Comunitário: “Seja bem-vindo 2016, te esperamos com um Jornalismo comprometido com a causa da vida”

Por Claudia Weinman, para Desacato.info. 

O Jornal Comunitário, que em dezembro de 2015 chega a sua quinta edição impressa, deseja mostrar aos leitores das comunidades periféricas, da cidade e dos interiores dos municípios do Extremo-oeste catarinense, o quanto cresceu nestes últimos anos com o desejo de transformação e luta por uma comunicação libertadora. Com ajuda de jovens militantes da Pastoral da Juventude do Meio Popular (PJMP), Pastoral da Juventude Rural (PJR), além das alianças constituídas a partir de companheiros\as, deseja compartilhar parte das experiências vivenciadas dentro e para além de sua região de abrangência nesta edição especial, que traz matérias relacionadas a comunidades, aos povos, as lutas, as conquistas coletivas.

Sua distribuição já está acontecendo na cidade de São Miguel do Oeste\SC, e em janeiro, essa experiência deve chegar aos lares de camponeses\as, operários\as de outras cidades, pelas mãos dessa juventude comprometida e que se mostra resistente nestes tempos sombrios que nos ameaçam mas também nos unem.

Abaixo, segue o editorial assinado pelo coletivo PJMP\PJR. Entendendo que sempre é necessário avançar, o Comunitário também é resultado de um esforço coletivo de quem sequer teve a oportunidade de estudar em uma universidade, esforço de quem é negado o trabalho, o direito a vida com dignidade. Por isso, é símbolo importante de resistência. E assim:

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Na última edição do ano, Comunitário reforça seu compromisso com a comunicação e a vida dos povos\comunidades

“O Jornal Comunitário despede-se do ano de 2015 com a percepção de que é preciso avançar. Neste ano, enfrentamentos importantes foram feitos, onde denunciamos, no eixo da imprensa conservadora local, a nossa insatisfação com o comércio de informações que historicamente difamam os povos e ferem sua diversidade. Ao denunciar o Golpe da Mídia na marcha do sete de setembro, onde celebra-se uma falsa independência, despertamos o pensar de quem meramente acompanhava o povo nas ruas. Distribuímos nossos exemplares e muita gente negou-se nos sorrisos. Muitos nem sequer, aceitaram receber o Comunitário em suas mãos, fazendo-nos entender que estamos no caminho certo e que precisamos trabalhar as bases para podermos denunciar com maior força de voz e escrita, as mazelas que tanto afligem o povo brasileiro e nossos irmãos/as que movimentam-se por outros países.

Em tempos difíceis, onde a América Latina tem sido alvo de tanta violência e perturbação, acreditamos também que é preciso intercalar o pensamento. Principalmente refletir sobre a nossa capacidade de mobilização. As mudanças históricas aconteceram sempre em meio a conflitos, insatisfações, e a unidade do povo brasileiro para mudar as estruturas que ferem toda classe trabalhadora explorada continua essencial. Temos uma grande imprensa conservadora controlada pelas forças nacionais e internacionais que patrulham nossas vidas, mas por outro lado, temos a força da organização popular, da classe que muito sofrida, quer ser livre e quer libertar.

Podemos destacar as tantas viagens que a juventude da PJMP e PJR fez neste ano e as alianças construídas que tornaram-se a maior prova de que existe vida na luta do povo. É preciso falar que no Comunitário agora, se expressa com maior clareza obtida junto aos companheiros\as indígenas, que é necessário mais do que nunca defender a terra mãe, e se preciso for, fechar rodovias. Enquanto tiver um irmão\a passando necessidade, morrendo de desgosto porque a terra prometida lhes foi tomada por fazendeiros e pistoleiros, é imprescindível segurar os punhos erguidos, a consciência em alerta e as foices e enxadas a postos.

O atual momento nos preocupa, na verdade, a história toda nos machuca, pelas negações aos nossos direitos, em especial, a vida com dignidade. Além do que tem acontecido no Brasil, com o avanço de forças Fascistas no Congresso Nacional, vale ressaltar o que outros países do mundo enfrentam, três dos casos, podem ser citados, na Venezuela com a tomada da direita Venezuelana sobre a Assembleia Nacional, na Argentina, com a Direita assumindo a presidência e passando por cima de avanços populares significativos para a história do país e da democracia, além dos massacres na Palestina. Em todos os casos, o que está em jogo nada mais é do que a manutenção de um determinado bloco no poder aliado a uma forte corrente de negociatas. “Mas apesar de tudo isso, latifúndio é feito inço, que precisa acabar”, diria o cantador Pedro Munhoz. Não podemos desistir.

A classe operária e camponesa precisa assumir a postura. Afinal, pensar no Brasil, no mundo, sobre a base de partidos políticos não faz sentido, considerando os ‘acordismos’ feitos. Somos nós, o povo, as gentes, que sobre todas as dificuldades, vamos ter que construir as mudanças. Como? Denunciando, saindo das casas cômodas, espalhando informações, disseminando a prática do trabalho de base. Recordando sempre: A imprensa tradicional não falará de nós. Por isso, criemos nossos próprios meios e vamos comunicar de porta em porta. Lembrem-se: É preciso tirar as ‘botas’ e entrar na casa para dialogar. Seja bem-vindo 2016, te esperamos com um Jornalismo comprometido com a causa da vida”. Assinado pelo Coletivo PJMP\PJR-SC.

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