“Cascaes – memórias do homem de argila crua”, da Cia. Aérea de Teatro

O espetáculo “Cascaes – Memórias do Homem de Argila Crua”, da Cia Aérea (Florianópolis), com direção da Cia Periplo Companhia Teatral (AR), volta aos palcos de Florianópolis numa curta temporada de verão, no Teatro do Sesc Prainha, de 12 a 14 e de 19 a 22 de fevereiro, sempre às 20 horas.

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A montagem homenageia Franklin Cascaes (1908-1983), um dos pesquisadores artistas mais importantes de Santa Catarina.

Quando: 19 Fevereiro 2015, Quinta-feira, às 20 horas
Onde: Teatro do SESC Prainha
Endereço: Travessa Syriaco Atherino, 100 – Centro
Quanto: Gratuito

Cascaes dedicou a vida a registrar os costumes e folclore de sua época, que lhe foram base para ilustrações, esculturas, gravações e textos permeados de discursos povoados de metáforas. O espetáculo “Cascaes- Memórias do Homem de Argila Crua” revela o universo mitológico do pesquisador artista, no qual vivem bruxas, boitatás e outros seres fantásticos. Na obra de Cascaes está presente também a cultura folclórica ilhoa, os costumes de sua época e seus gritos de protesto que queriam chamar atenção para as mudanças que prejudicavam a natureza e favoreciam o individualismo, dito por ele bruxólico.

No palco, caixas aos poucos têm seu conteúdo revelado. Ilustrações, textos e esculturas entram em cena pelas mãos dos personagens, seres poéticos que ganham vida para apresentar o grande projeto de Cascaes. Eles são interpretados por Luiza Lorenz, Margô Ferreira e Egon Seidler, responsáveis por conduzir os espectadores ao um passeio pelo mundo de Frankolino, como Franklin Cascaes era carinhosamente chamado. “Estes seres poético têm a ânsia de amplificar a voz de Cascaes e suspendê-la no ar”, afirma a diretora Andrea Ojeda.

A direção da peça é da Cia Periplo, de Buenos Aires, Argentina. A ideia, segundo Luiza Lorenz, foi entregar os textos que inspiraram a montagem a profissionais gabaritados e que não haviam tido contato com a obra de Cascaes. “A entrega da direção a estrangeiros fez com que fossem revelados aspectos que nos escapam, por estarmos tão próximos e termos como base reflexões enraizadas no inconsciente da população daqui”, afirma Luiza, proponente do projeto vencedor do Edital Elisabete Anderle de Estímulo à Cultura 2013.

Cascaes tem 925 trabalhos bidimensionais, sendo 504 esboços, 421 composições, desenhos a bico de pena e a lápis; e 2.700 peças confeccionadas em argila crua e gesso calcinado. “Frankolino deixou sua obra, uma obra que nos sussurra ao ouvido: ‘pouca coisa é a vida sem o anseio formidável de ampliar suas fronteiras’”, observa a diretora, parafraseando o filósofo espanhol José Ortega y Gasset (1883 – 1955).

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Francolino realizou milhares de trabalhos…coletou uma infinidade de histórias e lhes deu forma de desenhos bidimensionais, esculturas confeccionadas em argila crua, composições, esboços, manuscritos, crônicas de seres fantásticos e mulheres metamorfoseadas. Desse mundo de visões exóticas adquirem vida os seres que, com o coração agitado, nos convidam a submergir na obra. Seres com ânsia de amplificar sua voz e suspendê-la no ar.

“…eu acredito na superstição, como uma grande beleza do espírito humano. Estas histórias fantásticas do homem querendo enaltecer a natureza; o homem fantasia a natureza. Isso é uma coisa extraordinária: viver nesse ambiente, onde não se tem que pagar impostos. Os entes são todos fantásticos. Agora, quando abro esta porta, já recebo recados: o imposto de renda, a conta de luz, do gás, do aluguel. Aqui nesse quarto não tem nada disso: As bruxas não gastam NADA! Eu passei a vida inteira escrevendo, anotando, desenhando, escutando pessoas e fazendo esculturas. Foram milhares e milhares de trabalhos… Há artistas que produzem sua obra de uma maneira, outros de outras. Cada um pinta, escreve, desenha de acordo com suas experiências. Eu faço minha arte a partir da convivência: Eu vivi tudo isso! O sol brilhava, a lua também, as estrelas pareciam que estavam sorrindo. Minha arte é recriação do que eu vivi, do que eu vejo!”

Frankolino deixou sua obra. Ali está! Uma obra que nos sussurra ao ouvido: Pouca coisa é a vida sem o afã formidável de ampliar suas fronteiras…

A obra é inspirada na vida e obra de Franklin Cascaes, resgatando visões e reflexões dos estudos feitos sobre sua produção por: Heloisa Espada, José Coelho ‘Peninha’, Adalice Maria de Araujo, Péricles Prade, Aline Carmes Krüger, Hermes José Graipel Júnior, Luciane Zanenga Scherer, Cristina Castellano, Vanilde Rohling Ghizoni, Carmen Lúcia Fossari, Jone Cezar de Araújo, Raimundo C. Caruso, Marileá M. Leal Caruso, e nos pensamentos incomensuráveis de Micea Eliade e José Ortega y Gasset. Obrigado a todos pela desinteressada colaboração.

Ficha técnica

Atores: Egon Seidler, Luiza Lorenz e Margô Ferreira
Assistência de direção: Julieta Fassone
Direção e dramaturgia: Andrea Ojeda
Desenho cenográfico: Ojeda-Fassone
Recriação das esculturas: Valdo Correa
Cabeleira bruxólica: Clara Fernandes
Máscara: Jandira Lorenz
Piso cenográfico: Mariela Gentile
Figurino: Fassone
Concepção de luz: Ojeda-Fassone
Músicas: Villa-Lobos e Dario Barozzi
Edição musical: Hugo De Bernardi
Identidade visual: Alessandro Silveira e Luiza Lorenz
Designer gráfico: Alessandro Silveira
Fotografia: Diogo Andrade
Video: Mechele Diniz
Produção artística: Cia Aérea de Teatro
Produção executiva: Cia Aérea de Teatro
Coprodução: Periplo, Cia Teatral
Espaço de prova: El Astrolabio Teatro, Buenos Aires
Colaboração geral: Periplo, Compañía Teatral

Fonte: Calendário Floripa

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