Colatto chama demarcações indígenas de “retaliação” e CIMI diz que Deputado é desinformado

Por Claudia Weinman, para Desacato. Info. 

Da bancada ruralista catarinense, o Deputado Federal, Valdir Colatto, (PMDB) por meio de sua assessoria, encaminhou nesta semana, uma nota à imprensa questionando o que ele denomina de “onda de demarcações de terras indígenas” que estão acontecendo no Brasil. Em nota, Colatto questiona o “Decreto publicado em 29 de abril, última sexta-feira, sem número, que declara de interesse social, para fins de desapropriação, imóvel rural localizado no município de Chapecó, que envolve as localidades de Praia Bonita, Gramadinho e Lajeado Veríssimo, destinado a assentar famílias da comunidade indígena Kaingang da Aldeia Kondá”.

Segundo a nota: “São 2,3 mil hectares destinados a demarcação indígena questionados pelo parlamentar.  Segundo ele, trata-se de um mutirão de retaliação que o Governo Federal está fazendo em todo o país neste final de mandato da presidente Dilma. Colatto cita que, hoje, 13% do território brasileiro é de terras indígenas e o Governo Federal insiste a chegar a 25%. Para Colatto o indígena necessita de política de cidadania e não de ampliação de terras”.

Além de desinformado, Colatto atua há mais de 20 anos contra os direitos indígenas”.

Em repúdio a nota divulgada pela asssessoria de Colatto, que também encaminhou um áudio do Deputado manifestando sua empatia com os direitos dos povos indígenas, o representante do CIMI, da regional Sul, Jacson Santana, enfatizou que Colatto além de desinformado, atua há mais de 20 anos contra os direitos dos indígenas, ocupando cargos em conselhos decisórios para o processo de demarcação das terras indígenas.

Santana detalha que especificamente no que diz respeito a terra indígena Kaingang da Aldeia Kondá, os indígenas ocupam essa área desde o ano de 1999 e que a área de terra foi comprada pela Fundação Nacional do Índio (Funai), isso porque, segundo Santana, a cidade de Chapecó foi reconhecida como terra indígena. “Como os indígenas não queriam morar na cidade, foi comprada essa terra em troca da terra tradicional”, explicou.

Sobre os questionamentos e críticas do Deputado, Santana salienta que os povos se mantém em resistência, ainda mais, segundo ele, sendo nítida a atuação do Deputado contra os indígenas, uma vez que, conforme Santana, o financiamento da campanha do Deputado depende também da bancada que ele defende.

“Vamos pedir para o Michel Temer anular esses decretos que estão aí para retalhar e prejudicar o Brasil”

Como não é a primeira vez que Colatto faz menção aos povos indígenas com preconceito, Santana explica que nenhuma palavra mais surpreende, no entanto, ele enfatiza que é necessário manter toda comunidade indígena em alerta.

Em uma das falas proferidas por Colatto, ele salientou que a presidente Dilma Rousseff está “criando dificuldades para o Brasil”, ao fazer decretos e desapropriação de áreas para demarcação indígena. Mesmo sabendo que a presidente pouco fez nesse sentido, já é o suficiente para colocar a bancada ruralista atenta para derrubada desses direitos dos povos nativos.

Colatto ameaçou e disse que a bancada irá para Brasília reivindicar a anulação dos decretos em curso no Brasil. “Nós vamos à Brasília para pedir para o Supremo Tribunal Federal para anular esses atos. Vamos pedir para Michel Temer para anular todos esses decretos que estão ai para retalhar e prejudicar o Brasil. Isso é uma irresponsabilidade da presidente. Quem vai pagar isso é o povo brasileiro. Vamos agir com toda energia para que sejam anulados esses decretos”.

Mesmo diante de tais atemorizações, a resistência é mantida. Os guerreiros/as não se calarão diante de uma bancada que deseja silenciar os povos. Ao contrário, a cada palavra que ofende, mais punhos se erguem, em defesa da vida, da demarcação das terras indígenas, em defesa do povo brasileiro.

 

 

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