Brasil tem fim de ano com covid em forte alta, mas sem plano de enfrentamento

Aglomerações em festas de Natal e réveillon devem acentuar cenário, que vem piorando há mais de mês

Foto: niaid

Por Nara Lacerda.

Na semana em que o total de contaminados pelo novo coronavírus no Brasil superou a marca de 7 milhões de pessoas, o país viu se consolidar a aceleração no crescimento de novos doentes. Desde o início de novembro, os números de infectados sobem sem intervalo. Os óbitos seguem a mesma tendência desde 15/11. Agora, os dados diários se assemelham aos registrados no pior momento da pandemia.

A soma de todas as pessoas que pegaram a covid-19 no Brasil desde o primeiro caso alcançou a 6,9 milhões no domingo (13). Um dia antes, o Conselho Nacional de Secretários de Saúde (Conass) divulgou as informações consolidadas da semana anterior. O Brasil havia voltado a registrar mais de 300 mil novos pacientes em sete dias, o que só havia acontecido no pior momento da propagação, em julho.

Foi em meio ao período em que esse patamar se consolidou que o presidente de República, Jair Bolsonaro, inaugurou uma ponte em Porto Alegre e disse que pandemia estava no “finalzinho”. No evento, na quarta-feira (10), ele afirmou que o Brasil foi um dos que se saiu melhor “no tocante à economia”. Uma semana depois, na quinta-feira (17), o Banco Central divulgou que a queda no Produto Interno Bruto em 2021 deve ser de 4,5%.

No dia anterior, quarta-feira (16), o país confirmava 7.040.608 casos de covid-19 desde o primeiro registro em fevereiro. Também na quarta-feira, forma registrados 70.574 confirmações da doença, recorde para 24 horas. A demora entre as marcas de 5 e 6 milhões foi de 45 dias. Para alcançar os sete milhões foram necessários apenas 26 dias.

Em participação no podcast A Covid-19 na Semana, a médica de família e comunidade Nathalia Neiva dos Santos, da Rede Nacional de Médicas e Médicos Populares, afirma que, nos próximos meses, o Brasil vai colher resultados do baixo isolamento e da falta de um planejamento unificado para conter a pandemia.

“Vai ter uma tendência de aumento nos casos, já que nós estamos em um momento maior de circulação nesse final de ano e, provavelmente, em janeiro, com as férias”, explica a média. “A gente não assumiu, desde um princípio, um plano de enfrentamento ao coronavírus. Nós vamos terminar a pandemia batendo nessa mesma tecla: não há plano de enfrentamento”, ressalta Nathalia.

Ela ainda faz um alerta, “A gente não assumiu as orientações da OMS, no sentido de testagem em massa, de isolamento dos sintomáticos respiratórios, de aumento e incentivo do isolamento social. Os profissionais de saúde se reconhecem muito nisso, a gente testa, diagnostica, interna, mas a família e os vizinhos ficam todos desprotegidos. A gente está colocando realmente esse vírus para circular”.

Na quinta-feira (17), a soma de mortes confirmadas chegou a 1.091. As confirmações em 24 horas não atingiam esse patamar há mais de dois meses. A média móvel de infectados – soma dos casos dos últimos sete dias, dividida por sete – alcançou recorde histórico no mesmo dia. O resultado do cálculo chegou a 46.948, maior registro desde o início da propagação no Brasil.

“O seguro mesmo é não confraternizar”, diz infectologista sobre festas de fim de ano

O país encerra a penúltima semana do ano em um cenário de descontrole. Os registros de mortes e de contaminados pela covid-19 confirmados até a sexta-feira (18) já estavam acima de que foi notificado durante todo o mês de novembro. Na ocasião, foram relatados cerca de 12.600 casos fatais. Este mês já são mais de 13 mil óbitos.

DEIXE UMA RESPOSTA

Please enter your comment!
Please enter your name here

Esse site utiliza o Akismet para reduzir spam. Aprenda como seus dados de comentários são processados.