Burguesia decadente é tema de filme em festival de cinema

foto_mat_42845Por Gérson Trajano.

São Paulo – Uma família burguesa falida, de estilo aristocrático, moradora de um bairro nobre de São Paulo, é o mote do primeiro longa-metragem de Mauro Baptista Vedia, uruguaio naturalizado brasileiro. Com o título de “Jardim Europa”, o filme foi exibido no CineSesc, no 8º Festlatino – Festival de Cinema Latino-americano de São Paulo.

Eleonora (Cinthia Zaccariotto) e seus três filhos, Luiz Felipe (Silvio Restiffe), Ana Luiza (Fernanda Catani) e Mariana (Helena Figueira), moram em um palacete no bairro Jardim Europa. Mesmo com a falta de dinheiro e com as relações familiares corroídas eles se negam a deixar o lugar. Nenhum deles trabalha e vivem do aluguel de um outro imóvel.

As duas primeiras cenas retratam bem o tema da história. Reunidos na sala central da mansão, mãe e filhos discutem como pagar o IPTU (Imposto Predial e Territorial Urbano) e outras despesas da casa. Mariana diz que não sabe nem o que significa IPTU, e Ana Luiza pergunta ao irmão o que ele quer que ela faça. Já Eleonora, absorta, brinca com um vazo sobre a mesa. Na cena seguinte, ela e as duas filhas estão literalmente de papo pro ar, tomando sol no jardim, quando começam a rir da situação. O ócio é o ideal da aristocracia.

A relação fica mais conturbada com a volta do patriarca Alberto (Horácio Penteado), que deixou a família e saiu pelo mundo gastando o capital acumulado, em cassinos e jogos de cartas. Mas não haveria crise com o seu retorno se ele voltasse com dinheiro no bolso.

O filme ainda apresenta Juarez (Laerte Mello), professor aposentado, dono de um sebo no bairro de Pinheiros. Ele tem atração não revelada por Eleonora, vive fugindo de sua irmã Janice (Ester Laccava), uma mulher neurótica, e acaba de contratar Osmar Pompolini (Marcos Cesana), um sujeito engrado, morador em um bairro pobre da cidade.

Segundo o diretor, Jardim Europa é uma projeção de personagens e de atores, com uma influência direta dos cineastas Mike Leigh (Segredos e Mentiras) e John Cassavetes (Sombras). “É um mosaico coral de oito figuras da nossa sociedade”, diz Vedia.

Jardim Europa foi filmado em quatro semanas depois de 10 meses de processo de criação com os atores. A filmagem foi realizada sem roteiro acabado e a produção foi em sistema de cooperativa. O projeto foi iniciado em 2004 e ganhou o edital de Finalização da Prefeitura de São Paulo, o que possibilitou a sua conclusão. O filme estreia no circuito comercial no primeiro semestre de 2014.

Fonte: Carta Maior

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