Chile anuncia congelamento de salário de Bachelet e de altos funcionários do governo

Bachelet na segunda, no Palácio da Moeda
Bachelet na segunda, no Palácio da Moeda

Por Victor Farinelli.

Segundo ministro da Fazenda chileno, país “precisava dar sinal de austeridade”; deputados ganham equivalente a R$ 38, 5 mil e senadores, R$ 53 mil

O governo chileno anunciou na segunda-feira (21/09) o congelamento dos salários para os funcionários de alto escalão dos poderes Executivo e Legislativo, incluindo o da presidente, Michelle Bachelet, dos seus ministros, de deputados e dos senadores.

O anúncio foi feito pelo ministro da Fazenda, Rodrigo Valdés, em evento em que foi acompanhado pelos presidentes do Senado (Patricio Walker) e da Câmara dos Deputados (Marco Antonio Núñez). Contudo, o projeto ainda precisa ser aprovado no Congresso, o que deve acontecer rapidamente, já que tramita em caráter de urgência e tem o apoio das bancadas tanto do governo, quanto da oposição.

Bachelet em encontro com comissão do Senado e da Câmara de Deputados na segunda, no Palácio da Moeda

Prevista para entrar em vigor em 1º de dezembro, a medida corresponde ao pacote de ajustes que o governo prometeu em maio de 2015 e tem o objetivo de, entre outras coisas, criar condições para que o governo possa negociar um reajuste real com os demais servidores públicos.

“A capacidade de negociar um reajuste para os trabalhadores do setor público este ano está condicionada a alguns cortes que ainda precisamos fazer, e à contenção de gastos como a que estamos fazendo aqui, impedindo o aumento para as altas autoridades do governo e do Legislativo”, explicou Valdés.

Segundo o ministro da Fazenda, o país latino-americano “precisava dar um sinal de austeridade, reconhecer que o Estado hoje é menos rico do que as projeções indicavam para este ano, e que por isso precisa se adequar a essa realidade”.

Atualmente, os deputados chilenos recebem um salário de 6,6 milhões de pesos (o equivalente a R$ 38, 5 mil), enquanto o dos senadores é de 9,2 milhões (cerca de R$ 53 mil).

No evento, Walker recordou que, em 2014, foi apresentado um texto semelhante que não havia sido aprovado. Porém, o deputado independente Vlado Mirosevic, autor do antigo projeto de lei, corrigiu a informação: “a proposta que votamos no ano passado era para diminuir o salário dos deputados e quando apresentam agora um congelamento, o que me preocupa é que poderiam cortar gastos aqui, mas preferem fazê-lo em outros setores, ainda não sabemos quais”.

Reforma das leis do trabalho

Outra voz que mostrou dúvidas em relação à medida governamental foi a de Bárbara Figueroa, presidente da CUT (Central Unitária dos Trabalhadores). “Queremos um governo que se antecipe às demandas, como está fazendo agora, mas que também não seja intransigente ao negociar mais tarde, para e que não aconteça o mesmo que na greve dos professores, em junho”, argumentou a dirigente sindical.

Em entrevista ao canal estatal TVN, Figueroa recordou que a mobilização dos docentes da rede pública durou quase um mês, e que espera uma negociação menos conflitiva com a ANEF (sigla em espanhol da Associação Nacional dos Funcionários Públicos), que deve começar no próximo mês de novembro.

Além disso, Figueroa lembrou também que o governo patrocina atualmente um projeto de reforma das leis do trabalho, que se encontra atualmente em discussão dentro das comissões do Congresso Nacional chileno. “Desde Salvador Allende, nunca um governo chileno tinha escutado os trabalhadores por tanto tempo, mas nosso medo agora é que as conquistas que conseguimos incluir no projeto sejam derrubadas no Legislativo, pelo lobby empresarial”, afirmou.

*No Santiago

Foto: Efe

Fonte: Opera Mundi

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