Chapa formada apenas por mulheres tenta reduzir desigualdade no Conselho de Arquitetura de SC

Por Marcelo Zapelini, para Desacato.info.

Embora as mulheres sejam 61% dos profissionais catarinenses de arquitetura, apenas duas participam do Conselho de Arquitetura e Urbanismo (CAU) em SC. Os homens ocupam 14 cadeiras. Para tentar resolver esse problema de representatividade, um grupo lançou uma chapa exclusivamente feminina nas eleições para a autarquia federal, ontem, 12, no CIC.

Avaliam que há chances das mulheres conquistarem sete cadeiras nas eleições, que são proporcionais. Cada chapa ocupa um número de cadeiras proporcionais ao número de votos que recebeu.

“A nossa proposta de trabalho foi traçada com a participação de arquitetos homens, que fazem parte do nosso grupo de apoio”, explicou Vânia Marroni Burigo, candidata à conselheira federal.

Os mandatos das eleitas pela chapa serão participativos, para isso criarão um fórum em que arquitetos e outros profissionais discutirão sobre as pautas em andamento no CAU.

“A gente entende que a arquitetura tem uma função social muito importante e que os arquitetos precisam dar respostas à sociedade em relação a esses problemas”, pontuou a arquiteta. O déficit habitacional e o acesso dos mais pobres aos arquitetos são dois pontos que a chapa quer enfrentar.

Para o vereador Lino Peres (PT) a iniciativa, que é inédita no país, obriga que os arquitetos vejam o rosto das mulheres e também favorece a democratização da arquitetura, no contexto do direito à cidade. “O controle da arquitetura é coletivo”, analisou.

A arquiteta Elisa Jorge revelou que profissionais de todo o país avaliaram que a decisão de se criar uma chapa feminina é histórica e precisa ser documentada. Além disso, ela analisou que a iniciativa mostra que SC não está fadada ao conservadorismo. “Tem pessoas aqui dentro, tem movimentos aqui dentro, tem toda uma sociedade que está tentando romper com esse estigma que SC tem”, indicou.

Para o presidente do Instituto dos Arquitetos do Brasil em SC (IAB/SC), João Villanova Galhardo, as mulheres tiveram muita coragem ao criar a chapa. Essa coragem e determinação “surpreenderam os seus colegas arquitetos e fizeram compreender a grandeza do gesto”. Para ele, o gesto assume “a proporção da verdade mais profunda”: a sociedade “não admite de fato o lugar que deve ocupar a mulher, no centro das decisões”.

A professora da UFSC e arquiteta Maria Inês Sugai, que compõe a chapa, avaliou que a iniciativa tira os arquitetos da zona de conforto. “A partir de hoje, as eleições no CAU nunca mais serão as mesmas”, destacou.

Ela ainda elogiou a iniciativa dos homens e mulheres da chapa “CAU para todos”, que decidiram não participar do processo eleitoral em apoio à Chapa “Arquitetas para o CAU”.

“São pessoas que estão pensando não a questão carreirista, estão pensando politicamente, no melhor sentido possível, na construção da unidade”, disse a professora.

 

Foto de capa: Marcelo Luiz Zapelini, para Desacato.info.

3 COMENTÁRIOS

  1. Parabéns pela matéria! Muito interessante e corajosa essa iniciativa. Com certeza precisamos de mais mulheres em todas as esferas, de mais mulheres participando dos espaços de decisões!

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