Campanha do BDS solicita a fábrica mexicana Cemex que se retire da Palestina

Por Ana Rosa Moreno, Puebla, México, para Desacato.info.  

Tradução: Elissandro dos Santos Santana.

(Port./Esp.)

Edição do BDS México.

No dia 9 de julho, foi lançada na América Latina a campanha #StopCemex direcionada à maior empresa mexicana transnacional da região.  Por que Cemex? Porque a empresa de cimento se transformou em cúmplice da ocupação e do apartheid israelense quando paga rendas e permissões ao governo de Israel para a exploração e transporte de materiais de construção das pedreiras na Cisjordânia (território palestino ocupado por Israel), além de fornecer seus produtos ao mercado naquele país para a construção do muro do apartheid, dos postos de controle militares e das colônias ilegais.

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Esta não é a primeira vez que fica exposta a cumplicidade da Cemex para com o regime israelense. Em maio de 2011, a The Electronic Intifada documentou, por meio de vídeo, a extração e o transporte ilegal de materiais de construção desde as pedreiras de Yatir e de Nahal Raba na Cisjordânia ocupada por Israel.

Naquele mesmo ano, em junho, a companhia seguradora norueguesa Kommunal Landspensjonskasse (KLP) resolveu excluir de sua lista de investimentos a Cemex e, também, publicou um relatório ao qual teve acesso a revista mexicana “Processo”. Nele foi sinalizado que a “Cemex explora recursos em territórios palestinos ocupados por Israel, produzindo cimento e betão utilizado na construção de assentamentos judeus, paredes e postos de vigilância e o fato de que a Cemex dê trabalho a palestinos nessas pedreiras não é suficiente para dizer que a companhia está explorando recursos de uma maneira que favorece a população local. Dos benefícios obtidos, a Cemex está pagando impostos às autoridades israelenses e a produção se usa majoritariamente no mercado local israelense”.

A seguradora KLP não duvidou em mostrar como a empresa Cemex contribuiu para a manutenção da ocupação e do apartheid nos Territórios Palestinos Ocupados e que, ademais, os recursos extraídos das pedreiras palestinas da Cisjordânia não se destinam à população local, mas à indústria israelense. Um exemplo disso é o posto de controle militar Hawara que é um importante ponto de controle das Forças de Defesa de Israel em uma das quatro saídas principais de Nablus e se localiza ao sul da cidade. Este posto foi construído com cimento da companhia Israel ReadyMix Industries, filial da Cemex, e dificulta o livre trânsito dos automóveis palestinos. Práticas como estas contribuem para o prolongamento do conflito.

Outro exemplo importante é a construção do muro do apartheid que dificulta o movimento, isola e divide as pessoas e gerou a perda de terras de cultivo, dificultando o acesso à assistência médica em Israel e prejudicando a economia e a demografia da Palestina. A Assembleia Geral das Nações Unidas, em 2013, e a Corte Internacional de Justiça (CJI) de Haia, em 9 de julho de 2004, decidiram que a construção do muro israelense na Cisjordânia é ilegal, porque constitui uma violação das obrigações de Israel em virtude da lei humanitária internacional.

Em agosto, a Business & Human Rights Resource Centre, em Londres, publicou um artigo e convidou a Cemex e a Heidleberg Cement a responderem por suas operações na área C na Cisjordânia, sob controle militar e civil de Israel. A CEMEX argumentou que “os assentamentos aprovados pelo governo de Israel estão em consonância com a Lei porque estão em áreas delimitadas no acordo interino entre Israel e a Autoridade Palestina sob o controle e a responsabilidade de Israel, até que as duas partes cheguem a um acordo permanente e que somente pode se considerar ilegal se os assentamentos não são aprovados por Israel”. Entretanto, a Cisjordânia não é Israel e este ignora a posição da comunidade internacional que estabelece que “os assentamentos do governo de Israel são incompatíveis com a obrigação do Estado de Israel sob o Artigo 49, parágrafo 6, do Quarto Convênio de Genebra, de não trasladar uma parte de sua população civil para os Territórios Ocupados da Palestina”

Adri Nierwhof, advogada especializada em Direitos Humanos e autora de numerosas análises acerca das atividades da Cemex, declarou que “o material de construção extraído é usado em benefício de Israel sem nenhuma autorização dos palestinos”.

