Bolsonaro segue ataques e transfere mais 7 órgãos de cultura para o Turismo, incluindo Ancine

Após nomear Roberto Alvim, diretor de teatro de extrema direita, para secretaria de cultura, Bolsonaro continua com seus ataques a essa área. Decreto presidencial publicado nesta sexta-feira, 8, no Diário Oficial da União (DOU) torna vinculados ao Turismo a Ancine, o Iphan, o Ibram, a Fundação Biblioteca Nacional, a Fundação Casa de Rui Barbosa, a Fundação Cultural Palmares e a Funarte.

Imagem: Reprodução

O governo federal decidiu colocar na estrutura do Ministério do Turismo sete órgãos da área de cultura que estavam sob o comando do Ministério da Cidadania, de Osmar Terra. Decreto presidencial publicado nesta sexta-feira, 8, no Diário Oficial da União (DOU) torna vinculados ao Turismo a Agência Nacional do Cinema (Ancine), o Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan), o Instituto Brasileiro de Museus (Ibram), a Fundação Biblioteca Nacional, a Fundação Casa de Rui Barbosa, a Fundação Cultural Palmares e a Fundação Nacional de Artes (Funarte).

A mudança ocorre um dia depois de o governo transferir a Secretaria Especial da Cultura do Ministério da Cidadania para o Ministério do Turismo, liderado pelo ministro Marcelo Álvaro Antônio. Pelo decreto de ontem, também foram para o Turismo o Conselho Nacional de Política Cultural, a Comissão Nacional de Incentivo à Cultura, a Comissão do Fundo Nacional de Cultura e seis Secretarias.

Com a decisão de Bolsonaro, a pasta de Álvaro Antonio passar a cuidar da política nacional de cultura; da proteção do patrimônio histórico, artístico e cultural; da regulação dos direitos autorais, assistência ao Ministério da Agricultura e ao Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária nas ações de regularização fundiária, para garantir a preservação da identidade cultural dos remanescentes das comunidades dos quilombos; do desenvolvimento e implementação de políticas e ações de acessibilidade cultural; e da formulação e implementação de políticas, programas e ações para o desenvolvimento do setor museal.

Também ontem, o governo nomeou o dramaturgo de extrema direita Roberto Alvim para o comando da Secretaria Especial da Cultura. Alvim, que já declarou sua intenção de fazer do órgão uma máquina de propaganda da extrema-direita, estava à frente do Centro das Artes Cênicas (Ceacen) da Funarte e assume o novo cargo no lugar do economista Ricardo Braga, remanejado para uma secretaria do Ministério da Educação.

Em sua live semanal no Facebook, Bolsonaro disse ontem que o novo secretário tem “carta branca” para formar sua equipe com “pessoas adequadas”. “Roberto Alvim tem carta branca para com que as pessoas adequadas integrem a Secretaria de Cultura daqui para frente”, disse.

Sobre a transferência da área para o Turismo, Bolsonaro comentou na Live que Osmar Terra vinha dizendo que sua pasta estava “sobrecarregada”.

Ainda ontem, na entrada do Palácio da Alvorada, Bolsonaro já havia dito que o dramaturgo ganhará “porteira fechada”, expressão usada para dizer que o gestor tem total liberdade para compor sua equipe e uma forma de definir que ele chega ao cargo com prestígio.

Questionado sobre a mudança na área, Bolsonaro afirmou: “Está na mão de um tal de Roberto Alvim. Porteira fechada para ele”, disse, para depois completar com ironia: “A classe artística deve ficar feliz. Lei Rouanet, vem muita coisa boa por aí.”

No fim de setembro, Alvim atacou com ofensas a atriz Fernanda Montenegro. Alvim chamou Fernanda de “mentirosa” e “sórdida” em uma postagem no Facebook, o que provocou a reação da classe artística em defesa da atriz.

Como vimos com os ataques seguidos à Ancine, os cortes de sua verba , a censura escancarada que vem ocorrendo a filmes, editais, peças de teatro etc, o projeto bolsonarista é fazer um pente fino na cultura e deixar apenas aquilo que interesse a seus fins. Alvim, como soldadinho de chumbo do bolsonarismo, terá agora a chance de demonstrar se está à altura de servir os desígnios do capitão.

 

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