Com 162 mil mortes, Bolsonaro celebra vitória contra Doria após suspensão de vacina

Em guerra política com Doria, Bolsonaro celebra a suspensão arbitrária dos testes pela Anvisa da vacina Coronavac produzida pelo Instituto Butantan.

Foto: Marcos Corrêa/PR

Cada vez mais fica evidente o uso político da vacina contra a covid-19 tanto por Bolsonaro quanto por Doria. A Anvisa, sem apresentar maiores explicações ao Instituto Butantan a frente dos testes com a Coronavac, chegou ao cúmulo de suspender os experimentos alegando “evento adverso grave” após o relato de um problema com um voluntário dos testes.

Sem mostrar provas, o presidente Jair Bolsonaro foi às redes sociais nesta terça-feira, 10, acusar a vacina chinesa contra a covid-19 de causar “morte, invalidez e anomalia” e cantar vitória na disputa política que vem travando com o governador de São Paulo, João Doria, em torno do imunizante. “Mais uma que Jair Bolsonaro ganha”, escreveu.

“Morte, invalidez, anomalia… Esta é a vacina que o Dória queria obrigar a todos os paulistanos tomá-la”, escreveu Bolsonaro, em referência à vacina produzida pelo Instituto Butantan, de São Paulo, e o laboratório chinês Sinovac. “O presidente disse que a vacina jamais poderia ser obrigatória. Mais uma que Jair Bolsonaro ganha”, completou.

O problema com o voluntário ocorreu em 29 de outubro, mas o órgão federal não detalhou qual evento adverso foi observado no participante. Ainda não se sabe se ele tomou a vacina ou placebo. A suspensão da Anvisa ocorreu no mesmo dia em que Doria havia demagogicamente anunciado para o dia 20 de novembro a chegada das primeiras doses do imunizante, escassas 12 mil doses bastante insuficientes para a população.

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No mês passado, dados apresentados pelo Butantan haviam mostrado grau elevado de segurança da vacina. Segundo a apresentação à época, a incidência de eventos adversos entre os voluntários do Butantan foi de 35% ante pelo menos 70% nas outras vacinas testadas. A comparação foi feita com dados das pesquisas de outros quatro imunizantes em estudos: Moderna, Pfizer/BioNTech, Oxford/AstraZeneca e CanSino.

Em função da disputa política entre eles e as frações da burguesia que representam, são colocadas em risco as vidas de milhões, especialmente trabalhadores, negros e pobres. Isso deixa claro que o que está em jogo para Bolsonaro e Dória não é a vida da população, mas sim o uso político do tema, quando na realidade, assim como fizeram durante toda a pandemia, não disponibilizam a testagem massiva para a população, se negando a impor a reconversão da produção industrial que seria capaz de produzir respiradores mecânicos e leitos de UTI, obrigando milhões de pessoas a seguir trabalhando em condições insalubres.

Devemos batalhar para que nossas vidas não estejam a serviço dessas disputas políticas e dos lucros dos monopólios que brigam pelos bilhões oferecidos pela vacina. Ela precisa ter produção estatal, sob controle e fiscalização das organizações de trabalhadores da saúde e científicas, e distribuição rápida e massiva para todos que queiram, assim como as demais medidas, equipamentos e condições de prevenção e tratamento contra a Covid-19, e que todo sistema de saúde seja centralizado sob controle dos trabalhadores, para que possa atender a população e não os lucros dos grandes empresários.

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