A campanha #StopCemex que, atualmente em curso, coloca em dúvida mais uma vez as operações da Cemex com o país ocupante. Também não se pode esquecer que a empresa mexicana foi selecionada em 2014 para ser incluída no Pacto Mundial das Nações Unidas, cujos valores estão baseados no compromisso com a sustentabilidade e práticas de negócios responsáveis. Muito contraditório.

A Cemex já não mantém operações nas pedreiras palestinas, mas ainda possui, desde 2005, plantas de produção em pelo menos três colônias da Cisjordânia: Mevo Horon, Atarot e Mishor Edomim e, fazendo caso omisso em relação às demandas de 2011, segue vendendo seu cimento para a construção das colônias israelenses.

Uma carta escrita e apoiada por diversos grupos latino-americanos pró-palestinos com a  finalidade de boicote, retirada de investimentos e sanções a Israel, que possui o respaldo de 200 organizações de Direitos Humanos e personalidades da América Latina, Estados Unidos e Europa, solicita que a Cemex termine suas operações no país ocupante. Ademais, foram realizadas atividades para informar à população sobre a cumplicidade da empresa Cemex na manutenção da ocupação e no apartheid na Palestina.

De fato, #StopCemex é a primeira campanha do BDS com origem na América Latina. Grupos de adesão ao movimento do BDS de países como Argentina, Brasil, Chile, Colômbia, Costa Rica, México, República Dominicana, Peru e Uruguai somaram trabalho e esforço para o lançamento da campanha.

Na república mexicana, o município de Apaxco de Ocampo, no Estado do México, realizou, pela primeira vez, o foro informativo sobre incineração nesta localidade, no qual ocorreu o encontro dos membros da comunidade interessados em conhecer acerca da temática que envolve a Holcim como principal contaminadora do município. Foi aproveitada oportunidade para a divulgação da campanha #StopCemex.

Foto: Eber Martínez

Em Oaxaca, as atividades estiveram nas mãos do Observatório de Direitos Humanos dos Povos, que denunciou e rechaçou a construção dos muros tanto no México como na Palestina.

Em Puebla, o Movimento da BDS México realizou atividades em duas instituições acadêmicas para convidar as comunidades estudantis a se unirem à campanha, além de dar palestras sobre a Cemex e sua cumplicidade na violação dos Direitos Humanos na Palestina.

Direto do México, foi lançada uma petição para solicitar a Cemex que retire seus projetos da Palestina. Para ver a petição pública direcionada à Cemex e assinar como organização, basta acessar: http://bit.ly/2tpUsWn. Para assinar como pessoa física, clique em: http://bit.ly/2uaq5nH

Fotos: Ana Rosa Moreno

Na Colômbia também houve atividades graças à excelente organização do BDS Colômbia, com o apoio do Congresso dos Povos, do Partido Socialista dos Trabalhadores da Colômbia, Colectiva La TULPA e do BDS Colômbia, que compartilharam informação e decalques. Ademais, elaboraram uma faixa que será utilizada nas próximas ações de pressão à indústria de cimento Cemex para que saia dos negócios que possui no território palestino.

Por último, e não por isso menos importante, os amigos da Terra da América Latina e Caribe –ATALC – expressaram sua solidariedade para com o povo palestino a 50 anos da segunda ocupação por parte de Israel e seu projeto expansionista, além de seu apoio à campanha #StopCemex.

“Chamamos a atenção para a indústria de cimento latino-americana Cemex que opera ilegalmente no território palestino ocupado e obtém lucros a partir de uma arquitetura de colonização. A operação ilegal da corporação se dá através da filial Readymix com a qual a Cemex instalou projetos de produção em colônias israelenses ilegais na Cisjordânia ocupada. Consideramos que estas ações violam os direitos humanos do povo palestino, porque, além da operação no território ocupado ilegalmente, desconhecem e atentam contra o ditame da Corte Internacional de Justiça sobre o Muro, de 2004, que declarou a ilegalidade de qualquer assistência da comunidade internacional às violações israelenses ao Direito Internacional.” Para ler toda a carta, acesse http://atalc.org/2017/07/07/solidaridad-pueblo-palestino/

Várias organizações brasileiras também enviaram a sua adesão à campanha #StopCemex,  Desacato.info entre elas.

