Censo 2010 revela modesta redução do analfabetismo

Por Larissa Cabral.

De 2004  até agora o País investiu mais de R$ 3,4 bilhões em programa de redução do analfabetismo mas, em uma década (2000 a 2010),  a queda no contingente de iletrados foi de apenas 382 mil pessoas. São 14,6 milhões de analfabetos no Brasil; 208 mil em Santa Catarina

O Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) divulgou nesta quarta-feira (16), o resultado do Censo 2010, pesquisa realizada por 191 mil recenseadores, em 67,6 milhões de domicílios de 5.565 municípios. O trabalho revela dados sobre quem somos, quanto somos, onde estamos e como vivemos. Nesta edição, destacam-se a redução do analfabetismo, a manutenção dos quadros de desigualdade entre gêneros, regiões e raças e a precariedade no sistema de saneamento básico.

De acordo com o Censo 2010, atualmente somos 190.755.799 milhões morando no Brasil, cuja população é majoritariamente urbana (84,4%), com idade média de 32,1 anos, sendo 31,3 anos para os homens e 32,9 para as mulheres. Em 2010, as idades médias mais altas estavam nas regiões Sul (33,7 anos) e Sudeste (33,6).

Santa Catarina registra 6.249.682 habitantes, com crescimento populacional de 1,55%, na última década. Mais de metade dos catarinenses (50,38%) é mulher, totalizando 3.148.595, ou seja, há 47.508 mulheres a mais que homens no Estado. Nossa população está concentrada na área urbana (84%), deixando apenas 1.000.485, no meio rural. Há 50 anos, 67,6% dos catarinenses moravam nas áreas rurais.

Analfabetismo

Os números divulgados pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) na quarta-feira (16) mostram que muito pouco se avançou na batalha pela redução de iletrados na população brasileira.

O IBGE considera alfabetizadas aquelas pessoas que saibam ler e escrever o próprio nome. Nesta edição da pesquisa, a instituição contabilizou 14.612.084 analfabetos a partir de 10 anos de idade (9,02% do total, nessa faixa etária), no Brasil. Em 2000, esse número era 14. 994.412, ou seja, 10,95% da população àquela época, com mais de 10 anos de idade, o que totaliza apenas  382.328 menos analfabetos em uma década, no país. (veja tabelas abaixo)

No Estado – Em Santa Catarina, do total de 6.248.436 habitantes (3,27% dos habitantes do país) registrados pelo Censo 2010, há 5.405.906 com mais de 10 anos e a taxa de analfabetismo, nessa faixa, é de 3,86%, ou seja, 208.744 catarinenses com mais de 10 anos não sabem ler nem escrever o próprio nome. Em 2000, esse número era de  212.181 (4,85%). Em uma década, menos de 3,5 mil deixaram de ser analfabetas.

Em Santa Catarina, dos domicílios visitados, registrou-se 5.405 906 pessoas com 10 anos ou mais, sendo que a população urbana nessa faixa etária é formada por 4.543.258 pessoas e a rural por 862.621. Nessa idade, 208.744 dos catarinenses são analfabetos. Na área rural, 58. 187 estão nessa situação, assim como 105.560 da área urbana.

Idade – Entre as pessoas de 15 anos ou mais a taxa caiu de 13,6% em 2000 para 9,6% em 2010, na média do país. Na área rural, porém, o analfabetismo nessa faixa etária ainda é de 23,2% e nas menores cidades do Nordeste, com até 50 mil habitantes, ela ainda atinge 28% das pessoas nessa faixa etária e 60% dos idosos.

Na faixa entre 15 e 19 anos, a taxa de analfabetismo atingiu 2,2% em 2010, mostrando redução em relação a 2000, quando era de 5%. Por outro lado, no contingente de pessoas de 65 anos ou mais, este indicador ainda é elevado, alcançando 29,4% em 2010.

Já entre crianças de 10 a 14 anos de idade, houve queda de 7,3% (1,258 milhão de crianças) em 2000 para 3,9% em 2010, totalizando 671 mil crianças analfabetas no país. O maior percentual foi registrado no estado de Alagoas (22,5%).

Enquanto na média do país a proporção de adolescentes e jovens que não sabiam ler e escrever atingia 2,5%, no Nordeste era quase o dobro (4,9%), com pouco mais de 500 mil pessoas nessa faixa etária. Na Região Sul o percentual era de 1,1% e na Sudeste, de 1,5%.

