Censura em Santa Catarina: Advogada é ameaçada de prisão por livro de ficção que teria personagem inspirado em juiz de São José

Saíle Barreto nega acusações: “Foi coincidência. Não sei o nome completo dos juízes. Mal e mal conheço os primeiros nomes de alguns deles”

Saíle Barreto Foto: Reprodução/Instagram

Por Lucas Vasques.

Estimulada por Jair Bolsonaro, a censura volta com força ao país e alcança os mais diferentes setores. O Ministério Público de Santa Catarina (MP-SC) processou a advogada e escritora Saíle Barreto, porque ela publicou um livro de ficção, no qual um dos personagens seria inspirado em um juiz de São José (SC).

Saíle, inclusive, foi ameaçada de prisão, caso divulgasse documentos sigilosos sobre o caso, de acordo com informações da coluna de Guilherme Amado, na Época.

“Causos da comarca de São Barnabé” foi publicado em ebook pela advogada e tem como um dos personagens o juiz Florisbaldo Mussolini. Na avaliação do MP-SC, Saíle cometeu os crimes de calúnia, difamação e injúria contra o juiz Rafael Rabaldo Bottan, de São José (SC), cidade que tem 250 mil habitantes onde ela mora.

Geovani Werner Tramontin, promotor que cuida do caso, sinalizou, inclusive, com pedido de prisão, por ela ter, supostamente, publicado documentos do processo, que tramita em sigilo.

“Requer-se o aumento da multa diária, bem como a intimação da denunciada para que retire o conteúdo do ar em 24 horas, e se abstenha de postar novamente, sob pena de ser decretada prisão preventiva, já que as medidas paliativas e alternativas à prisão não surtiram efeito”, escreveu Tramontin.

“A denunciada criou enredos, em uma vã tentativa de fugir das responsabilidades, cujo personagem principal se chama ‘Florisbaldo Mussolini’, restando mais do que evidente que Florisbaldo se refere ao sobrenome do juiz Rabaldo. Denigre a imagem não só de uma pessoa (magistrado atacado), mas de todos os magistrados que lá trabalham”, afirmou o representante do MP-SC.

Desmentido e processo

Saíle negou as acusações: “Foi coincidência. Não sei o nome completo dos juízes. Mal e mal conheço os primeiros nomes de alguns deles. Nome do meio, olha, foi forçado”, publicou em sua página no Facebook “Diário de uma advogada estressada”.

A advogada revelou que está sendo processada civil e criminalmente pelo juiz Rabaldo, que pede uma indenização de R$ 100 mil por danos morais.

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