos vivido en Argentina los últimos 30 años no podemos soslayar la similitud del accidente aéreo del juez brasileño  Teori Zavascki con el de un funcionario argentino ocurrido en 1995.

Ricardo Mansuetto Zinn había sido funcionario público en los años 70 y 80. Fue el creador de la estatización de la deuda privada en 1981, cuya finalidad era salvar a la empresa FIAT de sus problemas financieros. En Argentina, la Fiat estaba administrada por  Franco y Mauricio Macri.

Luego de que el Estado argentino se hiciera cargo de la deuda de la empresa, en 1982, Franco Macri envió a su empleado Ricardo Mansuetto Zinn a renegociar un nuevo período para continuar administrándola. Desde Italia, le avisaron que su enviado estaba intentando quedarse él con la concesión.

Franco Macri despidió  a Ricardo Mansuetto Zinn en muy malos términos y lo obligó a vender sus acciones en Fiat Argentina.

En 1989, Ricardo Mansuetto Zinn volvió al gobierno de la mano de Carlos Menem para iniciar el período de privatizaciones, entonces los Macri inician una denodada puja de poder para que fuera alejado de su cargo, algo que no consiguieron por las excelentes vinculaciones con el poder financiero y corporativo.

En 1995, la avioneta privada que transportaba a Ricardo Mansuetto Zinn; al entonces presidente de la empresa petrolera nacional YPF, José Estenssoro; y a  Juan Pedrals Gili, gerente general de la Empresa Nacional de Petróleos de Chile, se estrelló contra una montaña, sin que se reportaran fallas técnicas a la torre de control.

En ese lugar de Bolivia, ese día, a esa hora, el sol brillaba a pleno. La historia futura de la familia Macri, también.

 

DEIXE UMA RESPOSTA

Please enter your comment!
Please enter your name here

Esse site utiliza o Akismet para reduzir spam. Aprenda como seus dados de comentários são processados.