Entre jovens e adultos, o levantamento revela que em 1.304 municípios a taxa de analfabetismo era igual ou superior a 25%. Entre eles, 32 não contavam com o programa Educação de Jovens e Adultos (EJA). A maioria está localizada no Nordeste.

Analfabetismo e raça – O Censo 2010 também evidenciou as diferenças em termos de alfabetização nos resultados segundo cor ou raça. Enquanto entre os brancos, o percentual de analfabetos para pessoas com 15 anos ou mais era de 5,9%, entre os negros atingiu 14,4% e entre os pardos, 13%.

Analfabetismo e renda – Entre as pessoas de 10 anos ou mais de idade sem rendimento ou com rendimento mensal domiciliar per capita de até ¼ do salário mínimo, a taxa de analfabetismo atingiu 17,5%, ao mesmo tempo que classe que vivia com 5 ou mais salários mínimos foi de apenas 0,3%.

Nas classes de mais de ¼ a ½ e de ½ a 1 salário mínimo domiciliar per capita, a taxa caía de patamar, atingindo 12,2% e 10,0%, respectivamente, mas ainda bastante acima daquela da classe de 1 a 2 salários mínimos (3,5%). Nas faixas seguintes, a taxa de analfabetismo prosseguiu em queda, passando de 1,2%, na classe de 2 a 3 salários mínimos, a 0,3%, na de 5 salários mínimos ou mais.

Na área urbana e na rural – O indicador diminuiu de 10,2% para 7,3%, na área urbana, e de 29,8% para 23,2%, na rural. Região – As maiores quedas em pontos percentuais se deram no Norte (de 16,3% em 2000 para 11,2% em 2010) e Nordeste (de 26,2% para 19,1%), mas também ocorreram reduções nas regiões Sul (de 7,7% para 5,1%), Sudeste (de 8,1% para 5,4%) e Centro-Oeste (de 10,8% para 7,2%). A menor taxa encontrada foi no Distrito Federal (3,5%), e a maior foi de 24,3%, em Alagoas.

R$ 3,4 bilhões com o Brasil Alfabetizado – Na data em que se comemorou o Dia Nacional da Alfabetização (14 de novembro), o site Contas Abertas postou uma matéria sobre o programa Brasil Alfabetizado, vinculado ao Ministério da Educação (MEC) e voltado para a alfabetização de jovens, adultos e idosos. Com base em dados do Governo Federal, a matéria informa que “entre 2004 e 2011, aproximadamente R$ 3,4 bilhões foram desembolsados com a rubrica. Só este ano, R$ 482,4 milhões já foram pagos. A previsão é que R$ 935,1 milhões sejam desembolsados até o final de dezembro”.

O texto aponta também dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) sobre a melhora na taxa de analfabetismo no País: “Entre 2004 e 2009, a população maior de 15 anos, apresentou redução de 1,8% no índice. Apesar disso, acredita-se que existam 14,1 milhões de analfabetos no país, número correspondente a 9,7% da população nessa faixa etária”.

Íntegra da matéria no link: http://contasabertas.uol.com.br/WebSite/Noticias/DetalheNoticias.aspx?Id=706

Números atuais – Como mostrou o Censo de 2010, ainda temos 14,6 milhões de brasileiros, com 10 anos ou mais, sem saber escrever seu próprio nome

Brasil em 2010

População total: 190.755.799

População a partir de 10 anos: 161.990.266

Analfabetismo a partir de 10 anos: 14.612.084 – 9,02%

Brasil em 2000

População total: 169.799.170

População a partir de 10 anos: 136.881.115

Analfabetismo a patir de 10 anos: 14.994.412 – 10,95%

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Santa Catarina em 2010

População total: 6.248.436

População a partir de 10 anos: 5.405.906

Analfabetismo a partir de 10 anos: 208.744 – 3,86%

Santa Catarina em 2000

População total: 5.356.360

População a partir de 10 anos: 4.374.244

Analfabetismo a partir de 10 anos: 212.181 – 4,85%

(Fonte:IBGE)

