Centro e esquerda rompem no Chile, pela 1ª vez desde fim da ditadura

Senadora Carolina Goic foi lançada como candidata à Presidência do Chile pela Democracia Cristã. Agência EFE
Senadora Carolina Goic foi lançada como candidata à Presidência do Chile pela Democracia Cristã. Agência EFE

O partido chileno Democracia Cristã (DC) decidiu que não vai participar das primárias da Nueva Mayoria, coalizão que levou Michelle Bachelet ao poder no país, e deve disputar com candidatura própria a Presidência nas eleições do próximo dia 19 de novembro. Isso sinaliza o fim da união de centro-esquerda que vem governando o país desde o fim da ditadura (exceto durante o governo de Sebastián Piñera – 2010-2014).

Assim, os dois principais partidos que formavam a Nueva Mayoria devem sair com candidatos próprios, já que as primárias que definiriam um postulante único não acontecerão. Pela DC, a escolhida é a líder da agremiação, a senadora Carolina Goic. Os partidos de esquerda se reuniram em torno da candidatura do senador independente Alejandro Guillier após a desistência do ex-presidente Ricardo Lagos.

A Nueva Mayoria é uma coalizão descendente da Concertación, que juntou a DC, o Partido para a Democracia (PPD), o Partido Radical Socialdemocrata (PRSD), o PS (Partido Socialista) e outros menores na época do plebiscito que decidiu pela saída do ditador Augusto Pinochet. Entre 1990 e 2010, todos os presidentes chilenos saíram desta coalizão: Patricio Aylwin, Eduardo Frei (democratas-cristãos), Ricardo Lagos e Michelle Bachelet (socialistas).

A sequência só foi interrompida com a eleição de Piñera, e a Concertación foi para a oposição. Em 2013, novos partidos se juntaram à coalizão e formaram a Nueva Mayoria: Esquerda Cidadã, Partido Comunista e Movimento Amplo Social. Rebatizado, o grupo de partidos levou Bachelet novamente ao governo.

Analistas especulam que a Democracia Cristã pode, na verdade, estar usando a candidatura de Goic como moeda de troca em negociações para cargos no parlamento. Por outro lado, membros da DC insistem na candidatura da senadora e justificam o ato como uma busca pela própria identidade do partido.

A DC não emplaca um presidente (ou uma presidenta) há 17 anos. Além disso, vem perdendo influência e poder pelo país, reduzindo o número de prefeituras que governa. Para engrossar o caldo, a popularidade de Bachelet está na casa dos 20%, e uma postura mais distanciada da atual governante pode ajudar na eleição.

Goic aparece nas pesquisas com 2% das intenções de voto, muito atrás de Piñera (que lidera), Guillier  e da jornalista Beatriz Sánchez, da Frente Ampla.

Frente Ampla

A Frente Ampla chilena se inspira na sua versão uruguaia e diz querer ser uma alternativa de esquerda aos atores tradicionais da política do país. A coalizão começou com a Revolução Democrática (RD), fundada pelo deputado Giorgio Jackson, e com a Esquerda Autônoma, do também deputado Gabriel Boric. Os dois foram líderes do movimento estudantil que tomou as ruas do Chile durante o governo Piñera.

A RD chegou a fazer parte do governo Bachelet, mas se afastou em 2016 em uma tentativa de descolar sua imagem da administração impopular. Além desses dois partidos, outros 11 participam da coalizão.

Em 28 de maio, a Frente Ampla irá fazer uma consulta para decidir quem vai lançar como candidato em novembro: se Sánchez, que aparece em terceiro lugar nas pesquisas, ou o sociólogo Alberto Mayol.

Fonte: Opera Mundi.

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