O futuro da campanha é incerta e ainda falta a resposta da Cemex, enquanto isso não ocorre, os movimentos afins ao BDS seguirão pressionando.

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Campaña del BDS pide a cementera mexicana que se retire de Palestina

Edición realizada por Movimiento BDS México

Por Ana Rosa Moreno, Puebla, México, para Desacato.info.  

El 9 de julio se lanzó desde Latinoamérica la campaña de #StopCemex dirigida a la empresa mexicana transnacional más grande de la región.  ¿Por qué Cemex? Porque la empresa cementera se ha convertido en cómplice de la ocupación y del apartheid Israelí al pagar ingresos y licencias a Tel Aviv para extraer y transportar materiales de construcción de las canteras dentro Cisjordania (territorio ocupado por Israel), además de proveer sus productos al mercado de ese país para la construcción del muro del apartheid, retenes militares y las colonias ilegales.

Esta no es la primera vez que se expone la complicidad de Cemex con el régimen ocupante israelí. En mayo del 2011 The Electronic Intifada documentó vía video la extracción y el transporte ilegal de materiales de construcción desde las canteras de Yatir y Nahal Raba en la Cisjordania ocupada hasta Israel.

Ese mismo año en junio, la  compañía aseguradora noruega Kommunal Landspensjonskasse (KLP) decidió excluir de su cartera de inversiones a Cemex  y además publicó un informe al cual tuvo acceso la revista mexicana Proceso. En él se señalaba que “Cemex explota recursos en territorios palestinos ocupados por Israel, produciendo cemento y hormigón que se utiliza en la construcción de asentamientos judíos, puestos de control militares y muros de seguridad y el hecho de que Cemex dé trabajo a palestinos en estas canteras no es suficiente para decir que la compañía está explotando recursos de una manera que favorece a la población local. De los beneficios obtenidos, Cemex paga impuestos a las autoridades israelíes y su producción se usa mayoritariamente en el mercado local israelí”.

La aseguradora KLP no dudó en mostrar cómo la empresa Cemex ha contribuido en el mantenimiento de ocupación y apartheid en los Territorios Ocupados y que, además, los recursos extraídos de las canteras palestinas de Cisjordania no se destinan a la población local, sino a la industria israelí. Un ejemplo de ello es el puesto de control militar Hawara, que es un importante punto de control de las Fuerzas de Defensa de Israel en una de las cuatro salidas principales de Nablus y se localiza al sur de la ciudad. Este puesto de control fue construido con cemento de la compañía Israel ReadyMix Industries, filial de Cemex, y obstaculiza el libre tránsito de los automóviles palestinos. Prácticas como estas  contribuyen a la prolongación del conflicto.

Otro ejemplo importante es la construcción del muro del apartheid que dificulta el movimiento, aísla y divide a los pueblos, ha ocasionado la pérdida de tierras de cultivo, obstaculiza el acceso a la atención médica en Israel y daña la economía y la demografía de Palestina. La Asamblea General de Naciones Unidas en el 2013 y la Corte Internacional de Justicia (CJI) de la Haya, el 9 de julio de 2004, dictaminaron que la construcción del muro israelí en Cisjordania es ilegal, porque constituye un incumplimiento de las obligaciones contraídas por Israel en virtud del derecho internacional humanitario.

En agosto, el Business & Human Rights Resource Centre en Londres publicó un artículo e invitó a Cemex y a Heidelberg Cement a responder por sus operaciones en el área C en Cisjordania, bajo control militar y civil de Israel. Cemex argumentó que “los asentamientos aprobados por el gobierno de Israel son acordes a la ley porque están en áreas delimitadas en el acuerdo interino entre Israel y la Autoridad Palestina bajo el control y la responsabilidad de Israel hasta que las dos partes lleguen a un acuerdo permanente y que solo puede considerarse ilegal si los asentamientos no son aprobados por Israel”. Sin embargo, Cisjordania no es Israel e ignora la posición de la comunidad internacional que establece que “los asentamientos del gobierno de Israel son incompatibles con la obligación del Estado de Israel bajo el Artículo 49, párrafo 6, del Cuarto Convenio de Ginebra, de no trasladar una parte de su población civil a los Territorios Ocupados de Palestina”.