Mais informações sobre o Censo 2010

Saneamento

O saneamento representa o principal atraso no desenvolvimento socioeconômico brasileiro. Em 2000, 62,2% dos domicílios tinham acesso à rede de esgoto e fossa séptica. Em 2010, esse percentual ainda é de 67,1%. As disparidades entre as regiões em 2010 mostram situação ainda pior: enquanto no Sudeste o percentual é de 86,5% e no Sul, de 71,5%, no Centro-Oeste ele é de 51,5% e, no Nordeste, é de 45,2%. Ou seja, mais da metade dos domicílios no Nordeste não contam com rede de esgoto. No Norte, o percentual chega a ser pior: 32,8%, o que significa que cerca de 70% dos domicílios não têm rede de esgoto. Já abastecimento de água por rede geral atingiu 90,3% dos domicílios do Sudeste, bem acima dos 54,5% na região Norte.

Renda

O Censo 2010 detectou, ainda, que, embora muitos indicadores tenham melhorado em dez anos, as maiores desigualdades permanecem entre as áreas urbanas e rurais. A concentração de renda é ainda flagrante: 42,8 % dos rendimentos domiciliares está concentrado nos 10% da população, que ganha mais, enquanto os 10% mais pobres têm apenas 1,3% desses rendimentos. No Nordeste, a concentração de renda é maior – 10% mais pobres não conseguem ficar nem com 1% da renda (0,9%).

A cor da pele ainda se apresenta como fator determinante na economia brasileira. Constatou-se que a população branca ganha até 2,4 vezes mais que a negra nos municípios de maior porte (mais de 500 mil habitantes) e o homem ganha 42% mais que a mulher ((R$ 1.395 contra R$ 984). Atualmente, quase 40% das famílias são chefiadas por mulheres.

Raça

 O Censo 2010 detectou também mudanças na composição por cor ou raça declarada. Dos 191 milhões de brasileiros em 2010, 91 milhões se classificaram como brancos, 15 milhões como pretos, 82 milhões como pardos, 2 milhões como amarelos e 817 mil indígenas. Registrou-se uma redução da proporção brancos, de 53,7% em 2000 para 47,7% em 2010, e um crescimento de pretos pardos e amarelos. Foi a primeira vez que um Censo Demográfico registrou uma população branca inferior a 50%.

Novidades

 Duas das novidades deste Censo são dados sobre emigração internacional e óbitos: pela primeira vez, o IBGE perguntou se havia integrantes da família morando no exterior, e se havia ocorrido alguma morte na família. O Censo identificou 491.645 brasileiros vivendo no exterior. Esse número, contudo pode ser maior, pois o Ministério das Relações Exteriores contabiliza de 2 milhões a 3,7 milhões. São Paulo (21,6%) e Minas Gerais (16,8%) são os estados de onde saíram mais brasileiros para morar em outro país. A maioria, 60%, foram emigrantes entre 20 e 34 anos, com as mulheres predominando em todos os grupos de idade. Estados Unidos (23,8%), Portugal (13,4%), Espanha (9,4%), Japão (7,4%), Itália (7,0%) e Inglaterra (6,2%) foram os países que mais receberam brasileiros.

A pesquisa registrou 1.034.418 mortes (591.252 homens e 443.166 mulheres) no país entre agosto de 2009 e julho de 2010. Na faixa entre 20 e 24 anos, Alagoas é o estado em que mais homens morrem, em relação ao número de mortes de mulheres, por conta da violência: enquanto a média do Brasil é de 419,6 óbitos de homens do grupo de 20 a 24 anos de idade para 100 óbitos de mulheres.

No registro de óbitos de crianças menores de um ano de idade — grupo vulnerável a condições de vida precárias –, o Censo registrou 3,4% de mortes no país, uma queda de 85,4% em relação aos dados do Registro Civil de 1980. No entanto, todos os estados do Norte estão acima dessa média nacional. O estado em pior situação no país é o Amazonas, com 8,5%.

O grupo de 70 anos ou mais de idade, que representava 2,3% da população em 1980, passou em 2010 para 4,8% do total. A consequência desse processo de envelhecimento populacional é o aumento da participação dos óbitos desse grupo no total de mortes. Para o Brasil, a participação dos óbitos da população de 70 anos ou mais de idade foi de 43,9%. Oitenta por cento das mortes de jovens entre 20 e 24 anos são de homens

(Fontes: IBGE, Agência Brasil e O Globo)

Colaboração: Rita Lombardi (Adjori/SC)

 

 

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