Coisas de Macrilândia

Parque Centenario “em obras”

Por Carolina Carvalho.

De Buenos Aires, para Desacato.info.

É mais difícil reivindicar por uma cidade com espaços realmente públicos se nunca se vivenciou esse tipo de cidade.  O direito a cidade para mim era algo muito abstrato. Foi vivendo em Buenos Aires que pude entender um pouco mais em que compreende este direito.

Direito a cidade é estar sem dinheiro num sábado à noite e poder ir com os amigos tomar umas cervejas no parque mais perto da sua casa. É ter espaço para poder fazer seu exercício físico a qualquer hora do dia. É ter as necessidades atendidas no espaço urbano.  É poder estar fora de sua casa sem pagar por isso. É poder escolher pagar pelos serviços dos locais privados e não que isso seja obrigatório!

Vivendo um ano na cidade de Buenos Aires pude vivenciar um pouco essa escolha entre o público e o privado. Vejo que esta possibilidade de escolha me faz poder disfrutar da cidade sem estar sob controle de quanto falta para acabar meu dinheiro.  O que faz diferença? O bom transporte público, espaços verdes, praças, centros culturais, jardins, ruas com calçadas largas, atividades culturais ao ar livre, etc.  Todos estes recursos vem do investimento no bem público, Buenos Aires (ainda) é uma cidade com frutos deste investimento.

Toda essa forma de vivenciar a cidade não é construída de um dia para outro. Existe uma história política e cultural por trás. Mas isso pode ser destruído aos poucos. Como? Com um governo de direita que privatiza os espaços e tem como slogan a “segurança pública”. Segurança de quem? Classe média. O que isso implica? Pagar por utilizar a cidade. O que antes poderia ser uma escolha, aos poucos Mauricio Macri, chefe do governo da cidade de Buenos Aires, está transformando em imposição.

O Parque Centenário, um dos parques mais belos e arborizados da cidade, utilizado para eventos culturais, shows, prática de esportes e lazer em geral, está sendo fechado com grades pelo governo da cidade para que seja mais bem cuidado e para evitar a criminalidade dentro do parque.  A solução não teve discussão política, o parque esta sendo totalmente cercado e seu acesso vai ser restringido ao horário de 8 da manha a 10 da noite.  É necessário restringir o acesso a um parque público para seu cuidado e segurança? Existem outras formas, o povo pede outras formas.  O governo repete a solução padrão capitalista que leva os cidadãos a deixar de escolher e conservar sua segurança estando dentro de suas casas, ou dentro de qualquer outro lugar que dinheiro compre.

Nesta lógica o lazer se torna sinônimo de cárcere. Para Macri e muitos outros governantes, a segurança pública se resolve dando o poder de satisfazer as necessidades dos cidadãos aos capitalistas e seus meios de produção. Aos poucos as opções vão diminuindo e o que resta é a busca por um lugar na classe média. A busca por dinheiro para poder estar sempre sob um teto seguro. Assim, o governo consegue mais clientes ao capitalista e o capitalista financia seu próprio sistema político.

Foto: http://www.26noticias.com.ar/

DEIXE UMA RESPOSTA

Please enter your comment!
Please enter your name here

Esse site utiliza o Akismet para reduzir spam. Aprenda como seus dados de comentários são processados.