Caxias do Sul – Protesto na rua e debate: repúdio às reformas

Fotos: Karine Endres e Rose Brogliato.

As reformas da Previdência Social e Trabalhista, propostas pelo Governo Temer, foram alvo de protesto em Caxias do Sul, no entardecer desta segunda-feira, dia 17. Uma caminhada luminosa organizada pelos sindicatos e movimentos sociais chamou a atenção para o prejuízo aos direitos trabalhistas e previdenciários que estas propostas representam.

Com velas e um caixão simbolizando as perdas caso as reformas sejam aprovadas, a caminhada teve início em frente ao Sindicato dos Metalúrgicos e percorreu ruas centrais no final da tarde.

“Este ato faz parte das movimentações de abril que culminam com a Greve Geral no próximo dia 28. Precisamos de mobilização e união dos trabalhadores e da sociedade, caso contrário viveremos um retrocesso que vai acabar com os direitos conquistados, voltando a um regime de escravidão”, comentou a diretora do Sindicato dos Metalúrgicos, Eremi Melo.

Olga Neri de Campos, coordenadora de comunicação do Sinpro/Caxias, destacou que os professores do ensino privado serão profundamente afetados pelas reformas. “O Sinpro/Caxias está participando das mobilizações conjuntas para barrar as reformas e está atuando pela conscientização da categoria sobre o momento político que atravessamos”, destacou.

O ato prosseguiu até o Tri Hotel, local de realização da audiência pública promovida pela Comissão do Trabalho, Administração e Serviço Público (CTASP), da Câmara dos Deputados, para discutir a Reforma Trabalhista. O evento, sob a coordenação do deputado federal Assis Melo (PCdoB-RS), também abordou temas como a terceirização e a reforma da Previdência.

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O representante da CUT-RS, Antônio Guntzel, iniciou o debate afirmando que nunca se viu tanta vontade de boa parte do parlamento, judiciário e do presidente de retirar direitos da classe trabalhadora. “Nos cabe fazer a resistência, com a responsabilidade de não permitirmos que nossos filhos e netos recebam um país mergulhado na fome e na miséria. Porque, se aprovarmos tudo o que estão querendo, certamente o Brasil se tornará, novamente, o país da fome”, afirmou.

Marcos Verlaine, assessor do Departamento Intersindical de Assessoria Parlamentar (DIAP), denunciou a pressa do governo Temer em retirar direitos trabalhistas. “A população ainda não se deu conta de que a Reforma Trabalhista é tão ou mais nociva do que a Reforma da Previdência.” Segundo ele, só o povo na rua poderá barrar esse retrocesso. O assessor chamou a atenção para o fato de que a crítica à CLT se transformou em um mantra do mercado. Segundo ele, alegam que a CLT é antiga, pois completa 74 anos no dia 1º de maio, mas ignoram que a mesma já teve 85% do seu texto atualizado e que as reformas que estão sendo propostas já foram aplicadas em outros países e provocaram empobrecimento e desemprego.

O presidente da CTB-RS, Guiomar Vidor, ressaltou que o debate é muito importante porque estamos vivendo um novo ciclo político, em que as forças conservadoras que emergiram com o afastamento da presidente Dilma avançam com muita intensidade. Segundo Guiomar, a questão central do afastamento da presidente Dilma é o tipo de Estado que se quer. “O que aconteceu com o impeachment, esse golpe institucionalizado, é o fim do pacto social criado ou construído com a Constituição de 1998”.

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Ao encerrar o evento, o deputado federal Assis Melo chamou a atenção para a gravidade dos fatos discutidos na audiência. “Não podemos escutar tudo o que foi dito aqui e sair da mesma forma que entramos”, disse. “Os trabalhadores e as trabalhadoras de nosso país não serão ‘gado indo para o abatedouro’! No próximo dia 28 estaremos de pé, protestando contra a retirada de nossos direitos por esse governo ilegítimo! O que está em risco não são apenas nossos direitos, mas a nação!”, argumentou.

A audiência também contou como debatedores o juiz Rodrigo Trindade de Souza, presidente da Associação dos Magistrados da Justiça do Trabalho, 4ª Região (AMATRA IV); Rafael da Silva Marques, titular da 4ª Vara do Trabalho; Paulo Juarez Vieira, procurador regional do trabalho e Oniro Camilo, presidente da Nova Central Sindical do Trabalho (NCST-RS).

 

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