Por Ana Carolina Peplau Madeira, de Florianópolis, para Desacato.info.
Imagine a cena: você acabou de entrar num restaurante e pede o cardápio. O garçom lhe entrega uma conta que é equivalente à metade do seu salário. Qual a sua reação? Naturalmente, diz que não é sua, pois acabou de chegar. Diante da insistência, verifica os valores, o motivo da cobrança, o que foi gasto, onde, como, discute juros, correção.
Seria óbvio se não fosse dinheiro público nas mãos de governantes. Quase metade do orçamento federal é usado no pagamento de juros e amortizações da dívida pública. E todo ano eleitoral, vem um candidato falar que vai investir em saúde, educação, segurança, transporte, cultura, trabalho, saneamento básico, entre outros. Mas ninguém consegue. Não apenas pela corrupção, mas porque o dinheiro é destinado à dívida. Não sobra para outros setores.
Para piorar o cenário, ainda tem o Ajuste Fiscal, que nada mais é que uma forma legalizada de reduzir custos com saúde, educação, entre outros. Para conscientizar a população, na tarde de ontem, 16/02, integrantes do Núcleo Catarinense da Auditoria Cidadã da Dívida distribuíram cerca de 500 cartilhas, no centro de Florianópolis.
O evento já havia sido adiado pelo mau tempo e bem na hora marcada, 16h30, despencou mais chuva. Mesmo assim, foram para a frente do Terminal de Integração do Centro (TICEN) e para o camelódromo para informar as pessoas. Já na última reunião do núcleo, dia 13, no Sindprevs, foram definidas outras linhas de ação para os próximos dias. A próxima reunião do NC da ACD acontece no dia 12 de março, às 14h, no Sindprevs/SC.
Dentro dos assuntos abordados pelo grupo estão também os dados catarinenses, como a venda do Besc e do Badesc, que estão sendo analisadas tecnicamente. Outro tema relevante é o veto presidencial à auditoria e a tentativa de proibir que dados sobre dívida pública sejam divulgados.
O matemático Gilberto Ferreira comenta que o governador de Santa Catarina pretende reduzir a zero os valores devidos do estado, mas que, “precisa saber o motivo de zerar, se não é para fazer outras dívidas. Além disso, não adianta mudar o indexador: precisa mudar a forma de usar o indexador”.
