Brasil ultrapassa 260 mil mortos, em mais um dia de alta letalidade da covid-19

Foram 1.699 mortos por covid nas últimas 24 horas no Brasil. País piora a cada dia, em seu pior momento do surto desde março passado. Bolsonaro despreza

Foto: Niaid

O Brasil tem mais um dia com número elevado de mortos pela covid-19. Nas últimas 24 horas foram registradas 1.699 vítimas. Com isso, o país ultrapassa a marca de 260 mil mortos; foram 260.970 desde o início da pandemia, em março. Já o número de novos casos teve registro de 75.102, um dos três dias com mais infectados no ano. Já são 10.793.732 brasileiros que foram infectados pelo coronavírus.

Números da covid-19 no Brasil. Fonte: Conass
Com os acréscimos, o Brasil tem as maiores médias móveis, calculadas em sete dias, de novos casos diários e mortes. As curvas epidemiológicas revelam a rápida aceleração do surto de covid-19 no Brasil. Hoje, o país é o epicentro da pandemia no mundo. Nas últimas 24 horas o mundo registrou 7.872 mortos pelo vírus, sendo 1.699 no Brasil. Os dados são do Conselho Nacional dos Secretários de Saúde (Conass).
Curvas epidemiológicas médias de casos e mortos revela forte ascensão do surto de covid-19 no Brasil. Fonte: Conass

Desumano

Enquanto o Brasil vive o pior momento da pandemia no mundo, Bolsonaro segue com sua postura desumana em relação às vítimas. Em aglomeração promovida pelo presidente em Goiás, ele disse hoje (4) sobre as mais de 260 mil famílias de luto por seus mortos: “Chega de frescura e mimimi. Vão ficar chorando até quando?”.

Já sobre a necessidade de o país de ampliar a vacinação, já que o processo de imunização é lento e conduzido de forma desastrosa e sem coordenação eficaz pelo governo federal, ele disse: “Tem idiota que a gente vê nas redes sociais, na imprensa, ‘vai comprar vacina’. Só se for na casa da tua mãe”.

Pior exemplo

O mundo vive há mais de seis semanas tendência de queda nos casos e mortes por covid-19. Na última semana, enquanto o mundo reduziu em 6% o contágio, o Brasil viu subir mais de 10%. De norte a sul, cidades enfrentam a pressão nos sistemas de Saúde e funerário. Todo o país está, ou à beira do colapso, com falta de leitos, ou já chegou neste ponto. Também há relatos de falta mesmo de covas para enterrar os mortos em cidades como Porto Velho e Porto Alegre.

A Organização Pan-Americana para a Saúde, órgão da Organização Mundial da Saúde (OMS), reconheceu o Brasil como um caso especialmente problemático em relação ao coronavírus. Isso também se revela no fato de que hoje, o Brasil é o país do mundo com maior número de nações com bloqueio para a visita de brasileiros. Na prática, o mundo está completamente fechado para brasileiros, já que o país se tornou um risco para o mundo ao deixar o vírus circular livremente. A disseminação descontrolada do vírus é também responsável pelo surgimento da variante de Manaus da covid-19, a chamada cepa P1, que é mais contagiosa e agressiva.

Isolamento

“Os cenários diversos vistos nas Américas nos lembra de como a complacência com o vírus pode ser mortal”, disse a diretora do órgão da OMS, Clarissa Etienne. “No norte do Brasil mais de 94% de leitos de UTI ocupados e o sistema de saúde em risco de colapso enquanto mais e mais pacientes precisam de atendimento. Outros estados também reportam altas taxas de ocupação em UTIs, o que coloca o país todo em alerta”, completou.

Clarissa reafirma a necessidade de ações para conter a disseminação do vírus, como o isolamento social tão atacado por Bolsonaro. “Sem medidas efetivas de controle, em duas semanas, as taxas de infecções e hospitalizações podem subir drasticamente. Precisamos monitorar de perto e também prepara o sistema de Saúde para estes momentos do vírus.”

Imunização

A OMS também estuda formas de auxiliar países como o Brasil a terem mais acesso à vacinas. Como Bolsonaro não organizou um programa de vacinação em tempo hábil, hoje o país sofre com a falta de contratos com as farmacêuticas. Ao contrário, Bolsonaro chegou a dizer que determinada vacina provocaria “morte, invalidez e anomalia”, além de dizer que não compraria de qualquer forma. A pressão da realidade se impôs e o governo passou a comprar vacinas, mesmo contra a vontade de Bolsonaro. Entretanto, em velocidade aquém do ideal.

Até o momento, 9,3 milhões de doses foram aplicadas nos brasileiros, sendo a ampla maioria da CoronaVac. A CoronaVac foi desenvolvida pelo Instituto Butantan, em São Paulo, em parceria com a farmacêutica estatal chinesa Sinovac.

Bastou isso para o presidente se opor ao imunizante. Ele chegou a dizer que “não compraria” a vacina. Quando o ministério da Saúde passou a negociar a aquisição do imunizante, Bolsonaro disse que “mandou cancelar” as negociações. “A da China nós não compraremos, é decisão minha. Eu não acredito que ela transmita segurança suficiente para a população”, disse, em outubro do ano passado.

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