Declara Adri Nierwhof, abogada especializada en derechos humanos y autora de numerosos análisis sobre las actividades de Cemex, que “el material de construcción extraído es usado en beneficio de Israel sin ningún permiso de los palestinos”

La campaña #StopCemex, que actualmente se lleva, pone en duda una vez más las operaciones de Cemex con el país ocupante. No hay que olvidar que la empresa mexicana fue seleccionada en el 2014 para ser incluida en el Pacto Mundial de Naciones Unidas, cuyos valores están basados en el compromiso con la sostenibilidad y prácticas de negocio responsables. Muy contradictorio.

Cemex ya no mantiene operaciones en las canteras palestinas, pero aún tiene desde el 2005 plantas de producción en al menos tres colonias de Cisjordania: Mevo Horon, Atarot y Mishor Edomim y, haciendo caso omiso a las demandas del 2011, sigue vendiendo su cemento para la construcción de las colonias Israelíes.

Una carta escrita y apoyada por diversos grupos latinoamericanos propalestinos afines al movimiento de Boicot, Desinversión y Sanciones a Israel (BDS), con el respaldo de 200 organizaciones de Derechos Humanos y personalidades de América Latina, Estados Unidos y Europa, pide a Cemex que termine sus operaciones con el país ocupante. También se han realizado actividades para informar a la población sobre la complicidad de la empresa Cemex con el mantenimiento de la ocupación y el apartheid en Palestina. De hecho, #StopCemex es la primera campaña de BDS salida de América Latina.

En la república mexicana, el municipio de Apaxco de Ocampo en el estado de México, realizó por primera vez el foro informativo sobre incineración en esta localidad, donde se dieron cita habitantes de la comunidad interesados en conocer sobre la temática que envuelve a Holcim como principal contaminante del municipio y aprovecharon el encuentro para dar a conocer la campaña #StopCemex.

Foto: Eber Martínez

En Oaxaca las actividades estuvieron de la mano del Observatorio de Derechos Humanos de los Pueblos, el cual denuncia y rechaza la construcción de los muros, tanto en México como en Palestina.

En Puebla, el Movimiento de BDS México realizó actividades en dos instituciones académicas para invitar a las comunidades estudiantiles a unirse a la campaña, además de dar charlas sobre Cemex y su complicidad con la violación de Derechos Humanos en Palestina.

Desde México se lanzó una petición para pedirle a Cemex que se retire sus plantas de Palestina. Para ver la carta pública a Cemex y firmar como organización aquí http://bit.ly/2tpUsWn. Para firmar como individuo aquí http://bit.ly/2uaq5nH

Fotos: Ana Rosa Moreno

En Colombia también se llevaron a cabo actividades, gracias a la excelente organización de BDS Colombia, con el apoyo del Congreso de los Pueblos, el Partido Socialista de los Trabajadores de Colombia, Colectiva La TULPA y el BDS Colombia, quienes repartieron información y calcomanías. También elaboraron un mural que se utilizará en las próximas acciones de presión a la cementera Cemex para que se retire de los negocios que tiene en el territorio palestino.

Por último y no por ello menos importante, los Amigos de la Tierra de América Latina y el Caribe -ATALC- expresaron su solidaridad con el pueblo palestino a 50 años de la segunda ocupación por parte de Israel y su proyecto expansionista además de su apoyo a la campaña #StopCemex.

“Llamamos la atención sobre la cementera latinoamericana Cemex que opera ilegalmente en el territorio palestino ocupado y obtiene ganancias a través de una arquitectura de colonización. La operación ilegal de la corporación se da a través de la filial Readymix con la que Cemex ha instalado plantas de producción en colonias israelíes ilegales en la Cisjordania ocupada. Consideramos que estas acciones violan los derechos humanos del pueblo palestino, porque además de su operativa en territorio ocupado ilegalmente, desconocen y atentan contra el dictamen de la Corte Internacional de Justicia sobre el Muro, del año 2004, que declaró la ilegalidad de cualquier asistencia de la comunidad internacional a las violaciones israelíes al Derecho Internacional.” Para leer la carta completa pulse aquí … http://atalc.org/2017/07/07/solidaridad-pueblo-palestino/.

Varias organizaciones brasileñas también han enviado su adhesión a la campaña #StopCemex, Desacato.info entre elas.

El futuro de la campaña es incierto. Aún falta la respuesta de Cemex, pero mientras eso pasa los movimientos afines al BDS seguirán presionando.

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